EUA indefinidos, mas tendência é pró-Biden

Ainda não há um vitorioso claro na eleição presidencial americana, mas a tendência foi estabelecida. O democrata Joe Biden está muito próximo de chegar aos 270 votos necessários para se eleger no Colégio Eleitoral e, dos seis estados com resultados em aberto, quatro oferecem caminhos que lhe são favoráveis. Ao presidente Donald Trump, por outro lado, não basta vencer nos outros dois. Com poucos votos por contar, precisa reverter tendências. Da Casa Branca, ontem, Trump escreveu dois tuítes em protesto. “Clamamos os votos eleitorais da comunidade da Pensilvânia (que não permite observadores legais), do estado da Geórgia e do estado da Carolina do Norte, todos com GRANDES margens para Trump”, ele próprio escreveu. “Adicionalmente, clamamos aqui o estado do Michigan onde, factualmente, um grande número de cédulas foi eliminado secretamente conforme amplamente divulgado.” Ambos os tuítes foram marcados pela plataforma como informação questionável e tiveram sua distribuição reduzida. A contagem na Pensilvânia está sendo acompanhada por observadores de ambos os partidos e os três primeiros estados ainda estão contando votos. No Michigan, Joe Biden venceu. “Após uma longa noite contando votos, está claro que estamos vencendo em estados o suficiente para alcançar os 270 votos”, disse Joe Biden ontem à tarde, em discurso. “Não estou declarando ter vencido, mas dizendo que quando a contagem final vier, acredito, seremos os vencedores.” (Assista.) Sua campanha já colocou no ar um site de transição de governo. O objetivo de ambos é ocupar território e gerar a percepção de vitória.

O Arizona vai ser um ponto de confusão entre hoje e os próximos dias — baseadas em suas contas, AP e FoxNews atribuíram seus 11 votos no Colégio para Biden. Nenhum outro veículo chegou à mesma conclusão. Até o fechamento desta edição, 86% dos votos já haviam sido contabilizados no estado, Biden está à frente, a uma distância de 69 mil votos que vem se estreitando. Por isso, nas contas de alguns — inclusive de alguns jornais brasileiros — Biden já tem 264 votos, nas de boa parte da imprensa americana, está ainda com 253. Conforme algum outro estado seja definido entre hoje e amanhã, vai haver quem o declare vencedor. Pode ser prematuro. E há tensão. Durante todo o dia, ontem, militantes trumpistas se juntaram em frente ao prédio onde são contados os votos na cidade de Phoenix com gritos de guerra falando em fraude, roubo e se queixando da TV considerada até ali o principal reduto da direita populista. A FoxNews. (Arizona Republic)

A corrida pelo Senado tende aos republicanos mas a briga é voto a voto. Das cem cadeiras, cada partido já tem 48 e há quatro em disputa. Uma, do Alaska, será republicana — a vantagem é muito grande. Das duas da Geórgia abertas, uma irá para o segundo turno e, a outra, está tão apertada que pode também terminar em segundo turno. Sobra Carolina do Norte, em que os republicanos vencem por um ponto percentual e há votos suficientes para virar. (New York Times)

Pois é... No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro pretende retardar um telefonema de congratulações se Joe Biden vencer. Vai esperar os movimentos do presidente Donald Trump, inclusive possíveis recursos judiciais. (CNN Brasil)

Mais cedo, Bolsonaro já havia se queixado sobre Biden com jornalistas. “O candidato democrata, em duas oportunidades, falou sobre a Amazônia. É isso que vocês estão querendo para o Brasil? É uma interferência de fora pra dentro.” (Estadão)

Seu filho e quase embaixador nos EUA, Eduardo, divulgou no Twitter algumas teorias conspiratórias pró-Trump e anti-Biden.

