Prezadas leitoras, caros leitores —

Desde antes de o ser humano se entender como tal, o conflito é uma de suas características. Somos uma espécie gregária, como os demais grandes primatas, o que implica disputas para estabelecer hierarquia social, acasalamento etc. Mas também implica acordo, negociação e diplomacia. Em comparação com nossos primos peludos, tornamos esses processos e seus objetos mais sofisticados. Mas a diferença é só essa.

Porém, cada vez mais — e não apenas no Brasil —, o conflito vem levando a melhor. Isolados em bolhas, transformamos praticamente todos os setores da vida em campos de batalha. O ‘tio reaça’ e o ‘sobrinho comunista’ encontravam denominadores comuns sobre os quais conversar nos almoços de família.

Não mais.

No limite entre a realidade que o nome sugere e a estrutura de ficção que de fato entrega, até o Big Brother reflete/inspira nosso crescente vício em conflito. Não foram poucos os colunistas e espectadores que defenderam a eliminação de Tiago Abravanel por assumir uma postura, por princípio louvável, de conciliação. “Vai estragar o programa.”

Para entender o que está por trás dessa era da discórdia, o Meio conversou com psicanalistas e cientistas políticos que se debruçam sobre o fenômeno e traz suas visões na Edição de Sábado.

Mas não é só isso. Um ambiente de permanente conflito traz sempre em si a promessa de violência. Amplificada pelo racismo e a xenofobia, ela explodiu no assassinato brutal do imigrante congolês Moïse Kabagambe. A Edição de Sábado traz o depoimento de uma brasileira, de família de imigrantes congoleses, assim como Moïse, que nos fala da experiência de fugir do terror da guerra e nem sempre encontrar a paz.

E, no entanto, existem aqueles que insistem em buscar a concórdia. Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco vem acenando com acolhimento à comunidade LGBTQA+. Ouvimos de militantes pelos direitos dos homossexuais na Igreja o peso que a postura do Pontífice traz para essa luta.

Tudo isso na Edição de Sábado, que, como sabemos, é exclusiva para os assinantes premium.

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— Os editores

UTIs para Covid estão em situação crítica em 9 estados

O avanço da variante ômicron no Brasil está deixando os serviços de saúde perigosamente perto do colapso. Segundo dados da Fiocruz, oito estados e o Distrito Federal estão com a ocupação de UTIs para covid-19 em situação crítica, acima de 80%. O pior cenário é no Mato Grosso do Sul, com 103%, ou seja, há mais pacientes do que leitos. (UOL)

E o número de mortes não para de crescer. Ontem foram registrados, segundo o consórcio de veículos de comunicação, 917 óbitos, o que leva a média móvel a 689, a maior desde 26 de agosto do ano passado. Em relação aos 14 dias anteriores, houve uma alta de 168%, bem acima da subida de 58% registrada na média de novos casos. Mais 286.050 novas infecções foram computadas, com média de 188.116 por dia em uma semana. (g1)

Mesmo diante desse cenário, o Ministério da Saúde criou um mecanismo para dificultar a vacinação de crianças, como conta Malu Gaspar. Trata-se de um atestado de “contraindicações relativas”. Na avaliação de especialistas, por ser genérico, o atestado permite aos pais alegarem qualquer justificativa para não vacinar seus filhos. Pela lei, só a Anvisa pode estabelecer contraindicações para medicamentos, incluindo vacinas. (Globo)

Então... Em quinze dias de campanha, o Brasil teria capacidade para imunizar 75% deste público entre 5 e 11 anos. Mas aplicou a primeira dose em apenas 10%. Um dos motivos é a campanha de desinformação estabelecida com apoio nada discreto do governo federal. Mas também faltam imunizantes. Até esta terça-feira, 8 milhões de doses haviam sido distribuídas para vacinar as 20 milhões de crianças. (Estadão)

E o MPF recomendou ontem que o Ministério da Saúde revogue a nota técnica e a portaria assinadas pelo secretário Hélio Angotti Neto atestando a eficácia do kit-covid e contestando a das vacinas. Os documentos contrariam as conclusões da comunidade científica e a própria área técnica do ministério. (Metrópoles)

Enquanto isso... O diretor da OMS na Europa, Hans Kluge, disse que o continente está entrando num “cessar-fogo” da pandemia que pode se converter em “paz duradoura”. Para isso, afirma, é preciso “consolidar e preservar a imunidade mantendo a vacinação e reforço”. (CNN Brasil)

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O policial militar Alauir Mattos de Faria, conhecido como dono do quiosque Biruta, na Barra da Tijuca, Rio, ocupa irregularmente o estabelecimento. Foi lá o último lugar em que Moïse Kabagambe, o cidadão do Congo brutalmente assassinado na praia, havia trabalhado. A concessão, de acordo com a Prefeitura do Rio, está em nome do empresário Celso Carnaval. A Polícia investiga como ocorreu a transferência ilegal para o PM. (g1)

