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Um prefeito, um xerife e uma pandemia

Joaquin Phoenix e Pedro Pascal são antagonistas em “Eddington”. Foto: Divulgação

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O ano é 2020. A Covid19 se espalha pelo mundo provocando não apenas mortes, mas divisão em sociedades já profundamente divididas. Esse é o pano de fundo Eddington, comédia/suspense/western moderno do diretor Ari Aster, famoso pelos filmes de terror Midsommar e Hereditário. O onipresente Pedro Pascal vive Ted Garcia, prefeito da cidadezinha do Novo México que dá nome ao longa. Ele quer aplicar as regras de distanciamento social e confinamento, mas é contestado pelo xerife Joe Cross (Joaquin Phoenix). Os dois têm uma longa rivalidade, agravada pelo fato de o prefeito ter “um passado” com a esposa do xerife (Emma Stone). Cross decide então concorrer à prefeitura, criando uma espiral de tensão. Teorias da conspiração, tensão racial, correção política, igrejas pouco éticas, obsessão com redes sociais… Aster transforma a pequena cidade em um microcosmo dos Estados Unidos (e reconhecemos o Brasil ali também).

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Assim como no filme de Aster, a diretora tunisiana radicada no Canada Meryam Joobeur estreia em longas abordando um espinhoso tema atual, a radicalização político-religiosa. A Quem Eu Pertenço gira em torno de Aïcha (Salha Nasraoui), mãe de uma família tunisiana que vive em uma fazenda. Seus dois filhos mais velhos saem de casa de repente, aparentemente para se juntarem ao Estado Islâmico, deixando-a com segundo marido, o caçula, o trabalho pesado e suas misteriosas visões. Um belo dia um dos filhos retorna dizendo que o irmão morreu e trazendo uma esposa grávida cujo niqab roxo só permite ver seus expressivos olhos verdes. A família mantém os dois escondidos, até que fazendeiros vizinhos começam a desaparecer. Aïcha acredita em uma ação sobrenatural, enquanto a comunidade tem explicações mais mundanas e suspeitas em relação à família.

Dirigido por Ana Endara Mislov, Querido Trópico é um drama tocante ambientado na Cidade do Panamá e centrado na relação da cuidadora Ana, uma imigrante colombiana grávida, e sua cliente, Mercedes, uma idosa rica que enfrenta o avanço da demência. Em comum, as duas têm a incerteza em relação ao futuro e a sensação de que, ao menos naquele momento, só podem contar uma com a outra.

Dos filmes nesta semana abordam a temática LGBTQIA+ sob diferentes óticas. O documentário brasileiro Lar, de Leandro Wenceslau, acompanha três famílias dessa comunidade a partir da ótica dos filhos. O filme mostra as questões legais envolvendo adoção, o preconceito e a aceitação. Ao mesmo tempo, o diretor entrelaça as histórias com a própria infância.

Já o drama belga Corações Jovens, escrito e dirigido por Anthony Schatteman, nos guia pelas angústias de Elias, um menino tímido de 14 anos que desenvolve uma atração cada vez maior pelo amigo e vizinho Alexander, igualmente adolescente, mas extrovertido e popular. Uma clássica história de primeiro amor, complicada pelas questões de aceitação, inclusive autoaceitação.

Mas claro que só cinema de arte não vende pipoca. Estreia hoje Truque de Mestre: O 3º Ato, que como o nome indica é a terceira aventura do quarteto de ilusionistas apadrinhado por Morgan Freeman, com Isla Fischer retomando seu personagem do primeiro longa. Desta vez, além de enfrentar uma empresária inescrupulosa que lava dinheiro do crime organizado, os “mágicos” vão ter que lidar com três novos parceiros jovens — certamente colocados ali para atrair a geração Z, já que até Jesse Eisenberg, caçula do grupo original, já passou dos 40. Como acontece nessas franquias, é a mesma fórmula, elevando o nível de exagero das situações.

Nicolas Cage segue impávido na busca pelo título de maior canastrão a já ter ganhado um Oscar. O filme da vez é Sombras no Deserto, que dá tons de história de terror à desconhecida adolescência de Jesus, embora os nomes dos personagens jamais sejam ditos. Cage vive o Carpinteiro, que se refugia no Egito com a esposa e o filho dela, chamado apenas de o Garoto. Conforme os poderes sobrenaturais do rapaz vão se manifestando, a família enfrenta desconfiança, ao mesmo tempo em que o Diabo, na forma de uma jovem da idade do Garoto, começa a tentá-lo. O filme foi massacrado pela crítica, metade pela blasfêmia, metade pela atuação de Cage.

Temos ainda o bilionésimo-nono romance adolescente sobre “opostos que se atraem” — acreditem, não é assim que funciona na vida real. O Bad Boy e Eu junta uma inteligente e talentosa estudante que sonha em ser dançaria (mas é cheerleader mesmo) com um jogador de futebol americano tão esnobe e metido quanto pobre em sinapses. Os dois vão brigar, brigar e brigar até reconhecerem que se amam. Só não conta como desperdício de celuloide porque hoje tudo é registrado digitalmente.

Na mesma linha, mas na Coreia do Sul, um casal vai do conflito ao amor em Meu Pior Vizinho. Lee Seung-jin é um músico que quer tranquilidade para ensaiar e Ra-ni é a vizinha que não quer ninguém morando ao lado e faz tudo para afugentar o rapaz. Claro que um sentimento bonito vai nascer desse antagonismo todo. Mais do mesmo, só falado em outro idioma.

E também do Oriente, mas do Japão, chega o anime Make a Girl. Um rapaz decide usar inteligência artificial para criar a namorada dos seus sonhos. Claro que isso raramente dá certo.

Confira a programação completa nos cinemas da sua cidade. (AdoroCinema)

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