Por que nem todos torceram para as “zebras” da Copa do Mundo

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A Copa do Mundo do Qatar foi marcada pelas “zebras” que permearam toda a competição. Até mesmo a finalista Argentina foi surpreendida pela Arábia Saudita, logo no primeiro jogo, com uma derrota por 2 a 1. Torcer pelas seleções ditas inferiores é muito comum nos Mundiais, mas neste ano as questões políticas mudaram essa lógica. Equipes como a do Qatar ou do Marrocos receberam a antipatia de muitos torcedores por serem países com histórico mais acentuado de desrespeito aos direitos humanos. Para o jornalista Márvio dos Anjos, “existe uma característica desde os tempos bíblicos de torcer pelo Davi quando se está diante do Golias”, mas com uma maior politização das comunidades, e uma maior sensibilidade a pautas humanitárias, “isso acabou complexificando o simples ato de escolher um time”. Durante a conversa no programa #MesaDoMeio na Copa, ele diz que, ainda assim, há uma generosidade, ao participar e “mandar uma energia positiva” para uma equipe estrangeira, que muitas vezes não se tem nenhum tipo de proximidade. “Essa Copa do Mundo acabou me dando essa ideia de que há uma generosidade quando você escolhe um time por algum motivo.”

Há quem seja flexível na hora de direcionar sua torcida durante os jogos do Mundial. O editor-chefe do Meio, Pedro Doria, conta que torceu para a Alemanha ser campeã na Copa do Mundo do Brasil, mesmo após o fatídico 7 a 1 que eliminou a seleção brasileira na mesma edição. Para ele, teria sido pior ver a Argentina erguendo a taça em nossa própria casa. “Os uruguaios ganharam em 1950 no Maracanã, não era possível que os argentinos ganhassem em 2014. Duas Copas do Mundo, duas finais no Maracanã e nossos vizinhos que ganham?” Por gostar do futebol de Messi, Pedro gostaria de ver o craque argentino chegar ao lugar mais alto do pódio. “Eu acho que um cara como ele merece, assim como Zico merecia.” Com a formação de novas gerações de jogadores europeus de alto nível, sem páreo no futebol argentino ou brasileiro, o jornalista e escritor David Butter acredita que essa seria a melhor chance de ver uma equipe sul-americana vencendo uma Copa do Mundo. “Se for para a América do Sul ganhar, o melhor momento seria agora”.

David aposta em uma vitória argentina, caso a partida seja resolvida ainda no tempo regulamentar. Contando com uma atuação brilhante de Messi, ele acredita que será difícil um fim de jogo sem que a equipe do técnico Lionel Scaloni não balance a rede adversária. “Com um jogador desses, acho muito difícil que [Messi] não crie chances claras de gol ou ele mesmo não marque o dele.” Mas, segundo David, em caso de prorrogação, a França se torna favorita, por sua capacidade de repor peças de jogo com a mesma qualidade das que estavam em campo. Márvio também aposta na Argentina campeã, e com Marrocos superando a Croácia, conquistando um inédito terceiro lugar em Mundiais. Para ele, os marroquinos merecem um espaço no pódio por ter “um time mais brilhante, mais interessante que a Croácia”.

Ainda que a Copa do Mundo esteja na fase final, muitos brasileiros ainda tentam entender como os argentinos venceram os croatas por 3 a 0, enquanto o Brasil foi eliminado nos pênaltis. Márvio dos Anjos avalia que ambas as seleções tiveram dificuldades em chegar ao gol da Croácia, mas quando a Argentina conseguiu dominar o meio de campo, os europeus acabaram se expondo mais, deixando espaço para o jogo do adversário, um feito que o Brasil não conseguiu. David Butter comenta que os argentinos mudam seu esquema tático a cada jogo, conseguindo se adaptar melhor para impedir a posse de bola croata e contra-atacar com qualidade. Ele entende que o primeiro gol de pênalti, marcado por Messi, desestabilizou a tática adversária. “Esse gol quebra a história do jogo. A Croácia, que não faz muitos gols, precisava se virar contra uma Argentina que veio buscando espaços e abertura”. No caso do jogo contra o Brasil, pesou o fato de a seleção de Tite não ter conseguido marcar o primeiro gol ainda no primeiro tempo, enquanto apenas observava a equipe croata dominar a partida.

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