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O Manifesto Hacker

Hackers foram pioneiros em testar formatos digitais para revistas. Suas edições eram distribuídas pelos BBSs em longos arquivos de texto. Lançada em 1984, a 2600 Magazine é até hoje editada por seu fundador, Eric Corley, que atendia pelo nome Emmanuel Goldstein. Uma figura mitológica no underground. Publicava artigos técnicos sobre sistemas de telefonia, ou a respeito de computadores de grande porte, notícias do mundo dos programadores e até receitas ou instruções que poderiam estar em qualquer manual anarquista. Já a Phrack teve sua primeira edição publicada em 1985 e, na 24a edição, em 1989, o homem que respondia pelo apelido Knight Lightning publicou uma cópia do manual de operação dos sistemas de telefonia 911, usado para ligações de emergência. Ele o havia conseguido ao invadir o computado de uma companhia telefônica. Knight Lightning foi preso na mesma operação que levou Phiber Optik. Foi inocentado, pois a EFF conseguiu provar que uma versão mais detalhada do documento que diziam ser confidencial era vendido por US$ 13 pela Bellsouth para qualquer um que solicitasse.

Na sétima edição, a Phrack publicou um texto que talvez seja o que melhor explica a cabeça dos hackers de então.

A Consciência de um Hacker
por: The Mentor (1986)

Mais um foi pego hoje, está em todos os jornais. “Adolescente Preso em Escândalo de Crime de Computador”, “Hacker preso depois que o banco foi adulterado”. Malditos garotos. São todos iguais.

Você em sua psicologia barata e cérebro eletrônico dos anos 50 já parou para olhar por trás dos olhos de um hacker? Já parou pra pensar por que ele age assim? Que forças o moldaram?
Eu sou um hacker, entre em meu mundo…
Meu mundo começa na escola… Sou mais inteligente do que a maioria dos outros garotos, essas coisas que nos ensinam me entediam.
Maldito fracassado. São todos iguais.

Estou no segundo grau. Já ouvi mais de quinze vezes professores ensinando a reduzir uma fração. Eu sei como se faz. Não Sra. Smith, não escrevi minha solução, fiz o cálculo de cabeça.
Maldito garoto, certamente colou de alguém. São todos iguais.

Fiz uma descoberta hoje. Usei um computador. Peraí, isso é legal. Faz exatamente o que mando fazer. Se ele erra, é porque eu errei. Não porque ele não gosta de mim…
Ou porque se sente ameaçado por mim…
Ou acha que sou um espertinho…
Ou não gosta de ensinar, e não deveria estar aqui…
Maldito garoto. Tudo que faz é jogar videogame. São todo iguais.

Então aconteceu… Uma porta se abriu para um novo mundo. Pulsando pela linha telefônica como a heroína nas veias de um viciado, um pulso eletrônico é enviado, busco um refúgio das incompetências do dia a dia… Encontrei um BBS.

“É isso… Pertenço a esse mundo…”
Conheço todos aqui… Mesmo se nunca me encontrei com nenhum deles, nunca nem falei com eles, talvez nunca mais tenha notícias deles. Conheço todos vocês…
Maldito garoto, ocupando a linha telefônica de novo. São todos iguais.

Pode apostar que somos sim todos iguais. Vivíamos sendo alimentados com papinha de bebê na escola, quando queríamos filé… As migalhas que nos sobravam era mastigadas e sem gosto. Vivíamos dominados por sádicos ou ignorados pelos apáticos. Os poucos que se dignavam a nos ensinar encontravam ávidos pupilos, mas eram poucos, como gotas de água no deserto.

Esse é o nosso mundo agora… o mundo do elétron e do switch, a beleza do baud.Usamos seus serviços sem pagar, sabemos que eles deveriam ser muito mais baratos não fossem tocadas por especuladores glutões, e nós que somos os criminosos? Existimos sem cor de pele, sem nacionalidades, sem discriminação religiosa… e vocês nos chamam de criminosos? Vocês constroem bombas atômicas, fazem guerras, assassinam, traem, e mentem, e tentam nos fazer acreditar que é para o nosso próprio bem, e ainda assim, nós somos os criminosos.

Sim, sou um criminoso. Meu crime é o da curiosidade. Meu crime é o de julgar as pessoas pelo que elas falam e pensam, não pela aparência. Meu crime é o de ser mais inteligente que vocês, algo pelo qual vocês nunca irão me perdoar.

Sim, sou um hacker, e esse é meu manifesto Você pode deter a este indivíduo, mas não pode nos deter a todos…. afinal, somos todos iguais.

Foi a última geração de nerds que precisou invadir sistemas para ter acesso ao que hoje é a internet. Em 1993 a rede começou a se abrir e a geração seguinte, e criou algumas das mais valiosas empresas do mundo de hoje.

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