Foi um dia tenso no Planalto: basta ver no rosto dos presentes ao encontro do Conselhão, que ocorreu pela manhã. O Estadão pôs uma galeria no ar. Não havia outro assunto na mente de todos: as acusações de que o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, tinha tentado forçar a reversão de um laudo do Iphan proibindo a construção de um prédio em área histórica de Salvador. Obra em que comprou apartamento. O Conselho de Ética já tinha votos o suficiente para ordenar investigação do caso quando José Saraiva, indicado pelo próprio Geddel, pediu vistas e interrompeu o processo. Sequer disfarçou a manobra. E o ministro terminou obrigado a autorizar seu homem a voltar atrás. A investigação tem prazo de dez dias. De acordo com o Painel da Folha, alguma punição é certa.
Michel Temer tem três homens de confiança no palácio. Além de Geddel, o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha e o secretário-executivo de Parcerias e Investimentos, Moreira Franco. Segundo a experiente repórter Vera Rosa, o conjunto tem apelido. Serpentário. Disputam espaço, os três. E, até o estouro desse escândalo, era Moreira quem estava nos holofotes por conta da ofensiva da Polícia Federal contra o PMDB fluminense. À segunda Geddel sobreviveu, mas a pressão aumentou. Faltam mais quatro dias até o fim da semana. (Estadão)
Se Temer não está convencido a se livrar do problema, a cúpula do Partido da República agiu. Mas noutro caso. Expulsou a deputada federal Clarissa Garotinho de seus quadros. Ela é acusada de violar a orientação do partido e votar contra a PEC do Teto. Outros dois deputados fizeram o mesmo, foram apenas suspensos. O problema é o pai de Clarissa. O ex-governador, aliás, operado para colocar um stent na coronária, se recusou a ser examinado por médicos indicados pelo MP. Mas, dizem os peritos, a documentação parece comprovar que a cirurgia de fato ocorreu. (Globo)
A Comissão da Câmara vota hoje o relatório das Dez Medidas Contra a Corrupção. No texto do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), o Caixa Dois é expressamente criminalizado sem prever anistia e não há menção de punir juízes ou procuradores que investiguem gente com poder. Os parlamentares não gostam. O Movimento Vem Pra Rua pôs online a intenção de voto declarada de cada um dos deputados.
Do cineasta José Padilha, entrevistado pela Folha: “A Lava Jato é o único caminho, e é uma pena que a esquerda não admita os crimes do PT e passe a apoiar as investigações. Ser contra a Lava Jato agora é ajudar ao PMDB e ao PSDB, é fazer o jogo da direita.” Ele trabalha em uma série sobre a operação para o Netflix. Terá concorrência. O Globo acompanhou os primeiros dias de filmagem, em Curitiba, de um longa dirigido por Marcelo Antunez. Ele é conhecido por comédias nacionais de grande público.
Foi reduzida a previsão do PIB. O governo estimava uma queda de 3% este ano. Vai a 3,5%. Em 2017, ano em que queria crescer 1,6%, reajustou para 1%. (Estadão)
|