No Rio, Crivella só não venceu na elite

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31 de outubro de 2016

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No Rio, Crivella só não venceu na elite

Na eleição carioca, Marcelo Crivella (PRB) começou em primeiro nas pesquisas e lá terminou. Conquistou pouco mais de 1,7 milhão de votos. O que chama a atenção, no Rio, é o número de abstenções. 1,31 milhão de cariocas sequer compareceu às urnas. Corresponde a quase 27% dos eleitores. Representam mais votos do que Marcelo Freixo (PSOL) recebeu, 1,16 milhão. Dos que votaram, mais de 20% escolheram ou branco, ou nulo.
 
Com base nos dados de boca de urna do Ibope, é possível fazer o corte demográfico (tabela). Marcelo Freixo (PSOL) só ganhou entre os eleitores com ensino superior completo, que representam 52% de seus votos, e os com renda familiar acima de cinco salários mínimos, 37% de seus eleitores. O prefeito eleito venceu tanto entre homens quanto mulheres, em todas as faixas etárias, e nos outros cortes de renda e escolaridade.
 
O eleitor de Freixo já tinha este perfil no primeiro turno. O desafio do socialista era crescer nos outros grupos. No segundo turno, aproximadamente 1,5 milhão de eleitores que escolheram outros candidatos dividiram-se entre os dois adversários. Em cálculos feitos pelo Meio a partir das duas bocas de urna do Ibope, destes votos que existiram para conquistar, Freixo não conseguiu abocanhar mais do que Crivella em nenhum dos cortes demográficos. O que mais chegou perto foi dentre as pessoas com 55 anos ou mais, que foram divididos metade a metade. Até nos grupos com perfil mais próximo de seus eleitores, Freixo conquistou menos. Crivella levou 57% dos votos novos dentre aqueles com ensino superior e 61% dos mais ricos. Mesmo na Zona Sul, o reduto eleitoral de Freixo, 57% dos votos novos foram para o senador.

Kalil vence João Leite num pleito que dividiu a elite de Belo Horizonte

Na capital mineira, Alexandre Kalil (PHS) virou o resultado do primeiro turno e bateu o aecista João Leite (PSDB). Teve 628 mil votos num pleito em que 439 mil eleitores não foram às urnas. O tucano recebeu 557 mil.
 
De acordo com a boca de urna do Ibope (tabela), Leite teve mais votos entre mulheres e entre aqueles com mais de 55 anos. Venceu também no corte mais rico dos belorizontinos, os com renda familiar superior a 5 salários. Mas não dá para afirmar que foi um candidato da elite. Kalil, afinal, teve uma vitória expressiva entre os eleitores com maior escolaridade, do ensino médio para cima. Assim como conquistou o eleitorado mais jovem.
 
(Na edição de terça-feira, o Meio analisará os resultados de Porto Alegre e Curitiba.)

Balanço geral

PSDB. É de longe o maior vencedor. Saiu de 695 prefeituras e 7,706 milhões de habitantes para 803 e, um bocado por causa de São Paulo, 13,629 milhões de pessoas. Dentro do partido, Aécio Neves sai derrotado ao perder a prefeitura de Belo Horizonte. Venceu noutras cidades mineiras, mas ficou sem a vitrine. Geraldo Alckmin, por outro lado, tem uma vitória marcante. Não só por ter levado a capital paulista no primeiro turno, mas também pela expansão tucana na região do ABC, de domínio petista. Santo André, São Bernardo e São Caetano foram para a conta do PSDB.
 
PMDB. Permanece o maior partido do país em número de prefeituras. Até aumentou em relação a 2012. Mas o aumento engana. Tinha 1.021 prefeituras mas governava 9,566 milhões de brasileiros. Foi para 1.038 municípios, porém passou a 8,144 milhões de pessoas. Ou seja, assumiu cidades menores. Além disto, suas principais lideranças tiveram derrotas importantes. O candidato de Renan Calheiros, em Maceió, perdeu. O de Sarney, em Macapá, também. O braço fluminense do partido sequer havia chegado ao segundo turno do Rio. Dos principais caciques, o único que fez a prefeitura foi Romero Jucá, na miúda Boa Vista (RR).
 
PT. Não há derrotado maior e simboliza, de forma mais ampla, uma diminuição geral dos partidos de esquerda (Estadão). A sigla disputava sete segundos turnos, perdeu todos. Em 2012, o partido havia ganho as eleições municipais em 638 cidades. Este ano foram 254. No Nordeste, que era um núcleo de força importante, só chegou ao segundo turno em uma capital, o Recife. E perdeu. Os ex-presidentes Lula e Dilma fizeram campanha tímida no primeiro turno, e sequer apareceram neste por conta da violenta rejeição. Lula e Dilma, aliás, nem votaram.

O Estadão oferece um infográfico para comparar o tamanho dos eleitorados de cada partido.
 

Curtas

A soma de abstenções, brancos e nulos ultrapassou os votos do vencedor no Rio, Belo Horizonte e Porto Alegre. (Globo)

Eleitor deixou clara sua preferência pela direita, em 2016. Com encolhimento do PT, esquerda não tem muito tempo para reagrupar forças com foco em 2018. (Folha)

José Roberto de Toledo: 54% dos brasileiros querem voto facultativo. (Estadão)

Kennedy Alencar: Rio é maior vitória do projeto de poder da Igreja Universal do Reino de Deus. (Blog do Kennedy)

Evangélicos miram o Judiciário. É pelo STF que passam muitas das decisões que impactam o comportamento. (Folha)

A estratégia vitoriosa de Marcelo Crivella. (Época)

Roberto Dutra: A esquerda não entende a nova classe trabalhadora brasileira. (El País)

Deltan Dallagnol e Orlando Martello: os procuradores da República responsáveis pela Lava Jato explicam a operação. (Folha)

A Itália viveu seu maior terremoto desde 1980. O epicentro foi na cidade de Nórcia, província de Perúgia, e o tremor atingiu 6,6 pontos na escala Richter. Não há mortos.

Viver

Os reservatórios estão em baixa e a conta de luz deverá aumentar. (Globo)

16 formas diferentes de projetar cruzamentos de ruas, da edição da Wired editada por Barack Obama. Ilustrado.

Um desfile de Halloween no Japão. Galeria de fotos.

Com a derrota do Palmeiras para o Santos, no sábado, embolou o fim do Brasileirão. Além da equipe paulistana, Flamengo, Santos e Atlético Mineiro têm chances. O GloboEsporte.com pôs no ar uma ferramenta para simular resultados das próximas cinco rodadas.

Cultura

Rita Lee conta em sua autobiografia, que chega às livrarias em novembro, detalhes sobre a saída dos Mutantes. Seu primeiro disco solo, aliás, é um pouco disco dos Mutantes. Ouça no Spotify.

O dia em que Stranger Things virou um desenho animado de Charlie Brown e Snoopy. (Em inglês.)

Cotidiano Digital

O governo Temer quer abandonar a política de software livre que o governo federal vinha adotando. Quer a Microsoft de volta. O lobby da lucrativa indústria de software não é pequeno.

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