Há uma crise se formando dentro do PMDB. O racha foi provocado pelo deputado mato-grossense Carlos Marun, que apresentou carta sugerindo que quaisquer políticos envolvidos na Lava Jato deveriam se afastar da direção do partido. A carta não vem sem contexto. Marun, que preside a Comissão da Reforma da Previdência na Câmara, é ligado a Eduardo Cunha e o visitou na prisão, em Curitiba. O senador Renan Calheiros partiu para o ataque num almoço, ontem, com o ministro Moreira Franco. Acusa o Planalto de ceder à chantagem de Cunha em suas escolhas para cargos importantes como o ministério da Justiça (Osmar Serraglio) e a liderança do governo no Congresso (André Moura). Renan afirma que, como as últimas nomeações foram ou de tucanos ou políticos ligados ao ex-presidente da Câmara, constata-se uma disputa entre PSDB e Cunha pelo poder no governo. Ontem haveria uma reunião da executiva peemedebista, foi cancelada. Segundo um parlamentar ouvido pela revista Época, cancelou-se para evitar “tentativa de golpe”. Marun respondeu a Renan de bate pronto. “Fui visitar Cunha porque posso entrar num presídio e sair, coisa que outras pessoas talvez não consigam fazer.” O presidente do partido é Romero Jucá, um dos que teria de se afastar caso a proposta tivesse chance de vingar. E é ele próprio que, desde o fim do dia, tenta apaziguar os ânimos. Divisão no próprio partido, afinal, é o que o Planalto menos precisa conforme se prepara para encarar a reforma da Previdência. (Globo)
Enquanto isso… Eliseu Padilha, o mestre apagador de incêndios de Temer, volta ao governo na semana que vem. (Globo)
E algo se movimenta no TSE. O presidente do tribunal, Gilmar Mendes, refutou claramente a tese de que as contas de campanha de presidente e vice poderiam ser separadas, sinalizando que a chapa Dilma-Temer será votada como uma só. Esta vinha sendo a principal tática de defesa do presidente. O ministro, que anda próximo do Planalto, foi além: diz que, mesmo cassado, Temer não perderia os direitos políticos. Portanto, poderia ser candidato à presidência na eleição indireta no Congresso. Onde, graças em grande parte a Padilha, tem maioria.
A festa mais badalada de Brasília na noite de terça celebrou os 50 anos de carreira do jornalista Ricardo Noblat. Foi lá que, quando já passava da meia-noite, Aécio Neves se queixou de que se deveria distinguir entre quem usou caixa dois para campanha e quem usou para enriquecer. “Todo mundo vai ficar no mesmo bolo”, disse o senador, “e abriremos espaço para um salvador da pátria?” (Folha)
Aécio ecoava nota de Fernando Henrique Cardoso, que construiu o mesmo argumento. Argumento desconstruído por Elio Gaspari (Globo ou Folha). E uma estratégia jurídica que, de acordo com os primeiros sinais, não deve despertar simpatia no Supremo, como lembra José Roberto de Toledo no Estadão de hoje.
Em seu discurso de homenagem às mulheres, o presidente declarou que homens e mulheres “são igualmente empregados” no Brasil. A turma do Aos Fatos foi checar. Temer desconhece o nível de desigualdade entre os gque separa os no trabalho.
Aliás… “Na economia também a mulher tem grande participação. Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes de preços no supermercado do que a mulher.” Temer, Michel. Como sói acontecer.
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