No dia em que a delação premiada da Odebrecht estava sendo assinada, os deputados fecharam com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um acordo às pressas para anistiar quem usou Caixa Dois em campanha e punir juízes e procuradores públicos.
É a maior delação da história do país. A denúncias da Odebrecht atingirão a cúpula de PT, PMDB e PSDB, além dos partidos menores. A empreiteira movimentou, no período entre 2004 e 2014, R$ 35 bilhões em contratos e parcerias com a Petrobras. Na avaliação da Polícia Federal, a estatal pagou um sobrepreço de R$ 7 bilhões desnecessariamente, dos quais R$ 1 bilhão virou propina. (Estadão)
São 76 funcionários da empreiteira, incluindo o presidente Marcelo Odebrecht, que estão assinando as delações. Pelo menos 130 políticos serão atingidos. Uma das fontes ouvidas pelo Globo diz que a reputação dos principais presidenciáveis será abalada.
Assinados os papeis, serão encaminhados para o ministro Teori Zavascki, no Supremo. Ele vem pedindo que juízes auxiliares questionem novamente os delatores para ter certeza de que nenhum se sentiu coagido. Confirmados os depoimentos, o ministro divide os suspeitos. Quem tem foro privilegiado fica em Brasília, os outros são reencaminhados para o juiz Sérgio Moro. Até março de 2017 a distribuição foi feita.
Todas as apostas para a eleição de 2018 terão de ser refeitas. Ou não.
Reunidos até 2h da madrugada de hoje, os parlamentares fecharam um acordo que envolve todos os partidos com as exceções de Rede e PSOL. O plano é abrir a sessão hoje de manhã às 9h, rejeitar em plenário o projeto do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) sobre medidas anticorrupção, e apresentar uma nova versão na qual o Caixa Dois passado será anistiado e se estabelecerão penas para pressionar juízes e membros do Ministério Público. Correm contra o relógio das delações da Odebrecht. (Folha)
À noite, 26 deputados petistas publicaram manifesto contra a anistia. Dizem que este era desde o início “um dos objetivos do golpe”. De madrugada, o líder do partido, Vicente Candido (SP), foi um dos principais articuladores da anistia em nome dos outros 32 deputados da bancada. (Globo)
Este é um jogo de peças móveis. Tudo pode mudar a qualquer momento.
Do procurador-geral da República, Rodrigo Janot: “O discurso da anistia se refere aos outros crimes que estariam por trás da Caixa Dois: lavagem de dinheiro, corrupção ativa, peculato, evasão de divisas.” (Estadão)
O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, repetiu em depoimento à Polícia Federal sua denúncia de tráfico de influência contra o ministro Geddel Vieira Lima. Agora está na esfera criminal. (Folha)
Um dos casos contra Renan Calheiros será avaliado pelo Supremo em 1º de dezembro. Ele é acusado de ter as contas pessoais pagas pela empreiteira Mendes Júnior. Se for aceito, o presidente do Senado vira réu.
|