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Beleza também é pertencimento

Há quem diga que a beleza é apenas um capricho, algo fútil. Mas, para milhões de pessoas, ela é um gesto de afirmação, um escudo contra a exclusão, um passo em direção ao bem-estar. A forma como nos enxergamos e como nos mostramos ao mundo embarca não apenas a estética, mas também aspectos emocionais, sociais e até políticos. Isso porque vestir-se, maquiar-se, cuidar do cabelo ou da pele é um modo de dizer quem se é, de reivindicar espaço e, muitas vezes, de resistir.

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Em comunidades historicamente marginalizadas, como a de pessoas negras, LGBTQIA+, periféricas e gordas, a estética funciona como identidade e sobrevivência. A moda e a beleza se tornam ferramentas de pertencimento, que sinalizam dignidade e rompem com a lógica da invisibilidade. Não é somente sobre se sentir bonito, mas aceito. Quando a roupa, a pele, e o cabelo natural são motivos de orgulho e não de constrangimento, há um ganho coletivo em autoestima e saúde mental.

No caso do Brasil há uma herança estética que por vezes é cruel. Durante séculos, impôs-se um padrão eurocêntrico que excluía a maioria da população, muito mais miscigenada. Essa exclusão se reflete ainda hoje em vitrines que ignoram corpos diversos, em passarelas onde negros são minoria, em ambientes corporativos que discriminam cabelos crespos. Mas há fortes contrapontos. Nas periferias, nos coletivos independentes, em festas como a Batekoo, a estética própria vira celebração.

A sensação de pertencimento tem efeitos diretos na saúde emocional. Quando alguém se reconhece em um grupo, se sente acolhido em sua singularidade, há uma redução da ansiedade, da solidão e até do risco de depressão. E na indústria da beleza, cada vez mais se fala em representatividade. Não há outra forma de se conectar com o consumidor brasileiro que não seja entendendo e se aprofundando em suas características únicas e em sua diversidade. Líder mundial de beleza, o Grupo L’Oréal denomina essa cultura plural ao conceito de “brasilidade”. Com mais da metade dos consumidores do Brasil que se autodeclaram negros (pretos e pardos), e com a forte relação emocional que a categoria de Beleza tem no país — sinônimo de bem-estar, cuidado e inclusão —, é crucial compreender e atender a todas as belezas, seja para um negócio mais sustentável e para uma sociedade mais justa.

O Grupo L’Oreal, por exemplo, enxerga o conceito de “brasilidade”, compreendendo as características únicas do país e sua diversidade. Mais da metade dos consumidores do Brasil de declaram negros (pretos e pardos), e é crucial — ética e empresarialmente — compreender e atender a todas as nossas belezas.

Para alguns, a beleza também é espiritualidade, pois firma uma das formas de conexão com a ancestralidade. Pertencer, no fim das contas, é sentir que você tem o direito de existir plenamente. Cada vez mais, a beleza é uma linguagem que fala com todas as pessoas, à medida que caminha para ser mais acessível, plural e empática. Se um batom vira símbolo de resistência, um penteado vira autoafirmação racial, ou um desfile de moda acontece na favela, algo se transforma. E essa transformação move o mundo para ser um espaço mais justo, mais bonito e mais diverso e respeitoso.

A beleza, então, se instala como campo de disputa simbólica, onde o corpo se torna linguagem, território e manifesto, para ser pertencimento. Se a dominação não opera apenas sobre o corpo, mas através dele, o que deixamos à mostra ou escondemos comunica muito. Muitas pessoas não querem mais alcançar um ideal abstrato e universal, mas sim romper com ele e criar um próprio.

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