Meio

Em julho de 2013 o governo brasileiro criou o programa Mais Médicos, trazendo milhares de profissionais de Cuba para áreas sem atendimento de saúde adequado e despertando protestos corporativistas. Em 2018, diante da perspectiva de mudanças no programa pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro, o governo cubano deixou a parceria. Esse é o pano de fundo de O Deserto de Akin, de Bernard Lessa, destaque nas estreias desta quinta-feira nos cinemas. O Akin do título é um jovem médico cubano, vivido por Reynier Morales, mandado para uma comunidade pobre no interior do Brasil. Lá, além de atender aos moradores mesmo sob condições precárias, ele se envolve amorosamente com Érica (Ana Flavia Cavalcanti) e Sérgio (Guga Patriota). O iminente fim do programa o coloca em um dilema: voltar para Cuba e retomar sua carreira ou ficar sem poder exercer a medicina.

Mel Lisboa estrela o thriller nacional Atena, de Caco Souza. Sua personagem, vítima de abusos físico e sexuais na infância por parte do próprio pai, monta com outra vítima uma rede clandestina que identifica, captura e pune molestadores e homens abusivos. Um repórter fica sabendo da ação do grupo e começa a acompanhá-las, mesmo questionando a ética de suas ações. Ao mesmo tempo, Atena descobre que o pai está vivo e escondido no Uruguai, onde continua com sua rotina de violência, e planeja sua vingança.

E a trinca de boas ficções nacionais se completa com Nada, de Adriano Guimarães. Drama de realismo fantástico, o longa acompanha a artista plástica Ana, que, às vésperas de inaugurar uma exposição, se vê forçada a voltar para a fazenda onde cresceu. Sua irmã, Tereza, está sofrendo de uma doença misteriosa que a faz perder a capacidade de diferenciar delírio e realidade. Com o tempo, porém, Ana também começa a ter experiências inexplicáveis. A culpa, acredita, pode ser de uma antena instalada nas imediações.

Mas também temos filmes comerciais. Em um dos melhores memes sobre o novo Quarteto Fantástico, a Surfista Prateada diz que Galactus vai destruir a(quela) Terra por não aguentar mais ver Pedro Pascal em todos os filmes. Temos más notícias para o Devorador de Mundos, pois o ator chileno estrela a comédia romântica Amores Materialistas, junto de dois colegas de Marvel. A protagonista do filme é Ana, (Dakota “Madame Teia” Johnson), uma casamenteira bem-sucedida que um dia conhece, literalmente, o Sr. Fantástico, Harry (Pascal). Rico, charmoso, apaixonado e pronto a fazer qualquer coisa para agradá-la. Tudo caminha para um final feliz até (re)aparecer John (Chris “Capitão América” Evans), um garçom candidato a ator que foi seu grande amor e ainda lhe balança o coração. Triângulo amoroso armado, qual será a escolha de Ana?

Quem também anda em fase “arroz de festa” é Jeena “Wandinha” Ortega. Aos 22 anos, ela segue fazendo papéis de adolescente, como na fantasia de terror (com toques cômicos) A Morte de um Unicórnio. A caminho de um encontro de trabalho em uma rica propriedade rural, ela e o pai Elliot — o Homem-Formiga Paul Rudd — atropelam e matam um unicórnio (sério), levando o corpo em sua caminhonete. Na mansão, o patrão de Elliot, um bilionário da indústria farmacêutica, faz experiências e descobre as propriedades de cura dos tecidos do animal. Porém, como nos ensinou Rubeus Hagrid, matar uma criatura mágica tão importante quanto um unicórnio traz graves consequências.

Ainda na categoria sustos, o grande Al Pacino volta às telas em O Ritual, de David Midell. O filme é baseado no livro Begone, Satan (Desapareça, Satã, em tradução livre), publicado em 1928 retratando um exorcismo realizado no mesmo ano em um convento em Iowa, no interior dos Estados Unidos. Pacino vive o frei Theophilus Riesinger, que, com a ajuda do jovem padre Joseph Steiger (Dan Stevens) e de um grupo de freiras, vai tentar tirar o diabo do corpo da jovem Emma Schmidt. Enquanto Riesinger acredita profundamente na ação sobrenatural, Steiger vive uma crise de fé e atribui o estado da moça a problemas mentais, até a situação desafiar sua racionalidade. Sim, é virtualmente o mesmo argumento de O Exorcista, embora o autor deste, William Peter Blatty, dissesse ter se inspirado em outro caso.

Kevin James e Christina Ricci não são geralmente associados a filmes de ação, mas tudo bem, Família à Prova de Balas está mais para comédia com muitos tiros e mortes. Ex-policial, Ray (James) sustenta a mulher Alice (Ricci) e os filhos como brutamontes para um mafioso, tendo um restaurante como fachada. Até que uma missão dá errado e o chefe manda capangas atrás dele. Ray tem que proteger a família e, ao mesmo tempo, manter sua real ocupação escondida dos filhos — alerta de spoiler: Alice também não é uma dona de casa convencional.

Falando em família, o drama sueco Filhos, de Gustav Möller, traz Sidse Babett Knudsen, estrela da série Borgen, como Eva uma guarda penitenciária idealista, comprometida com a reabilitação dos detentos. Seu mundo e suas convicções vêm abaixo quando o assassino de seu filho é transferido para a ala de segurança máxima do presídio. Ela pede transferência para esse setor a fim de confrontar o criminoso e, aos poucos, vê seus ideais perderem a batalha para o desejo de vingança.

Fechando a programação, o documentário Aldo Baldin: Uma Vida Pela Música, dirigido por Yves Goulart, conta a vida do tenor catarinense Aldo Baldin (1945-1994), um dos mais importantes cantores líricos do século 20. Considerado um prodígio desde a infância, estudou canto e violoncelo e graduou-se em música pela UFRJ. Graças ao maestro alemão Karl Richter, conseguiu uma bolsa para estudar em Frankfurt e iniciar uma notável carreira internacional. No filme, colegas, parentes e especialistas discutem a vida e a importância de Baldin, enquanto gravações de época dão testemunho de seu talento.

Confira a programação completa nos cinemas da sua cidade. (AdoroCinema)