O mármore branco de fora, os imensos espaços internos e mesmo a reforma cuidadosa do Alvorada não foram suficientes para animar a família de Michel Temer. Deixaram o palácio após sete dias. A falta de aconchego é o menor dos problemas do presidente. Em depoimento ao TSE, ontem, Marcelo Odebrecht declarou ter combinado com o próprio Temer apoio financeiro para a campanha de 2014. Na sequência, afirmou o empreiteiro, acertou com o ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha, o valor. R$ 10 milhões. O depoimento, solicitado pelo ministro Herman Benjamin, faz parte do processo que analisa se houve fraude no financiamento da campanha que elegeu a chapa Dilma-Temer na eleição presidencial daquele ano. Também ontem, outro executivo da Odebrecht, Claudio Melo Filho, declarou ao TSE ter ouvido do próprio Temer o valor requerido de dez milhões. Enquanto isso, a família do presidente retorna à residência oficial dos vices, o Palácio do Jaburu. (G1, Globo e Folha)
Odebrecht afirmou também que a ex-presidente Dilma conhecia os valores de pagamentos e que quatro quintos dos recursos da campanha de 2014 vieram do caixa dois. “Eu não era o dono do governo, eu era o otário do governo”, afirmou o empreiteiro. “Eu era o bobo da corte do governo.” (Estadão)
O depoimento mudou a estratégia de defesa de Temer perante o TSE. Ele não havia convocado testemunhas. Agora, informa Andréia Sadi, cogita pedir que muitos sejam ouvidos para fazer com que o processo se alongue.
A crise é séria para o presidente. Enquanto a economia melhora, Temer vai perdendo seus homens de confiança. Pior, brigam entre si. José Yunes já disse ter repassado um envelope que recebeu de doleiro a pedido de Padilha. Padilha, por sua vez, pediu licença para cirurgia e não deve voltar.
Elio Gaspari: “A Lava-Jato está ferindo a oligarquia política e empresarial do século XX da mesma maneira que o fim do tráfico negreiro feriu (mas não matou) a do XIX. Os barões do caixa dois do tráfico resistiram por mais de 30 anos. Os marqueses do caixa dois das empreiteiras sabem que não podem durar tanto, mas a esperança é sempre a última que morre.” (Globo ou Folha)
Vai piorar para o governo. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve apresentar na próxima semana os primeiros pedidos de inquérito baseados nas delações da Odebrecht. Pelo menos 30 envolvem ministros, senadores e deputados. (Globo)
Pelo menos 50 alvos da Lava Jato sem foro privilegiado estão no STF. José Sarney é o mais recente. (Estadão)
Como os novos prefeitos estão se saindo nas redes sociais? O Globo fez um levantamento com os posts dos prefeitos de São Paulo, Rio e BH.
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