Polarização com camisa da seleção foi substituída por Neymar vs Richarlison, avalia Márvio dos Anjos

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A polarização ligada ao uso da camisa amarela da seleção brasileira durante a Copa do Mundo tem sido transferida pelos torcedores para as atuações de Neymar e Richarlison fora de campo. É o que afirma o jornalista Márvio dos Anjos, ao analisar as questões política e esportiva durante o maior torneio de futebol do mundo. Em um bate papo com o editor-chefe do Meio, Pedro Doria, e o jornalista David Butter no programa especial do #MesaDoMeio na Copa, ele avalia que o apoio dado por Neymar à campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro desagradou parte dos brasileiros, e que as pessoas têm o direito de não esquecer os atos bolsonaristas de Neymar. “Naquela live com Bolsonaro, quando ele promete que fará o gesto ‘22’ se fizesse um gol, ele bagunçou a Copa do Mundo de muita gente”. Uma alternativa aos desencantados com o atacante do PSG seria Richarlison, que marcou os dois gols na estreia do Brasil nesta edição do Mundial. “O Richarlison, é visto como um jogador de causas sociais, mais à esquerda, que defendeu a vacina, que mandou cilindros de oxigênio para Manaus quando estava faltando”, conclui.

O jornalista David Butter lembra que houve um “pacto de cavalheiros” entre os jogadores para que se evitasse manifestações políticas ou mesmo o apoio a qualquer candidatura nas eleições de outubro para que não se contaminasse a campanha da seleção brasileira na Copa. Ele avalia que ao quebrar esse pacto, Neymar se colocou em uma posição de fragilidade. “A participação dele numa live bolsonarista, que por acaso foi no dia do incidente com Roberto Jefferson [que atacou policiais federais que cumpriam mandado de prisão em sua residência], Neymar entrou num território em que nenhum jogador da seleção sequer chegou perto.” O jornalista analisa que por conta desses posicionamentos, o atleta perdeu espaço publicitário que teve nas edições anteriores do Mundial.

Pedro Doria destaca que os movimentos fascistas sempre adotaram uniformes, e no Brasil, a camisa amarela foi a escolhida pelo bolsonarismo. Para o editor-chefe do Meio, Neymar é uma marca que tem sido tocada com amadorismo, o que faz com que algumas empresas se afastem dele por considerarem perigoso associar a imagem do jogador às características indesejadas pelos anunciantes. “Para o tamanho do jogador que ele é, pela quantidade de dinheiro que a marca Neymar movimenta, o amadorismo e a inconsequência com a qual se lida com essa questão, me choca muito.”

Para David Butter, Neymar desgastou sua fórmula de uso da própria imagem, que era focada no lema “ousadia e alegria”, como também o constante confronto de “calar a boca dos críticos” e se superar, mas não percebeu as mudanças que ocorreram ao longo do tempo. Ele lembra que nos últimos anos, havia um consenso de apoio aos direitos humanos e de preservação ambiental, que foi rompido por Bolsonaro durante seu governo, e que escolher um lado neste momento tem sido negativo para sua imagem. “Você simplesmente tocar o ‘ousadia e alegria’ nesse contexto e colar num lado tem um preço, e acho que o preço está sendo cobrado agora”, avalia.

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