O que acontece quando hackers desbloqueiam PCs usados em prisões?

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Quem diria, quem diria que daria ruim vender notebooks 100% seguros para prisioneiros estudarem?

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Q U E M D I R I A

Pois é, todo mundo.

Porque um engenheiro eletricista de Boston comprou um notebook transparente – porque achou bonito – e acontece que era um notebook do sistema prisional.

Bonito e transparente como os eletrônicos dos anos 2000? Sim. Mas também hiper seguro, sem entrada USB, apenas uma senha para entrar.

A pessoa que comprou, que pode ser homem, mulher ou um pombo, começou a documentar numa série de tweets a dificuldade de acessar o computador.

Dessa documentação toda, a senha de administrador da BIOS do computador foi vazada e mais de 1.200 estudantes encarcerados tiveram seus notebooks retirados.

Rapaz vamos que é uma montanha russa muito curiosa e cheia de burocracia!

Você sabia que nos Estados Unidos algumas instituições carcerárias possibilitam que os presos tenham acesso a tablets e computadores?

Sim.

Os tablets podem ter hora de uso variável, mas eles fazem ligação, mandam mensagem, tem acesso a e-books, podcasts, biblioteca de direito e – claro – jogos.

Pois é. Parece insano pelas lentes brasileiras em que celulares são escondidos em lugares completamente inusitados

Como em tubos de pomada.

Mas nos Estados Unidos, de novo – em algumas instituições correcionais, tablets e computadores podem ser disponibilizados para os presos.

Em 2017, oito mil detentos no Colorado receberam – de graça – tablets. Nem tudo são flores então dentro do tablet tudo é cobrado. Cada mensagem tem um custo, acessar música tem um custo, jogar tem um custo, cada base de dado tem um custo.

É bom que se um detento estava há muito tempo preso ele já aprende a ficar irritado com microtransações antes de retornar à sociedade.

O plano, quando deram esses tablets pra todo mundo, era justamente diminuir a tensão dentro das prisões, facilitando o contato com as famílias e ajudar na educação.

Que é o ponto principal para a ressocialização.

Então, os tablets, seriam um acesso mais fácil à aulas e uma maneira melhor de anotar conteúdos.

Todas as ligações são monitoradas, todas as mensagens são monitoradas e tem… nudes que são censuradas.

Sim, eu entrei num fórum de esposas e namoradas e elas se perguntavam quanto elas podiam mostrar do corpo.

E aí tinham ali vários conselhos de como ter a sua nude enviada né, como censurar o suficiente pro outro receber.

Isso é tudo que eu vou falar do fórum porque de várias coisas que eu aprendi pra esse vídeo essa é a MAIS curiosa, mas eu me perdi por umas boas horas lendo as declarações.

Existem alguns modelos de tablets e também de computadores pra prisão.

Eles são transparentes, nem sempre têm acesso a internet, o contato com o mundo externo é monitorado e nem sempre o dispositivo pode ser usado.

Existem milhares de prisões estaduais, instituições correcionais e instituições correcionais de jovens nos Estados Unidos.

Cada estado tem uma regra, cada instituição privada tem outra.

Então são várias diretrizes diferentes sobre o uso da tecnologia, isso quando ela está disponível.

Varia, tem lugares que pode usar das 6 da manhã às 10 da noite, contanto que não esteja trabalhando ou realizando outra atividade da penitenciária.

Mas dos 30 estados que permitem e oferecem o dispositivo, falam que o tempo passado ali evita brigas na instituição.

Beleza e agora, o que acontece quando um computador SecureBook 5 cai no eBay?
Hackers se apaixonam por ele porque são bonitos e aparentemente custavam 20 dólares cada.

Só para comparação o Securebook 6, que é a versão atual, mais barata, sem qualquer sistema instalado,
é 549 dólares.

O computador em si não tem acesso a internet, é preciso conectar ele a uma dock pra ter acesso ao resto.

A dock é vendida separadamente e ela pode ter WiFi, ethernet ou USBs escondidos dentro da dock para ter acesso a dispositivos externos.

Mas é uma internet institucional, é um acesso a um servidor e todo download é pré aprovado.

Cara, isso é muito legal, sério olha isso

É por dentro, para acessar precisa tirar os parafusos, aí você tem o USB C e o USB A.

E 100 desses saíram de uma prisão que contratava uma ONG de Milwaukee para se desfazer dos computadores e a ong, ao invés de reciclar os dispositivos……. Os colocou no eBay.

A partir daí começou uma corrida entusiasta de quem comprou os notebooks pra conseguir acessá-los.

A pessoa mulher homem pombo engenheira eletricista que viralizou começou a postar o passo a passo de como tentar acessar.

Como tentar entrar na bios pra ligar a internet, como quebrar a criptografia, como tirar a senha de administrador, mas se ela retirava a senha e reiniciava o computador, a senha retornava.

Isso tudo começou dia 23 de fevereiro com um usuário do twitter e 25 de fevereiro com a pomba que viralizou.

Nisso, com os tweets e updates viralizando, pessoas tentando opinar como driblar o sistema, gente entendendo que na verdade era um problema de HDs compatíveis e como tentar remover esse bloqueio de HDs diferentes e,
enfim codificaram a senha da BIOS e postaram online.

Com a senha da BIOS, que permite a troca das configurações do computador, na internet…

Os SecureBooks 5 de 1200 estudantes encarcerados foram retirados por oficiais em Washington.

Segundo o departamento de correções de Washington, o principal motivo foi a thread do pombo postada num site hacker que compartilhou a senha padrão das BIOS dos computadores, o que os deixou – óbvio – preocupados com a segurança.

Os estudantes, por outro lado, ficaram confusos e assustados, afinal foi sexta e sábado sábado que um monte de oficial simplesmente levou os computadores embora.

Segundo o diretor de comunicação da instituição, isso foi uma abundância de cuidado, porque ninguém tinha tentado desbloquear o computador.

Porque, com a senha, qualquer segurança podia ser removida.

Então a prisão retirou esses 1200 computadores.

Ali tinha estudante terminando o bacharelado, que ficou chateadíssimo com a retirada do dispositivo, outros alunos não queriam voltar a fazer conta na mão
(entendo, entendo muitíssimo)

E outros estavam preocupados se perderiam seus projetos, já que os computadores foram retirados.

Olha, mesmo dentro da prisão, se alguém conseguisse desbloquear o SecureBook 5, eles ainda não iam ter como instalar outro sistema operacional, porque não tem porta USB disponível no computador.

Então eles precisariam de acesso a dock, que tem acesso a internet mas não à toda a internet.

De qualquer jeito o presidente de tecnologia da empresa Justice Tech, que fabrica os SecureBooks, disse que se sentiu super bem quando o conteúdo viralizou.

Porque são vários níveis diferentes de segurança que só puderam ser quebrados porque as pessoas não estavam encarceradas.

Legal, né?

Mas não se preocupem com os alunos, perguntei pro diretor de comunicação do departamento de correção de Washington o que aconteceu com os notebooks e a resposta veio rápida:

O departamento vai substituir todo o inventário de SecureBook 5 para o mais novo, o 6, que devem chegar nas próximas semanas. Eles fizeram backup do conteúdo dos alunos e as aulas seguirão normalmente, com eles podendo acessar os materiais do curso em sala de aula.

Uns 5 hackers, 1200 computadores retidos que a gente sabe e, aparentemente, um final feliz.

Mas quem diria que os computadores seriam tão seguros??

E tem gente que não confia em urnas eletrônicas…

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