O presidente Michel Temer passou o domingo dedicado à crise que explodiu na pecuária brasileira. Após uma série de reuniões, pediu urgência nas inspeções dos 21 frigoríficos citados na Operação Carne Fraca da Polícia Federal e levou embaixadores, à noite, para a churrascaria Steak Bull, de Brasília, para comerem um rodízio. A situação é delicada. Os embaixadores da União Europeia e da China cobram relatórios técnicos que tragam detalhes, pois não bastam as garantias das autoridades brasileiras. Em 2016, o Brasil exportou US$ 12,6 bilhões em carnes e subprodutos. O item ocupa o terceiro lugar em relevância na balança comercial, após grãos e minério. O país é o maior exportador mundial de frango (US$ 5,9 bilhões do montante total), que tem por destino principal o Oriente Médio. A venda de carne bovina para o exterior vinha crescendo ano a ano, chegando a US$ 4,33 bilhões no último, e já tendo ultrapassado a venda de aviões. (Estadão)
A churrascaria visitada pelo presidente só vende carne estrangeira, diga-se. Mas garante ter aberto uma exceção para Temer e seus convidados. (Estadão)
Durante sua investigação, a Polícia Federal só analisou realmente os alimentos de um dos frigoríficos acusados de irregularidades. (Folha)
Especialistas ouvidos pela BBC acusam a Polícia Federal de ter sido sensacionalista na maneira como divulgou a Operação Carne Fraca. Como não deixou claro quais irregularidades ocorreram onde, passou a impressão de que os problemas eram mais generalizados do que de fato são. Papelão, por exemplo, que aparece em um dos grampos, pelo contexto foi usado para embalagem, e não para mistura. (O uso de papelão para embalar em certas áreas de frigoríficos é irregular.) Ácido ascórbico, que a PF afirma ser usado para maquiar a aparência de carnes estragadas, faz parte da composição de embutidos. Trata-se de vitamina C e realmente contribui para a aparência de salsichas, por exemplo. Para estes especialistas, faltam detalhes para compreender a real dimensão do problema.
Uma negociação que envolve o TCU e a Força Tarefa da Lava Jato pode poupar da declaração de inidoneidade as empreiteiras que colaboraram com as investigações. Assim, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa poderiam continuar disputando obras públicas. Outras, como OAS, Engevix e Mendes Júnior seriam excluídas. Embora o acordo seja coerente, há críticos. O temor é de que a decisão termine por concentrar o mercado nas mãos de poucos. O contra-argumento é de que a lenta abertura para empresas estrangeiras pode trazer reequilíbrio. (Globo)
O juiz Sérgio Moro publicou no Facebook um vídeo de agradecimento “ao apoio” que recebe de brasileiros através da página Eu MORO com ele, gerenciada por sua mulher.
Os ex-presidentes Lula e Dilma fizeram uma inauguração simbólica da transposição do rio São Francisco, na Paraíba. Foi um comício de candidato à presidência. (Globo)
Para ler com calma: Maria Cristina Fernandes, do Valor, passou uma manhã com Dilma Rousseff, no apartamento em Porto Alegre da ex-presidente. A delas é uma conversa profunda. Dilma tenta analisar o que foram as jornadas que levaram milhões de brasileiros às ruas em 2013, mas reconhece a falta de distância histórica. “Tem uma explicação simples, mas não responde tudo. É mais fácil distribuir renda do que ampliar serviços. Como de fato o fim da miséria é só o começo, as pessoas querem mais.” Ela também analisa os conflitos com Eduardo Cunha que levaram à instauração do processo de impeachment. “Não existe acordo com ele. Existe submissão. As perguntas que ele enviou ao Temer, o que você acha que são, querida? Você está falando de um gângster inteligente. Devia ajoelhar e aceitar as condições?” Dilma resiste a reconhecer erros de seu governo e do PT.
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