Prezadas leitoras, caros leitores —

Que 2021 nos seja leve.

Esta é a primeira edição do ano. Em todo o país, novos prefeitos — além de alguns reeleitos — já começaram a trabalhar. Há ansiedade por novidades sobre a vacina contra a Covid-19. Quando ela chegará ao Brasil? Há ansiedade econômica para dezenas de milhões que deixarão de receber o auxílio emergencial. Há ansiedade generalizada por um ano incerto, que ainda não sabemos se terá cara de 2020 ou se já nos permitirá retornar a uma vida sem máscaras.

Cá no Meio, acompanharemos cada momento junto a vocês. Obrigado pela companhia. =)

— Os editores

Vacina de Oxford pode chegar este mês ao Brasil

A Anvisa autorizou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a importar dois milhões de doses da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca. A autorização não implica liberação imediata da imunização, uma vez que ainda não foi feito o pedido de licença emergencial, o que a Fiocruz pretende fazer até a quarta-feira. A expectativa do Ministério da Saúde é iniciar a vacinação entre os dias 20 de janeiro e 10 de fevereiro. As vacinas que a Fiocruz vai importar foram fabricadas na Índia.

Por falar nisso, clínicas particulares brasileiras estão negociando a compra de cinco milhões de doses de uma vacina produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. Chamado de Covaxin, o imunizante teve o uso aprovado ontem pelo governo da Índia, assim como a vacina de Oxford, que começou também a ser aplicada no Reino Unido.

Painel: “Com o anúncio da Fiocruz no fim de semana de que pretende comprar 2 milhões de doses prontas da vacina da AstraZeneca/Oxford, gestores estaduais de saúde preveem o início de uma corrida para saber quem vai emplacar primeiro a vacinação em massa: o governo federal ou São Paulo, com a Coronavac. A aposta é que Eduardo Pazuello (Saúde) vai antecipar todos os cronogramas para tentar largar na frente de João Doria, que marcou para 25 de janeiro o início da vacinação no estado.” (Folha)

Quer saber quantas pessoas já foram vacinadas em cada país do mundo? O site Our World In Data faz esse levantamento. Quinze países já começaram a imunização. China e EUA foram os que mais aplicaram doses, 4,5 milhões e 4,2 milhões respectivamente, mas Israel lidera no total de doses por cem mil habitantes, 12,59. Nossa vizinha Argentina já aplicou 32 mil doses. O Brasil, como sabemos, sequer está na lista.

Após o fracasso do pregão para comprar agulhas e seringas, quando foram adquiridos somente 2,4% do necessário, o governo federal restringiu ontem a exportação desses produtos. A alegação é que o material é necessário para a vacinação em massa. Já os empresários alegam que o governo quer comprar seringas e agulhas como um só produto, pagando um preço abaixo do praticado pelo mercado.

Então… Gastos com a vacinação e outras despesas, como combate ao desmatamento e de enfrentamento da violência contra mulheres perderam a proteção e podem sofrer bloqueio de recursos. O presidente vetou trechos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 que previa despesas que haviam sido blindadas pelo Congresso. Os vetos, no entanto, ainda serão analisados pelos parlamentares, que podem mantê-los ou derrubá-los. (Globo)

No Rio, o prefeito Eduardo Paes anunciou que a vacinação será feita nas 450 clínicas da família e começará ainda em janeiro, seguindo o programa nacional. Em Manaus a justiça colocou todo o estado em quarentena, liberando apenas atividades essenciais. O Amazonas acumula mais de cinco mil mortes e 200 mil internações. E São Paulo voltou hoje à fase amarela, com reabertura do comércio.

Em todo o Brasil, o domingo teve 287 registros de mortes, ultrapassando 196 mil óbitos pela Covid-19. A média móvel de sete dias ficou em 698, a primeira abaixo de 700 desde 31 de dezembro, mas é importante lembrar que as notificações normalmente caem durante feriados e fins de semana. O mundo ultrapassou 1,1 milhão de casos apenas nos primeiros três dias do ano, segundo a Universidade Johns Hopkins. Desde o início da pandemia, a Covid-19 matou mais de 1,8 milhão de pessoas, com EUA e Brasil na triste liderança.

