Uma bomba após a outra explodiu na Praça dos Três Poderes, quinta-feira. E nenhuma tem a ver, por enquanto, com a maior delação premiada da história, cujo conteúdo segue desconhecido. A pressão sobre o presidente Michel Temer por conta de Geddel Vieira Lima triplicou. A pressão via internet sobre a Câmara dos Deputados, que pretendia anistiar-se dos crimes de Caixa Dois, quadruplicou. Esta não será uma sexta-feira tranquila de quase dezembro na capital federal.
O depoimento do ex-ministro da Cultura Marcelo Calero à Polícia Federal vazou para o Estadão. Ele repete oficialmente que vinha sendo pressionado pelo ministro-chefe da Secretaria de Governo para liberar a construção de um prédio proibido pelo Iphan. Mas vai além. Calero acusa o presidente Michel Temer de tê-lo pressionado igualmente, sugerindo e depois insistindo que encaminhasse à Advocacia Geral da União o processo do edifício. Na AGU, o presidente insinuou, o problema seria resolvido em favor de Geddel.
Calero disse à Polícia Federal que gravou suas conversas com o Temer, de acordo com o jornalista Kennedy Alencar.
Para o Planalto, a crise de um ministro virou crise do presidente. (Folha)
Editoriais: Globo e Estadão batem duro no governo.
Os deputados estavam preparados para votar cedo a Anistia ao Caixa Dois. De manhã, o plenário estava cheio – coisa rara. Aprovaram a urgência. Mas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não pôs o projeto em pauta. Pois também desde cedo seu Facebook foi atolado por comentários de eleitores furiosos. Deputados começaram a sair do WhatsApp por conta da torrente de mensagens. E a comunidade Quebrando o Tabu, com quase 6 milhões de seguidores, pôs no ar uma campanha para encher de emails os parlamentares.
As ruas podem parecer vazias, a praça virtual não está. E a Câmara piscou. Não houve votação, adiada para terça-feira. (Globo)
O juiz Sérgio Moro publicou nota dizendo que a anistia “estimula o desprezo à lei”. O procurador Carlos Fernando foi mais duro. “Isso acaba com a necessidade da Lava Jato. A partir do dia em que essa lei for sancionada, esses fatos deixam de ser crimes.” (Globo)
E o TSE revogou a prisão preventiva do ex-governador Anthony Garotinho sob fiança de R$ 88 mil. Como o pedido tinha sido feito para evitar que ele interferisse nas investigações, o tribunal impôs condições. Garotinho não pode entrar em contato com as testemunhas, não pode voltar à cidade de Campos, onde teria comprado votos, e não pode deixar sua residência no Rio por mais de três dias. (Globo)
Um único juiz do TSE votou contra o ex-governador. O rígido Herman Benjamin. É justamente o relator que decidirá se as contas da campanha de Dilma Rousseff e de Michel Temer devem ser avaliadas juntas ou separadas. É este processo que pode terminar na cassação do presidente.
A delação da Odebrecht está em suspenso. Para que vingue, é preciso amarrar a distribuição da multa. Três governos serão indenizados. O do Brasil, dos EUA e da Suíça. Como a quinta foi o Dia de Ação de Graças, feriado fundador americano, os representantes do país não trabalharam. (Globo)
O Meio apresenta hoje Tony de Marco. Artista plástico, designer, fotógrafo, tipógrafo, tanto analógico quanto digital. Toda sexta ele trará uma imagem. Na estreia, aproveita-se de que o governo federal andou reclamando dos emojis usados no Facebook e sugere um substituto.
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