Meio em vídeo. Quando foi a última vez que um rapaz africano foi amarrado e açoitado até a morte na vara no meio da praça pública e ninguém interferiu? O brutal assassinato de Moïse Kabagambe remete a uma imagem que se repetiu e se repetiu por quatro séculos no Brasil. Vivemos um tempo em que a morte nos assombra — e ela tem inspiração. Precisamos ter uma conversa mais a fundo sobre as cicatrizes do bolsonarismo. Confira no Ponto de Partida. (YouTube)

E em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, o sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra matou com três tiros seu vizinho Durval Teófilo Filho, um homem negro que chegava do trabalho. Na delegacia, Bezerra alegou ter achado que a vítima era um ladrão e foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. “Se fosse um branco, teriam atirado?”, questionou Fabiana Teófilo, irmã de Durval. (g1)

Enquanto isso... O STF determinou, por unanimidade, que o governo do Rio de Janeiro estabeleça um plano para reduzir a letalidade das ações policiais no estado. O governo tem 90 dias para apresentar o documento, que deve ter medidas objetivas, cronogramas específicos e a previsão de recursos necessários para sua implementação. (Poder360)

A ampliação pelo governo paulista do número de escolas em tempo integral sem coordenação com a prefeitura da capital está sendo apontada como motivo para 14 mil crianças paulistanas não terem conseguido vaga no 1º ano do ensino fundamental. As escolas estaduais respondiam por 60% das vagas nessa etapa da educação na capital, mas de 2019 para este ano, o governo ampliou de 417 para 2.050 o número de escolas em horário integral, o que reduziu drasticamente o número de vagas. Sem articulação prévia, a prefeitura não teve como absorver esses novos estudantes. Pelo menos desde 2007 não havia fila de espera por matrículas nessa etapa. (Folha)

Abrem hoje, às 21h, as Olimpíadas de Inverno em Beijing. O Sport TV vai transmitir os jogos pela TV paga ou via streaming, no Globoplay.

Política

O presidente Jair Bolsonaro (PL) precisa do eleitorado evangélico, mas não o tem. Ao menos, não por completo. Segundo o PoderData, 41% dos eleitores nesse segmento consideram seu trabalho ruim ou péssimo, com elevação de dois pontos em relação à pesquisa anterior, dentro da margem de erro. Já os que acham bom ou ótimo ficaram estáveis em 35%. E esse é o grupo religioso mais favorável a Bolsonaro. Entre os católicos, por exemplo, 58% o acham ruim ou péssimo e 23% ótimo ou bom. Na população em geral, ruim ou péssimo subiu de 50% para 53%, mas ótimo ou bom teve uma variação positiva maior, de 22% para 27%. (Poder360)

E por falar em Bolsonaro, o presidente estimou hoje que 11 ministros deixem o governo em abril para disputar as eleições. “Obviamente que vamos ter ministérios-tampão. Da minha parte, vocês só vão saber via ‘Diário Oficial da União’”, disse aos jornalistas, após se encontrar em Rondônia com Pedro Castillo, presidente do Peru. (g1)

O PT anunciou ontem ter desistido de lançar o senador Humberto Costa ao governo de Pernambuco, em favor de um candidato do PSB, possivelmente o deputado Danilo Cabral. De um lado, a decisão reduz o atrito entre os partidos, que negociam formar uma federação; de outro, aumenta a pressão sobre o socialista Márcio França para que ceda ao petista Fernando Haddad a candidatura ao governo de São Paulo. (Poder360)

Pré-candidata do MDB ao Planalto, a senadora Simone Tebet (MS) anunciou ontem que seu programa econômico será coordenado por Elena Landau, responsável pelo programa de privatizações no governo Fernando Henrique. Ontem mesmo a economista defendeu o teto de gastos, uma revisão nas despesas da União e a volta do Ministério do Planejamento. E brincou: “Temos a necessidade de transformar o Orçamento. Ele foi rebaixado para a segunda divisão e agora tem que voltar para a primeira divisão, igual o meu Botafogo.” (Estadão)

Diante da aparente pouca animação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com a própria candidatura ao Planalto, Gilberto Kassab, presidente do partido, já fala em alternativas. Em entrevista à GloboNews, mencionou o governador gaúcho Eduardo Leite, que perdeu as prévias do PSDB para João Doria, e o ex-governador capixaba Paulo Hartung (sem partido). Kassab descartou o apoio a Lula (PT) no primeiro turno, mas reconheceu que, “se Pacheco não for para o segundo turno”, a maioria do partido deve aderir ao ex-presidente. (g1)

Leite até aceita, mas impõe condições. Segundo Guilherme Amado, o governador gaúcho espera um clamor público dos políticos que o apoiaram nas prévias do PSDB, de lideranças de outros partidos e de pessoas de fora da política, como empresários e integrantes da sociedade civil. (Metrópoles)