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Como se não bastasse ter trabalhado por 38 anos em condições análogas à escravidão, Madalena Gordiano, de 46 anos, foi usada pela família que a explorava para obter uma pensão, dinheiro este que ela nunca viu. Madalena foi adotada informalmente aos oito anos pela professora Maria das Graças Milagres Rigueira e passou 24 anos fazendo trabalhos domésticos até ser “dada” a Dalton, filho de Maria das Graças, professor universitário em Patos de Minas (MG). Foi no apartamento dele que fiscais do Ministério Público do Trabalho a resgataram. Agora, auditores revelaram que, em 2001, Madalena foi casada com Marino Lopes da Costa, de 80 anos, tio da esposa de Dalton, mas os dois jamais viveram juntos. Ele morreu pouco depois e, por ser ex-combatente, deixou para Madalena duas pensões que somam R$ 8 mil. O dinheiro era embolsado por Dalton, que, segundo os investigadores, usou-o para financiar a faculdade de medicina de uma das filhas. O advogado da família disse que seus clientes “estão abalados pelo acontecimento e preferem se manter em silêncio”.

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Fique no Verde

Novo ano, mas o rali do bitcoin continua. A criptomoeda bateu mais um recorde e atingiu, ontem, pela primeira vez o valor de US$ 34 mil. Em dezembro, fechou com uma alta de 50%, quando ultrapassou inéditos US$ 20 mil. Para Antoni Trenchev, sócio-gerente e cofundador da Nexo em Londres, a moeda pode chegar a US$ 50 mil no primeiro trimestre de 2021. A alta tem sido motivada pela injeção de recursos dos bancos centrais e também pela entrada de mais empresas e investidores nesse mercado. (Globo)

Por falar em bitcoin… O país que menos utiliza papel moeda no mundo já começou a estudar mudar para uma moeda digital. A Suécia afirmou que sua revisão deve terminar até o final de novembro de 2022. O seu banco central já tem um projeto piloto para criar uma moeda digital com a mesma tecnologia que sustenta moedas como o bitcoin. Ela teria o mesmo valor da coroa sueca, sendo apenas uma versão digital da oficial. (Globo)

O Brasil não está fora dessa discussão sobre a digitalização dos pagamentos. Para Odilon Almeida, presidente da ACI Worldwide, o PIX deve dominar grande parte das transações no futuro. “A grande revolução do mundo são os pagamentos imediatos, que acontecem sem passar pelo network do cartão de crédito e débito. E assim como os cartões atacaram brutalmente as transações com dinheiro, veremos uma grande migração de volumes de transações para os pagamentos imediatos.” diz. “Outra coisa que pode acontecer depois disso é o aparecimento de hubs mundiais, que promoverão os pagamentos transfronteiriços. Você, aqui no Brasil, poderá comprar algo nos Estados Unidos, na Europa, na Argentina, onde for.” (Folha)

Para entender melhor… O CDB é um dos investimentos mais conhecidos pelos brasileiros para aplicações de longo prazo e para quem procura bons rendimentos, com segurança. É um título de renda fixa privado, emitido pelos bancos, que na data de vencimento, já depositam na conta o valor corrigido e líquido de impostos. O rendimento do CDB depende do que foi combinado no momento da aquisição do título, mas é possível conseguir até o dobro da poupança. Saiba como investir.

Política

O Washington Post surpreendeu seus leitores, na edição de domingo, com a gravação de uma conversa do presidente americano Donald Trump com o secretário de Estado da Georgia, Brad Raffensperger. Ao longo de uma hora, o presidente tenta convencer seu companheiro de partido a mudar de alguma forma o resultado das eleições no estado. “As pessoas estão com raiva”, argumenta Trump. “Não há nada de errado em dizer que você refez o cálculo”, ele segue. “Senhor presidente, seu desafio é que o senhor está com dados errados”, responde o secretário. “Veja, só preciso encontrar 11.780 votos”, segue o presidente. “Não tem jeito de eu ter perdido a Georgia”, ele insiste. Em toda conversa, na qual Trump chega a ameaçar sutilmente Raffensperger, sugerindo que ele cometeu um crime, o presidente fala muito mais do que o secretário. É um áudio inédito em eleições americanas. Nunca um presidente foi ouvido pressionando diretamente uma autoridade estadual a mudar o resultado de um pleito.

