Genial/Quaest: Segurança freia recuperação na popularidade de Lula
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Após quatro meses de boas notícias para o Palácio do Planalto, a pesquisa Genial/Quaest (íntegra) divulgada na manhã desta quarta-feira mostra uma queda na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 48% para 47%, e um aumento na reprovação, de 49% para 50%. Embora ambas as variações tenham ficado dentro da margem de erro de dois pontos percentuais, elas marcam a interrupção do movimento de recuperação da aprovação do presidente, registrado ininterruptamente desde junho deste ano.
O aumento na desaprovação de Lula se concentrou nos chamados eleitores independentes, passando de 48% em outubro para 52% neste mês, enquanto a aprovação recuou de 46% para 43%. Curiosamente, a desaprovação de Lula entre eleitores de direita caiu, embora permaneça esmagadoramente majoritária. Na direita não bolsonarista, ela caiu de 89% para 86%, com a aprovação subindo de 10% para 12%. Já entre os bolsonaristas a variação em favor do presidente foi ainda maior, com a reprovação descendo de 89% para 83% e a aprovação passando de 9% para 14%.
Por trás da mudança de humor dos entrevistados está a segurança pública, especialmente após a operação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, em 28 de outubro, e da infeliz frase de Lula de que traficantes seriam “também vítimas dos usuários”. A declaração foi condenada por 81% do público, mesmo entre lulistas (66%) e esquerdistas não lulistas (78%). Já a operação da PM fluminense, que deixou 121 mortos, entre eles quatro policiais, foi aprovada por 67% dos entrevistados e condenada por 25% — somente entre a esquerda não lulista houve equilíbrio entre as posições, com os mesmos 46% aprovando e reprovando a ação. Além disso, a violência permanece a maior preocupação dos entrevistados, mas saltou de 30% para 38%, muito à frente dos 15% de preocupação com a economia, segunda colocada.
“Se o tarifaço mudou a trajetória da aprovação a favor do Lula, a pauta da segurança pública interrompeu a lua de mel tardia do governo com o eleitorado independente”, avalia o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest.
Em que pese a aprovação majoritária à ação policial, 67% dos entrevistados consideram que houve excesso de força por parte das autoridades, e 55% não gostariam de ver uma operação semelhante em seus estados. Ainda no tema da segurança, 46% do público considera que a principal medida contra a violência deveria ser a adoção de leis mais rígidas e penas maiores. Essa opinião só não é majoritária entre a esquerda não lulista, onde 40% preferem incremento na educação e nas oportunidades de trabalho.
O consórcio de governadores, predominantemente de direita, para coordenar ações contra a violência à margem do governo federal dividiu os entrevistados. Para 47% é apenas uma ação política, enquanto 46% consideram uma iniciativa que pode melhorar a segurança. Entre os integrantes do consórcio, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), foi quem se saiu melhor na opinião de 24%, seguido de Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, com 13%. Mas, 31% dos entrevistados não souberam responder a essa pergunta.