Enquanto isso... A carta enviada pelo presidente do TSE, ministro Roberto Barroso, ao fundador do Telegram, Pavel Durov, voltou, descobriu a jornalista Roseann Kennedy. Os correios tentaram entregar a tentativa de contato oficial por quatro vezes entre 26 e 29 de dezembro. Em duas, o carteiro não foi atendido. Nas outras, não havia ninguém. O serviço de mensagens russo com sede em Dubai está entre as principais preocupações da Justiça Eleitoral no que se refere a desinformação. (Poder 360)

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou ontem a morte de Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurayshi, líder do Estado Islâmico na Síria, numa ação militar americana. A ONG de defesa civil Capacetes Brancos, que atua na região, relata pelo menos outras 13 vítimas, sendo seis crianças e quatro mulheres. O Pentágono divulgou uma nota lacônica informando que não houve baixas entre as tropas americanas, mas sem mencionar a morte de civis. (CNN Brasil)

Cultura

Começa hoje no Rio e chega a São Paulo no domingo a primeira edição do Festival Instrumental Brasil (Fibra), que terá como grande destaque a apresentação de uma música inédita do sanfoneiro, cantor e compositor Dominguinhos (1941-2013), um dos homenageados no evento. A faixa estava em fitas cassete que o artista enviava para o amigo Chico Buarque acrescentar letras. Chico as encaminhou à produção do Fibra, que as digitalizou e entregou a Liv, filha de Dominginhos. Ela também recebeu duas melodias que estavam com Gilberto Gil, parceiro do sanfoneiro em clássicos como Abri a Porta (Spotify). Outro destaque do festival é a primeira apresentação da Orkestra Rumpilezz após a morte, em outubro, de seu fundador Letieres Leite. (Globo)

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Enquanto o Oscar não vem, o Bafta, mais importante prêmio britânico de cinema, anunciou ontem sua lista de indicados. Duna (trailer), de Denis Villeneuve, lidera em 11 categorias, seguido de Ataque dos Cães (trailer), de Jane Campion, com oito, e Belfast (trailer), de Kenneth Branagh, com seis. A premiação acontecerá no dia 13. Confira a lista completa. (g1)

Para ler com calma. O Spotify está no centro de uma polêmica em que artistas tradicionalmente engajados, como Neil Young e Joni Mitchell, retiram suas músicas do serviço em protesto contra o conteúdo negacionista no podcast do comediante Joe Rogan, contratado com exclusividade pela plataforma. Astros pop como Taylor Swift são cobrados para se posicionarem. Mas o problema é que o Spotify se tornou um “mal necessário”. O streaming já responde por 84% do faturamento da indústria da música nos EUA, e a plataforma tem mais que o dobro de assinantes que sua concorrente mais próxima, a Apple Music. Artistas podem reclamar, mas as gravadoras estão muito felizes com a parceria. (Folha)

Então... O Spotify tem um peso enorme para jovens artistas. Olivia Rodrigo, nova sensação pop dos EUA, atingiu a marca de 5,8 bilhões de streamings, ultrapassando nomes como Ariana Grande. (Estadão)

Cotidiano Digital

Pois é… O TikTok, da gigante chinesa ByteDance, e outros aplicativos de empresas estrangeiras estão na mira do governo Joe Biden. Os EUA querem revisar normas federais a fim de lidar com potenciais riscos dessas plataformas à segurança. O Departamento do Comércio concluiu recentemente um período de comentários públicos sobre a mudança de regra proposta para aplicativos que poderiam ser usados por “adversários estrangeiros para roubar ou de outra maneira obter dados”. Na prática, apps de outros países considerados riscos inaceitáveis à segurança seriam barrados. Isso poderia forçar plataformas de mídia social, como TikTok, a se submeter a auditorias, exames de seus códigos fontes e monitoramento do uso dos dados dos usuários. (Época Negócios)

O Instagram começou a liberar um novo recurso para pedir que você se desligue um pouco da rede social. É isso mesmo. Nesta quinta-feira, a plataforma lançou o “Faça Uma Pausa” no Brasil. A novidade permite que usuários ativem lembretes para deixarem o Instagram de lado e não passarem tempo excessivo conectados. Neste lembrete, a rede aconselha que o usuário deixe o aplicativo por um tempo para fazer outras atividades, como ouvir música ou fazer algo de sua própria lista de tarefas. Saiba como ativar o recurso. (iG)

E o Banco Central informou ontem sobre o vazamento de dados cadastrais relacionados ao PIX de clientes da instituição financeira Logbank Soluções em Pagamentos S/A. Informações de 2.112 chaves PIX contendo o nome do usuário, CPF, instituição de relacionamento e o número da conta, foram expostas. Segundo o BC, as pessoas que tiveram seus dados cadastrais obtidos a partir do incidente serão notificadas. (g1)

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