Então... A Geórgia volta às urnas amanhã. Dois segundos turnos simultâneos decidirão os senadores do estado. Se os democratas vencerem nas disputas, terão maioria no Senado. Na Câmara, já têm. Dentro da margem de erro, a média das pesquisas aponta vitória democrata. (Five Thirty Eight)

E... Com apoio do vice-presidente Mike Pence, um grupo de onze senadores republicanos pretende rejeitar formalmente, em plenário, a eleição de Joe Biden. O resultado foi sancionado por todos os estados do país e questionamentos foram recusados quase 60 vezes em tribunais — incluindo a Suprema Corte. A rejeição formal dos onze, liderados pelo texano Ted Cruz, não tem impacto que não o de animar eleitores para pleitos futuros. (New York Times)

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Por ser deputado estadual na época dos crimes de que é acusado, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) vai ser julgado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio, o que é uma boa notícia para o Zero Um. Além de ser formada em sua maioria por desembargadores da área cível, não criminal, a corte é famosa pela lentidão em casos de foro privilegiado, levando de seis meses a mais de um ano apenas para decidir se aceita ou não um caso. (Folha)

Uma boa notícia constatada pelo Datafolha: a despeito de teorias da conspiração e notícias falsas, 73% confiam nas urnas eletrônicas. Uma má notícia constatada pelo Datafolha: a despeito de 20 anos de uso exclusivo da urna eletrônica sem uma única comprovação de fraude, 23% preferem a volta do voto em papel. (Folha)

Cultura

Ele era um rapaz de Liverpool que tocava guitarra e tinha uma banda de sucesso empresariada por Brian Epstein e produzida por George Martin. Não, não é ninguém em que você está pensando. Estamos falando de Gerry Marsden, líder de Gerry & The Pacemakers, amigos e rivais do Beatles na primeira geração da “Invasão Britânica”. O cantor morreu neste domingo, aos 78 anos, de problemas cardíacos. Além de compartilharem empresário e produtor, os Pacemakers e os Beatles se alternaram no topo das paradas britânicas e conquistaram o coração dos EUA. O grupo se desfez em 1966, mas marcou a música com canções como Ferry Cross the Mersey (Youtube) e a versão para You’ll Never Walk Alone (Youtube), depois adotada como hino alternativo pelo clube Liverpool e recentemente resgatada como tema de apoio aos profissionais de saúde britânicos na luta contra a Covid-19. (Globo)

Muito antes do Google, quando era necessário saber o significado ou a grafia correta de uma palavra, a solução era apelar para um dicionário, o que valeu a esses úteis volumes o apelido de ‘pai dos burros’. E, desde 1975, outro sinônimo para dicionário foi Aurélio, uma referência a Aurélio Buarque de Holanda (1910-1989), organizador do mais famoso e bem sucedido dicionário brasileiro, que até hoje vendeu mais de 15 milhões de exemplares e ajudou a formar o vocabulário de milhões de brasileiros. Agora, o livro Por Trás das Palavras, do jornalista Cezar Motta, conta a história dessa obra, que envolveu décadas de produção e brigas. (Estadão)

Cotidiano Digital

Os CEOs das big techs se deram bem durante a pandemia. Elon Musk foi quem mais viu sua fortuna crescer em 2020: faturou US$ 139,7 bilhões no ano, ultrapassando Bill Gates e Mark Zuckerberg e se tornando o segundo homem mais rico do mundo, com US$ 167,2 bilhões. Logo em seguida, Jeff Bezos enriqueceu US$ 76,9 bilhões em 2020 e manteve sua liderança entre os mais ricos do mundo. De acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg, as 500 pessoas mais ricas do planeta somaram a suas fortunas US$ 1,8 trilhão, um salto de 31%, o maior desde que o ranking foi criado, há oito anos.

Não é só a Apple que está com problemas sobre sua política de cobrança com os desenvolvedores. A Tencent, maior publicadora de games do mundo, teve os seus jogos removidos da loja de aplicativos da Huawei. O motivo foi que as duas empresas chinesas não conseguiram chegar a um acordo sobre a cobrança de compras realizadas pelos usuários. A Huawei insiste levar 50% — valor negado pela Tencent.

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