Xi diz a Lula querer trabalhar por ‘autossuficiência do Sul Global’

Receba as notícias mais importantes no seu e-mail
Assine agora. É grátis.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou com Xi Jinping, o presidente da China, por cerca de 1 hora na manhã desta terça-feira. A imprensa chinesa relata que, durante a conversa, Xi assegurou a Lula que “a China está pronta para trabalhar com o Brasil para estabelecer um exemplo de unidade e autossuficiência entre os principais países do Sul Global”. O líder chinês ainda deu seu apoio ao “povo brasileiro na defesa de sua soberania nacional” e acrescentou que os países do Brics devem “defender, juntos, as normas básicas que regem as relações internacionais e proteger os direitos e interesses legítimos dos países em desenvolvimento”. O telefonema aconteceu a pedido de Lula. No comunicado brasileiro, foi informado também que China e Brasil “comprometeram-se a ampliar o escopo da cooperação para setores como saúde, petróleo e gás, economia digital e satélites”. A ligação ocorre depois de Lula ter conversado, na semana passada, com Vladimir Putin, presidente da Rússia, e Narendra Modi, da Índia, e em meio ao tarifaço imposto por Donald Trump, que acusa o Brics de ser “anti-Estados Unidos”. No entanto, no caso chinês, Trump prorrogou a trégua tarifária por mais 90 dias. (Folha)
Já no caso brasileiro, a primeira reunião de alto nível para discutir o tarifaço foi cancelada por conta da ofensiva do lobby encabeçado pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto ao governo de Donald Trump. Foi o que disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à GloboNews. Marcado para amanhã, o encontro virtual reuniria, pela primeira vez, Haddad e o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, que chegou a mandar link da reunião. “A militância antidiplomática dessas forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca tomou conhecimento da minha fala, porque eu dei a público que ia me reunir com o Bessent na quarta-feira, e agiram junto a alguns assessores do presidente Trump”. Eduardo Bolsonaro afirmou que não teve culpa pelo cancelamento e disse que o ministro da Fazenda “prefere culpar terceiros por sua incompetência”. (GloboNews e Folha)
Haddad também criticou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por acreditar que o presidente Lula resolveria a crise do tarifaço fazendo uma ligação direta para Trump. “Ele está sendo um pouco ingênuo”, disse o ministro da Fazenda na mesma entrevista. “Talvez [ele seja] uma pessoa que ainda não tem traquejo nas Relações Internacionais.” Tarcísio rebateu as críticas e afirmou que cabe a Haddad “falar menos e trabalhar mais”. (CNN Brasil)
O ministro da Fazenda ainda afirmou que a medida provisória que o governo prepara para ajudar os exportadores afetados pelo tarifaço americano vai atuar em três frentes: financiamentos, incentivos tributários e ajustes nas compras governamentais. Haddad disse que o texto também trará reformas estruturais para ampliar o alcance dos instrumentos de apoio à exportação. A proposta está programada para ser apresentada pelo presidente Lula nesta terça-feira. (Globo)
Dos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro mandou um recado para o governo brasileiro por meio do jornal britânico Financial Times. Em entrevista à publicação, Eduardo afirmou que o governo americano planeja novas sanções contra o Brasil. “Sei que [Trump] tem uma série de possibilidades em sua mesa, desde sancionar mais autoridades brasileiras até uma nova onda de retiradas de vistos, até questões tarifárias”, disse o deputado. (Financial Times)
A atuação de Eduardo Bolsonaro tem angariado críticas no meio político brasileiro. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), um dos ameaçados de ser enquadrado na Lei Magnitsky, afirmou que o Conselho de Ética da Casa vai analisar a atuação do parlamentar nos Estados Unidos. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, disse que a postura de Eduardo é “totalmente inadequada”. (Estadão)
O governo brasileiro montou uma força-tarefa para contestar formalmente o tarifaço americano nos Estados Unidos. Além de uma série de servidores experientes em negociações comerciais, a equipe conta com o apoio de um escritório americano de advocacia. De acordo com o Itamaraty, o escritório Baker McKenzie foi contratado para agir em nome do Brasil. O primeiro documento oficial deve ser entregue ao Escritório do Representante de Comércio dos EUA no dia 18 de agosto. (Valor)
Um relatório anual sobre direitos humanos do Departamento de Estado dos EUA deve ser transmitido ao Congresso americano hoje e, segundo o Washington Post, o documento vai ter como alvos o governo da África do Sul, por alegados maus-tratos aos africâneres brancos, e o governo brasileiro por sua suposta perseguição a Jair Bolsonaro. O texto cita especificamente Alexandre de Moraes, afirmando que ele “ordenou pessoalmente a suspensão de mais de 100 perfis de usuários na plataforma de mídia social X (antigo Twitter)” de uma forma que impactou os apoiadores de Bolsonaro na extrema direita. (Washington Post)
