Líder do governo Bolsonaro defende um ano em cima do “muro” para o PP

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De Brasília

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A contar pela fala do líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), é uma questão de tempo para que o PP, partido que esteve na base da campanha derrotada do atual presidente, possa se aliar ao futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na última terça-feira (22/11), após ligar para o deputado, a reportagem do Meio teve acesso, acidentalmente, a uma conversa do parlamentar com outro deputado, em seu gabinete. A primeira ligação caiu e, na segunda tentativa, ele acabou atendendo ao telefone — no entanto, prosseguiu a conversa com o colega deputado, sem perceber que estava sendo ouvido.

Ouça o áudio abaixo.

 

No diálogo que se seguiu, Barros externou ao interlocutor seu ceticismo sobre resultados dos movimentos golpistas e sua total indisposição em investir no embate com o futuro governo. O teor da conversa foi apresentado ao deputado pela reportagem que o procurou para falar sobre o assunto. Mas até a divulgação desta matéria não houve resposta do parlamentar. Na tarde de quarta-feira (23/11), ele informou que iria se submeter a uma cirurgia ocular e não mais retornou o contato.

A conversa teve início considerando os últimos acontecimentos do bolsonarismo — incluindo as movimentações do PL, questionando o resultado das urnas, e as manifestações antidemocráticas nas portas dos quartéis pedindo intervenção federal.

“Vai acontecer nada. O partido (PP) vai ficar neutro. Eu estou defendendo abertamente um ano de muro”, disse o Ricardo Barros ao interlocutor, que a reportagem não conseguiu identificar.

“Porrada?”, indagou o interlocutor sobre a posição do partido.

Barros responde apresentando uma posição contrária à do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), que prometeu, na quarta-feira, quatro anos de oposição ferrenha a Lula pelos próximos quatro anos.

“Não, nem oposição, nem governo. Nós não precisamos ser oposição, porque nós não disputamos eleição. O vice não era nosso”, disse se referindo ao vice na chapa de Bolsonaro, Waldemar Braga Netto, filiado ao PL. “E também não precisamos ser governo, porque não dá para ser governo, agora”, avaliou. “É ficarmos nadando em uma posição de independente, vota o que quiser votar, não vota o que não quiser votar.”

A conversa ainda se referiu aos manifestantes apoiadores de Bolsonaro acampados nas portas dos quartéis pedindo intervenção militar, anulação da eleição e garantindo em gritos de guerra que Lula “não sobe a rampa”.

O espírito dos apoiadores do presidente, no entanto, vai no sentido totalmente contrário ao do líder do governo. Com isso, a aposta de Barros é de que, no prazo de um ano, o partido deve avaliar a adesão ou não ao governo de Lula.

“Esperar daqui um ano para ver o que o povo está na ponta, lá… O que está causando (agora) é o eleitor que está, não é a gente, é o eleitor”, disse o líder governista.

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