Em maio, ainda presidente, Dilma Rousseff reclamava que Eduardo Cunha não deixava o Congresso votar qualquer coisa de relevante desde a virada do ano. Nem Dilma, nem Cunha, seguem com seus mandatos. E só esta semana o Congresso Nacional começou a encarar votações importantes.
Na quarta mudou-se a regulamentação do pré-sal. A Petrobras não é mais obrigada a comprar um mínimo de 30% de cada campo por explorar. A esquerda reclama, a pauta da presença estatal no setor petroleiro lhe é cara desde os anos 1940. A alternativa era parar de explorar os poços. A Petrobras não tem dinheiro.
Ontem, a Proposta de Emenda à Constituição que estabelece um teto para os gastos públicos passou em comissão e deve ser votada na segunda-feira. A oposição diz que os gastos sociais serão congelados. Os mais moderados sugerem que pelo menos saúde e educação deveriam ser poupadas dos cortes, sob o risco de se gerar desigualdade. Os radicais não querem mexer em nada. O governo recuou, mantendo os gastos nas duas áreas intocados no ano que vem. De Washington, onde está, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou que esta será a única concessão.
O governo não tem motivos para ficar tranquilo. A base aliada cobra cargos e ameaça rebelião. Apesar disso, o Congresso promete votar, até o final do ano, as 10 Medidas Anticorrupção sugeridas pelo MP e uma reforma política.
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