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Após ver divulgada na noite de terça-feira denúncia contra ele pelo MP do Rio pelos crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e apropriação indébita, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) teve na quarta-feira um dia ainda pior. O Globo obteve e divulgou cópia do depoimento prestado ao MP por Luiza Sousa Paes, que foi assessora do gabinete do 01 na Assembleia Legislativa Fluminense. Ela admitiu que nunca trabalhou de fato para o então deputado e que era obrigada a devolver 90% do salário. Para piorar, ela apresentou extratos bancários de 2011 a 2017 comprovando o repasse de R$ 160 mil para Fabrício Queiroz, ex-braço-direito de Flávio e também denunciado. É a primeira vez que um ex-assessor admite o esquema de “rachadinha” no gabinete do agora senador. (Globo)

Durante o depoimento, feito em dezembro de 2018, Luiza diz ter sido chamada naquele mesmo dia para uma reunião com Frederick Wassef num hotel da Barra da Tijuca. Segundo ela o ex-advogado do senador a orientou a não atender à convocação do MP, afirmou que era “poderoso”, cobrava milhões nas causas em que atuava, mas estava fazendo a defesa de graça porque considerava que aquilo tudo era uma “covardia”. Ela apresentou aos promotores o GPS de seu celular mostrando o trajeto até o local do encontro e as mensagens arquivadas no aparelho. (Globo)

Se a situação já era desagradável o suficiente, piorou com a divulgação da lista das outras 15 pessoas, além de Flávio e Queiroz, denunciadas pelo MP. Os nomes mais importantes são Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro, esposa do senador, e o chefe de gabinete dele, Miguel Ângelo Braga Grillo. A mulher e as filhas de Queiroz também foram denunciadas, assim como vizinhos e amigos do ex-assessor. Parentes de milicianos lotados no gabinete de Flávio e até o corretor responsável pelas transações imobiliárias do político completam a lista. (Globo)

Segundo Bela Megale, Jair Bolsonaro teve um ataque de fúria ao saber da denúncia contra o filho. (Globo)

Justo quando achava que escaparia de um processo por caixa 2 eleitoral, corrupção e lavagem de dinheiro, o senador José Serra (PSDB-SP) virou réu no dia da prescrição do caso. Ele é acusado de receber indevidamente R$ 5 milhões para sua campanha de 2014. Em setembro, o ministro Gilmar Mendes aceitou um pedido da defesa e levou a ação para o STF sob a alegação de que a investigação incluiu o período do mandato, o que daria a Serra foro privilegiado. Aparentemente mudou de ideia e devolveu o caso à Justiça Eleitoral paulista no dia 3, véspera da prescrição – por Serra ter mais de 70 anos, crimes de que seja acusado prescrevem em seis anos, e não 12. Os promotores correram contra o relógio e conseguiram intimar o senador e apresentar a denúncia a tempo de o juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, aceitá-la.

O tribunal misto de deputados estaduais e desembargadores do Rio se reúne hoje para decidir se a denúncia de impeachment contra o governador afastado Wilson Witzer deve ser aceita ou não. Se for, começa o julgamento propriamente dito, com peças de defesa e acusação e depoimentos de testemunhas.

Veja a charge que publicamos às sextas cá neste Meio sendo desenhada e animada hoje, às 15h, por Tony de Marco na Twitch. Basta apontar seu browser para este link.

Viver

O caso de Mariana Ferrer, humilhada por advogados de defesa durante o julgamento do empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprá-la, chegou ao Congresso. Um grupo de deputadas apresentou projeto que altera a Lei de Abuso de Autoridade para incluir o crime de “violência institucional”. A mudança prevê prisão de até um ano e três meses para autoridade que, por ação ou omissão, prejudique “o atendimento à vítima ou testemunha de violência ou causem a sua revitimização”. O “inspirador” do projeto é o juiz Rudson Marcos, que não impediu os ataques a Mariana feitos pelo advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho. Aranha acabou absolvido por falta de provas.

Já o MP de Santa Catarina defendeu a atuação do promotor Thiago Carriço de Oliveira, afirmou que o vídeo com trechos do julgamento foi editado e pediu a divulgação da íntegra. Pelo lado dos advogados, juristas criticaram a postura agressiva de Gastão Filho, mas acham improvável a anulação do julgamento.

