Do que se falou e o que se leu no SXSW
De Inteligência Artificial (IA) generativa e ChatGPT a criatividade, carros voadores, mudanças climáticas e inovação disruptiva com futuro do trabalho. Confira a nossa seleção com alguns dos principais tópicos discutidos no maior evento de inovação e tecnologia do mundo.
A Inteligência Artificial tem sido uma das grandes estrelas do South by Southwest (SXSW) nos últimos anos. Mas, em 2023, o tema ganhou atenção especial, principalmente com a popularização do ChatGPT. O robô gerador de textos virou uma obsessão global e tem pautado as conversas sobre tecnologia, economia, sociedade e o futuro da própria IA. Por isso, um dos painéis mais esperados da edição foi o do Greg Brockman, co-fundador e presidente da OpenAI, entrevistado pela jornalista Laurie Segall. Brockman falou sobre o potencial da IA de mudar o mundo para melhor, mas também admitiu que a tecnologia pode ser perigosa se não for desenvolvida com cuidado.
A futurista Amy Webb, como visto ali em cima, não compartilha dessa visão “otimista e realista” do CEO da OpenAI. A presidente do instituto Future Today levantou uma lista de preocupações enquanto falava das principais tendências para o futuro e anunciava “o fim da internet” como conhecemos. Algumas delas são a concentração de poder das big techs, os vieses da IA generativa, técnica por trás de ferramentas como ChatGPT, e o dilema ético dessa tecnologia. Essas e outras questões também estão no relatório Tech Trends Report do Future Today, que traz as maiores tendências de tecnologia para 2023 e para o futuro. O estudo cita também a IA generativa como uma tecnologia que estará presente em um número ainda maior de aplicações em diversas áreas, como saúde, legislação e finanças. Vale também ficar de olho nas previsões sobre computação quântica e 6G, metaverso e Web3. E já que o assunto é IA, esse outro estudo foca nas tendências para 2023.
O futuro da mobilidade também continua relevante no SXSW, com empresas do setor trazendo novidades. Nesta edição, os participantes se depararam de cara com o modelo do que, em alguns anos, serão os carros voadores da Eve, subsidiária brasileira da Embraer que desenvolve eVTOLs (aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical). A empresa apresentou o interior da cabine para mostrar como as pessoas serão transportadas no futuro. A cabine com interior em azul tem capacidade para levar cinco pessoas, o piloto e mais quatro ocupantes. O visual e outros detalhes você pode conferir neste vídeo. Os primeiros eVTOLs da Eve estarão prontos para decolar em 2026. E também teve Kyle Vogt, CEO da Cruise, unidade autônoma da GM, anunciando o lançamento do robô-táxi Origin.
No SXSW também é possível ver como criatividade, tecnologia e entretenimento podem ser combinados como o objetivo de transformar os negócios e até a nossa visão de mundo. O chairman da divisão de parques da Disney, Josh D’Amaro, sabe bem disso. O executivo falou sobre o processo de unir hospitalidade, criatividade e imaginação para criar experiências memoráveis aos visitantes. Dos personagens autênticos, passando por música e efeitos visuais para criar uma experiência envolvente: isso é a ciência da felicidade. Teve também Brooke Hopper, Lead Designer na Adobe, com foco em IA e machine learning. Ele abordou o impacto da evolução tecnológica na criatividade ao explorar o uso da IA generativa e as possibilidades (e desafios) do uso de determinadas ferramentas no processo criativo.
Mudanças climáticas, consumo e sustentabilidade também foram destaque. Ryan Gellert, CEO da Patagonia, falou sobre responsabilidade social, ESG e o compromisso do fundador de doar a empresa para combater mudanças climáticas. Recentemente, a companhia anunciou que 100% do lucro da empresa seria gerenciado por uma fundação voltada para ações ambientais. No painel, Gellert disse que o principal acionista da companhia passou a ser o planeta. Já o painel Climate Crisis vs. Consumer Culture: How We Shift abordou temas como consumo e ESG e a chamada “climate anxiety” (ansiedade climática), mais presente ainda na Geração Z.
Entre o boom do metaverso e as derrapadas da Meta em colocar a tecnologia no ar, muitos têm se perguntado se os mundos virtuais realmente vão vingar. Philip Rosedale, criador do game virtual Second Life, considerado um predecessor do metaverso, falou sobre o futuro do metaverso. O que falta para que ele se torne realmente parte das nossas vidas? Segundo ele, tudo isso também passa pela ética e a regulação.
E quando falamos sobre o futuro do trabalho, pensamos em robôs e Realidade Virtual (RV). Mas ainda no presente podemos já sentir os impactos que inovações disruptivas como ChatGPT e veículos autônomos têm nos empregos e nas pessoas — sem falar em contextos socioeconômicos, como a pandemia, a inflação, a recessão. Em Austin, Chris Hyams, CEO do Indeed, disse que a “tecnologia, no longo prazo, cria mais empregos”. No entanto, não é possível ignorar os riscos. Hyams comparou a criação de IAs auxiliares e generativas a nada menos que a criação da bomba atômica.