Lula indica Messias ao STF e irrita Alcolumbre
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Nem afago ao Congresso, nem reverência à militância. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva formalizou nesta quinta-feira a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso. Messias era desde o início o favorito do presidente, que, em seu terceiro mandato, estabeleceu a lealdade pessoal como critério mais importante. Mas havia a expectativa de movimentos sociais pela indicação de uma mulher, de preferência não-branca, já que Cármen Lúcia é hoje a única representante feminina no Supremo. A pressão maior, porém, vinha do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que queria a vaga para seu antecessor Rodrigo Pacheco (PSD-MG). E ele não gostou. Como conta Daniela Lima, Alcolumbre, que está no Amapá, desligou o celular após dizer a aliados que não foi consultado por Lula e que se declarava rompido com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). (UOL)
O rompimento teve consequências rapidamente. Alcolumbre anunciou que levará a votação na próxima semana no Plenário do Senado um projeto que regulamenta a aposentadoria especial dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias. Se aprovada, a proposta provocará um impacto sobre as contas públicas estimado entre R$ 20 bilhões e R$ 200 bilhões nos próximos anos. (Folha)
E a irritação com a indicação de Messias não se limita ao Senado, a quem caberá aprová-lo, e aos movimentos sociais. Pelo menos três ministros influentes do STF — Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Flávio Dino, também indicado por Lula — estavam igualmente em campanha por Pacheco. Já André Mendonça, evangélico como Messias, elogiou a escolha. (Folha)
Com 45 anos, o pernambucano Jorge Messias é funcionário de carreira da AGU, onde começou como procurador da Fazenda Nacional, tendo atuado ainda no Banco Central e no BNDES. Ficou conhecido em 2016, ano em que era subchefe para Assuntos Jurídicos (SAJ) do governo Dilma Rousseff, quando a então presidente disse que “Bessias” levaria a Lula o termo de posse, barrada pelo STF, dele como ministro da Casa Civil. Evangélico, aproximou-se de Lula durante a transição e assumiu a AGU logo após a posse do presidente, que gosta de seu estilo combativo à frente do órgão. (g1)
A indicação tem um olho na confiança entre Lula e Messias e outro no quadro eleitoral. Como conta Carolina Brígido, o presidente precisa ter seu próprio ministro “terrivelmente evangélico” no Supremo, como forma de se aproximar desse setor do eleitorado, ainda predominantemente bolsonarista. (Estadão)



