A Covid-19 voltou a agitar o meio político de Brasília. Desta vez a doença atingiu o deputado Artur Lira (PP-AL), líder do Centrão e possível candidato do governo à presidência da Câmara. Em vídeo, o próprio Lira anunciou o diagnóstico e disse que não poderá participar de eventos marcados com o presidente Jair Bolsonaro.

Como aconteceu em feriados prolongados anteriores, o número de novas mortes por Covid-19 no Brasil deu um salto, com 622 novos óbitos em 24 horas, contra 276 registrados ontem. Com isso, a média móvel de mortes em sete dias subiu para 384, embora ainda indique tendência de queda. O país tem até agora 5.590.941 infectados e 161.170 mortes.

E uma notícia vai provocar revolta nos defensores dos direitos dos animais. A Dinamarca vai sacrificar 17 milhões de visons (um animal semelhante à doninha) após identificar uma mutação no vírus SARS-COV-2 que impede o doente de desenvolver anticorpos. A mutação foi descoberta após 12 pessoas contraírem Covid-19 de visons, que são criados em cativeiro para produção de casacos de peles. (Globo)

O Congresso aprovou ontem, em sessão virtual, projeto do governo que repassa R$ 1,4 bilhão do MEC para obras de cinco ministérios. O texto, que vai agora à sanção presidencial, passou após o Executivo se comprometer a enviar outro projeto recompondo o dinheiro do MEC – só não se sabe quando.

Seis anos depois de o Colorado quebrar tabus como primeiro estado americano a liberar a maconha, os eleitores do Oregon foram mais longe. Junto com a eleição presidencial de terça-feira, eles aprovaram a descriminalização da posse de pequenas quantidades e uso de todas as drogas, incluindo as ditas pesadas, como LSD, heroína e metanfetamina. Não chega a ser uma liberação geral, pois o tráfico ainda é crime, e os usuários flagrados terão que pagar multa, mas já não correm o risco de serem presos.

Hora da Panelinha. Estar sozinho não é desculpa para comer mal. Nada de descongelar algum prato pronto ultraprocessado. Hoje temos uma dica de prato individual cheio de sabor: a batata rosti com queijo meia-cura – aquela maravilha que nos faz agradecer por Minas Gerais existir. São pouquíssimos ingredientes, um preparo bem menos complexo do que se pensa e um resultado maravilhoso. Ah, e “individual” não quer dizer “solitário”. Faça duas delas, acrescente uma saladinha de rúcula, um vinho e temos um jantar a dois digno de restaurante.

Cotidiano Digital

O Pokémon GO se tornou o terceiro jogo móvel mais rentável do ano. Em apenas 10 meses, gerou US$ 1 bilhão em receita — a sua melhor marca já registrada. Só fica atrás de Playerunknown's Battlegrounds (PUBG) Mobile e Honor of Kings. Depois de viralizar em 2016, o Pokémon GO teve uma queda na popularidade, mas conseguiu se recuperar com atualizações constantes e criação de eventos. Com a pandemia, ainda adaptou os recursos para os usuários poderem jogar dentro de casa.

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Independente do resultado das eleições americanas, o Brasil, junto ao Japão e aos EUA, vai assinar nas próximas semanas um acordo de defesa da segurança nas redes, que pode limitar a Huawei. Os termos ainda estão em discussão, mas tanto o governo americano como o japonês querem uma referência direta à importância da escolha de colaboradores confiáveis para a infraestrutura de 5G. Enquanto os diplomatas brasileiros querem termos genéricos para não ficarem mal com a China. Os EUA, no plano global, e o Japão, no regional, são atualmente os maiores antagonistas do governo chinês.

Cultura

Primeiro longa dirigido por Wagner Moura, Marighella chegará às telas de todo o país no dia 14 de abril de 2021. O filme conta a história de Carlos Marighella (vivido pelo cantor Seu Jorge), político que se tornou guerrilheiro durante a ditadura militar e acabou morto por agentes da repressão no Centro de São Paulo, em novembro de 1969. Moura não esconde a frustração com a demora na estreia, adiada duas vezes. Especialmente porque as filmagens foram concluídas em 2017.

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