Meio em vídeo. Pedro Doria e Flávia Tavares entrevistaram, na semana passada, o cientista político Sérgio Abranches. Ele defende uma coisa que poucos no ramo dele estão argumentando: o fim do bolsonarismo já começou. A manchete da Folha, no sábado, diz o oposto. Que ainda nos dividimos entre petistas e bolsonaristas. Quem está certo? A análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)
O senador e pré-candidato à presidência da Colômbia, Miguel Uribe Turbay, morreu pouco mais de dois meses após ser baleado na cabeça em Bogotá durante um comício político. Turbay estava internado em estado crítico desde o dia 7 de junho, quando foi vítima do atentado. No sábado, ele sofreu uma hemorragia cerebral, foi sedado profundamente e faleceu nas primeiras horas da madrugada desta segunda-feira. (El Tiempo)
“Ninguém pode ter a ilusão de achar que não há conflito em democracias. Não, os regimes democráticos são muito conflituosos”. A afirmação do cientista político Octavio Amorim Neto em Democracia: Uma História Sem Fim revela uma verdade incômoda: o conflito é parte do jogo democrático — e ignorá-lo abre espaço para que ele seja usado contra a própria democracia. Exclusivo no streaming do Meio, o documentário mostra como esses mecanismos atuam e quais ameaças rondam o Brasil hoje. Assine o Meio Premium e assista.
Carteira Alternativa
O mercado de crédito privado vem atraindo cada vez mais pequenos investidores, com destaque para os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que no início de 2025 tiveram 81% das novas emissões adquiridas por pessoas físicas. Esses títulos de renda fixa conectam o investidor ao mercado imobiliário por meio de financiamentos, construções ou contratos de aluguel de longo prazo, pagando juros periódicos e o valor investido no vencimento. A rentabilidade pode ser prefixada ou atrelada a indicadores como o IPCA ou o CDI, e seu valor oscila conforme juros, inflação e desempenho da economia. Dentro deste segmento, o PeerBr já detém 19,2% do mercado e o Grupo GCB, seu controlador, lidera o segmento via Resolução CVM 88, com quase 20% de participação. (Meio)
Mais de 100 milhões de brasileiros têm hoje investimentos em renda fixa, que somam R$ 2,8 trilhões, uma alta de 20% no número de investidores e de 23% no volume aplicado na comparação entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo período de 2024, segundo a B3. A maioria está em CDBs e RDBs, escolhidos por 99,1 milhões de pessoas. Mas o Tesouro Direto também bateu recorde, com três milhões de participantes, 14% a mais que um ano antes, e títulos indexados ao IPCA e à Selic concentram mais de 70% do saldo. Já na renda variável, o crescimento foi mais tímido, de 5,1 para 5,4 milhões de investidores. (Veja)
A taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano, influencia diretamente uma série de investimentos de forma direta e indireta. O mercado, inclusive, projeta que o ciclo de cortes só comece em dezembro ou no início de 2026, mas a intensidade deve depender do cenário fiscal e eleitoral. Estudo da Outpod prevê taxa entre 9,5% e acima de 12% no fim de 2026, com PIB variando de 1% a 4% e risco de recessão em 2027. A incerteza aumenta com as tarifas de 50% dos EUA sobre exportações brasileiras, que podem desvalorizar o real e encarecer importados. (InfoMoney)
Viver
Após a repercussão de um vídeo em que o youtuber e humorista Felca denuncia o influenciador Hytalo Santos por exploração de menores, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse que vai pautar projetos de lei sobre proteção de crianças nas redes sociais nesta semana. Apenas nesta segunda-feira, foram protocolados sete projetos que tratam de temas como criminalização da “adultização” de crianças e medidas preventivas contra exploração e sexualização de menores nas plataformas. (g1 e Globo)
Um levantamento do Todos Pela Educação, com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C) e do Censo Escolar, apontou um aumento da desigualdade no acesso a vagas em creches no Brasil. Enquanto o ingresso passou de 56% em 2023 para 60% em 2024 para crianças de zero a três anos entre os 20% das famílias mais ricas, houve uma queda de 31,3% para 30,6% no mesmo período entre as mais carentes. Segundo a Pnad, 28,3% das famílias mais pobres disseram não terem matriculado os filhos na creche por falta de vagas, contra 6,1% entre os mais ricos. (Globo)
O debate nas redes sobre o projeto de lei que afrouxa as regras para o licenciamento ambiental foi predominantemente negativo mesmo depois de o presidente Lula a vetar trechos do texto. É o que aponta uma pesquisa da Quaest. Foram 64 mil menções ao tema entre 1º de agosto e esta segunda-feira, com pico na sexta-feira, de quase 12 mil menções, um alcance médio diário de 11,4 milhões de pessoas. O sentimento em relação à lei permaneceu predominantemente negativo (70%), com 19% de menções positivas e 11% neutras. (Metrópoles)
Panelinha no Meio. Sobrou carne do churrasco e quer reaproveitá-la de maneira prática e saborosa? Dá pra fazer um arroz caldoso de costelinha ou de qualquer outro assado nesta receita rápida.
