Deputados fecharão com Lula para não perder apoio de seus redutos, avalia Sérgio Abranches

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“Enquanto Lula tiver apoio popular, e as coisas estiverem dando mais ou menos certo, o Congresso vai atrás dele”, avalia o politólogo Sérgio Abranches, ao lembrar da importância que uma vitória nas urnas traz ao político eleito, que não deve ser menosprezada. “A vitória eleitoral muda os ares do país inteiro, e essa mudança faz com que os deputados ouçam dos cabos eleitorais que eles estão com esperança no novo governo”, explica. Em entrevista a Pedro Doria no programa Conversas com o Meio, Abranches esclarece que os parlamentares terão receio de se oporem a um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sob a pena de perder apoio em seus redutos políticos.

Apesar de o centrão continuar forte no Congresso, o politólogo acredita que será possível governar desde que haja um presidente da Câmara que seja uma ponte entre os poderes Executivo e Legislativo, e que tenha liderança dentro da Casa. Esse líder precisará ter legitimidade para conduzir os trabalhos e um senso de moralidade para planejar um novo orçamento que substitua as atuais despesas de relator, conhecidas como “orçamento secreto”, que segundo Abranches, “é uma porta aberta para a corrupção”. Um outro ponto importante será a formação de ministérios técnicos, mas que tenham pessoas políticas capazes de dialogar com o Congresso, enquanto mantêm a capacidade de trabalhar com autonomia.

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proibiu comentaristas da Jovem Pan de falarem sobre a situação judicial de Lula, foi criticada por apoiadores de Bolsonaro e parte dos juristas, que entendem a medida como censura prévia. Abranches, no entanto, defende que a medida foi acertada porque garante que a competição entre os candidatos ao Planalto seja igualitária, baseando-se no “princípio da precaução”, que segundo ele, se sobrepõe à ideia da liberdade de expressão ampla, geral e irrestrita. “Na possibilidade que se vá ferir a disputa equânime entre os candidatos, que ao permitir uma determinada ação de terceiros produza um efeito que desequilibre a competição, nesse caso não se aplica a liberdade de expressão”, explica. O politólogo reforça que, por ser uma das eleições mais tensas da história, o momento exige um pouco mais de precaução por parte das instituições democráticas.

Sérgio Abranches não vê o bolsonarismo se mantendo como força política importante em havendo uma derrota no próximo dia 30. Para ele, seria necessária uma organização partidária para estruturar uma mobilização presencial, além de uma liderança, que não vê no atual presidente. “Uma grande parte das pessoas que está com Bolsonaro só está porque rejeita o PT”, ressalta. Com exceção dos fiéis seguidores, o politólogo explica que aqueles que apoiaram o presidente por acreditarem em suas promessas estão frustrados porque elas não foram cumpridas. Ele prevê que os diferentes grupos que Bolsonaro conseguiu reunir irão se separar após sua saída do governo.

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