Forças Armadas não tentarão golpe no Brasil, diz Celso Amorim

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O diplomata e ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores Celso Amorim disse não acreditar em uma tentativa de golpe pelas Forças Armadas. Em uma conversa com Christian Lynch, Mariliz Pereira Jorge e Pedro Doria na edição desta semana do #MesaDoMeio, ele lembra que os últimos golpes no Brasil foram apoiados pela elite econômica, os principais veículos de imprensa e “potências externas”, como os Estados Unidos, que deram sustentação ao movimento antidemocrático. Ele diz que hoje não vê esses grupos apoiando um movimento golpista, o que desestimularia a atuação dos militares. “Isso me faz crer que as Forças Armadas também não atuarão de maneira a comprometer a democracia”.

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A instabilidade política pelo qual o Brasil tem passado recentemente está ligada ao impeachment de Dilma Rousseff e à prisão do ex-presidente Lula, o que, para Amorim, teria permitido a atração dos militares por Jair Bolsonaro. Segundo ele, “a elite brasileira, num golpe oportunista, porque queria tirar a presidenta Dilma por outras razões, chamou alguns militares que estavam em posição de poder, e contribuíram para que esse golpe se concretizasse”. O fato teria permitido que Bolsonaro seduzisse a caserna na relação que vemos agora. “O presidente Bolsonaro, que conhecia por dentro as qualidades e os defeitos dos seres humanos do grupo a que ele pertence, [os atraiu] com aumento salarial, com cargos, com honrarias, e fez essa trapalhada toda que nós conhecemos”.

O diplomata também conta que o país pode refazer rapidamente sua imagem no exterior, com a possível escolha de um novo governo nas eleições deste ano, mas fala da cicatriz que a eleição de Bolsonaro representa para a história nacional. Para ele, a renovação da imagem também “dependerá da evolução da própria sociedade brasileira”. Para recuperar o protagonismo que o país já teve perante o mundo, um bom começo seria cuidar das florestas, empoderar órgãos de fiscalização, como o Ibama e o Inpe, além de mudar nossa posição no Conselho de Direitos Humanos em Genebra.

Perguntado pelo público, sobre uma participação no governo Lula, não descartou a possibilidade de seu ingresso, mas prefere, antes, ver o resultado das urnas e receber um convite do presidente eleito. “Lógico que não recusarei uma tarefa que me seja dada, mas acho que há muitas reflexões a serem feitas nesse campo.”

Confira a entrevista na íntegra:

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