Cotidiano Digital
A Uber começa a implementar nesta semana um novo processo de verificação para todos os usuários no Brasil, que passarão a ter um selo visível para motoristas antes de a corrida ser aceita. O país é o segundo a adotar a medida, já em funcionamento nos EUA, que cruza informações já cadastradas como nome e telefone com bases de dados externas. Parte dos usuários será verificada automaticamente, mas outros precisarão enviar documento de identidade e selfie. A iniciativa se soma a recursos como validação via cartão de crédito, verificação de CPF para pagamento em dinheiro e um sistema de machine learning que monitora padrões de viagem para bloquear corridas de risco. (CNN Brasil)
Elon Musk confirmou que a Tesla dissolveu a equipe do supercomputador de treinamento de IA Dojo, poucas semanas após anunciar planos para expandi-lo. O projeto, que receberia um chip próprio de segunda geração (D2) e teria nova instalação em Buffalo, será substituído pelo foco nos chips AI5 e AI6, produzidos pela TSMC e Samsung, que alimentarão tanto o sistema de direção autônoma quanto robôs humanoides, além de treinar inteligência artificial em larga escala. Musk disse que a estratégia evita dividir recursos e reduz custos ao concentrar muitos chips em uma única placa, o que ele chamou de “Dojo 3”. (TechCrunch)
Meio em vídeo. O Runway Aleph pode alterar radicalmente as características de um vídeo: imagine poder mudar o cenário, o personagem, ou o ângulo da câmera com um pedido simples. Revoluções por Segundo é o programa do Meio que fala sobre inteligência artificial. Apresentado pelo azulado Grog, Nelson Porto e Marck Al. Confira o novo episódio. (YouTube)
Cultura
A cinebiografia de Bruce Springsteen estrelada por Jeremy Allen White, Springsteen: Salve-me do Desconhecido, vai estrear no Spotlight Gala do Festival de Cinema de Nova York em 28 de setembro com a presença do próprio cantor. Dirigido por Scott Cooper, o longa é uma adaptação do best-seller de Warren Zanes de 2023, Deliver Me from Nowhere: The Making of Bruce Springsteen's Nebraska. A história se passa no início dos anos 1980, quando The Boss criou as canções acústicas que se tornariam seu mítico álbum Nebraska, enquanto gravava demos para Born in the USA, que o tornou famoso globalmente. O filme chega aos cinemas brasileiros em 30 de outubro. (Deadline)
Já a Apple TV+ estreará sua série documental sobre Martin Scorsese em 17 de outubro. Dirigido por Rebecca Miller, Mr. Scorsese terá cinco partes mostrando arquivos exclusivos e irrestritos do cineasta e extensas entrevistas com o próprio Scorsese, seus amigos, familiares e colaboradores criativos, incluindo Robert De Niro, Leonardo DiCaprio, Steven Spielberg e Cate Blanchett. (Variety)
Morreu, aos 68 anos, o musicólogo Carlos Palombini, pioneiro dos estudos acadêmicos sobre o funk no Brasil. Ele era professor visitante do Museu Nacional, após lecionar por muitos anos na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Palombini foi o primeiro pesquisador em um departamento de música no Brasil a estudar sobre o funk, ainda nos anos 2000, buscando mostrar o valor estético do ritmo para além da sociologia e debater a relação entre música e questões de gênero. (Folha)
No Dia Nacional das Artes, que tal dar uma pausa e mergulhar numa nova forma de olhar para a História da Arte? No nosso YouTube, está disponível a aula inaugural do curso O Tempo e o Agora: História da Arte para Hoje, com Yuri Quevedo. Um convite para você enxergar grandes obras com os olhos do presente. Assista aqui e aprofunde-se no curso completo.