Massacre no Pará é o maior desde o Carandiru

Ao menos 57 presos foram mortos, 16 deles decapitados, 36 por asfixia, no confronto entre facções dentro do Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Pará. A rebelião não culminou só com a maior chacina do ano dentro de presídios do país. É também o maior massacre dentro de presídio desde o ocorrido no Carandiru, que deixou 111 detentos mortos. É também o quinto conflito com alta letalidade nas penitenciárias desde janeiro de 2017. A guerra aberta entre grupos rivais já deixou 227 vítimas fatais. (Globo)

Em disputa está o controle da tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, talvez a principal porta de entrada de cocaína no país, numa rota que se inicia lá e desce o rio Solimões até Manaus. Entre os diversos grupos organizados de tráfico, nenhum tem hegemonia no Pará. Há uma ascensão do Comando Vermelho, e as principais vítimas ontem eram justamente do CV, atacados pelo Comando Classe A — CCA. A polícia trabalha com expectativa de retaliação. (Estadão)

A rota se tornou estratégica porque a outra, chamada Rota Caipira, que tem entrada por Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, foi dominada pelo PCC. Pelo menos um especialista percebe uma aliança formada entre CCA e PCC. (Ponte)

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, conversou com o governador do Pará, Helder Barbalho, e se comprometeu a transferir para presídios federais líderes de facções criminosas responsáveis pelas mortes. O governo do Pará anunciou, ainda, que outros 36 detentos serão remanejados. (Estadão)

Altamira tem capacidade para 163 presos, mas nesse mês contava com 343, apontou um relatório divulgado pelo Conselho Nacional de Justiça. As condições do estabelecimento penal foram classificadas como ‘péssimas’. Entre os problemas, a unidade convive com superlotação e número baixo de agentes penitenciários para garantir a segurança do local. O juiz responsável pela avaliação apontou, ainda, a ‘necessidade de nova unidade prisional urgente’. (BBC)

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Comentando ontem com jornalistas o desfecho do caso de atentado contra sua vida enquanto deixava o Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro se mostrou incomodado com o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. “Por que a OAB impediu que a Polícia Federal entrasse no telefone de um dos caríssimos advogados? Qual a intenção da OAB?” A polícia não foi autorizada a quebrar o sigilo telefônico do advogado de Adélio Bispo, o autor da facada. Num repente, Bolsonaro partiu para o pessoal. “Um dia se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto. Ele não vai querer ouvir a verdade.” (G1)

Como já é praxe após este tipo de afirmação de Bolsonaro, o caso dominou o dia. “Todas as autoridades, inclusive o Senhor Presidente da República, devem obediência à Constituição”, afirmou em nota, assinada pelo conjunto de seus diretores, a OAB. “Tem entre seus fundamentos a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos.” Santa Cruz respondeu em seu Facebook. “O mandatário da República deixa patente seu desconhecimento sobre a diferença entre público e privado, demonstrando mais uma vez traços de caráter graves: a crueldade e a falta de empatia.”

À tarde, o presidente escolheu cancelar um encontro marcado com o chanceler francês para entrar numa live e cortar o cabelo. “O pai do Santa Cruz integrava a Ação Popular no Recife, era o grupo mais sanguinário que tinha”, ele disse. “Ele, que era jovem, veio pro Rio de Janeiro. O pessoal da AP ficou estupefato, ‘como pode esse cara vir se encontrar com a gente, o contato tinha de ser com a cúpula da AP no Recife. Eles resolveram sumir com o pai do Santa Cruz. Não foram os militares que mataram ele.” (Vídeo)

O registro histórico informa o contrário, conta Bernardo Mello Franco. O relatório RPB 655, do Comando Costeiro da Aeronáutica, atesta que o estudante Fernando Santa Cruz foi preso pelo regime em 22 de fevereiro de 1974. Ele estava sob custódia das Forças Armadas quando desapareceu. (Globo)

Aliás... O próprio governo Bolsonaro emitiu atestado de óbito do estudante “em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro”, lembra Guilherme Amado. (Época)

A Polícia Federal não tem nenhum indício que sugira alguém ter contratado o hacker Walter Delgatti para violar os Telegrams da República. Mas desconfia. Os investigadores leram como ameaça velada o comunicado, feito pelo advogado de Delgatti, de que ele mantém cópias do material, no exterior, com pessoas de sua confiança. Segundo Valdo Cruz, a informação alimenta a impressão de haver uma rede envolvida na operação. (G1)

Há uma coincidência de datas envolvendo a publicação do hack. Delgatti procurou a deputada gaúcha Manuela D’Ávila em 12 de maio, e no mesmo dia o jornalista Glenn Greenwald entrou em contato com ele. Foi nove dias depois, organiza Merval Pereira, que Greenwald entrevistou o ex-presidente Lula, seguindo autorização da Justiça, em Curitiba. Ele já tinha os vazamentos em mãos. Em 9 de junho iniciou a publicação do material. (Globo)

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HealthTech

Uma equipe da Universidade da Califórnia em San Diego criou uma lente de contato capaz de dar zoom. O que a película sobre o olho faz é perceber os impulsos elétricos ligeiros na superfície do olho. Estes impulsos são distintos de acordo com um olhar para cima ou para baixo, para os lados ou um piscar. Por conta disto, a lente é capaz de perceber, por exemplo, se os olhos piscaram duas vezes e, assim, mudar a distância focal. As piscadelas são o comando para o zoom.

Às vezes, a inovação tecnológica muda o comportamento das pessoas de forma inusitada. Smartphones habituaram todo mundo a conveniências -  o carro que se chama pelo aparelho, a entrega de comida a qualquer momento. E esta busca vem fazendo com que aumente, no Brasil, a busca por exames laboratoriais em domicílio. Há anos laboratórios oferecem o serviço — mas eram, em grande parte, desconhecidos. Vive um boom não por ser novo, mas porque o mundo mudou à volta e as pessoas agora desejam este conforto.

Em geral, presta-se pouca atenção no negócio administrativo da saúde. Nos EUA, o problema é ainda maior do que o brasileiro, com planos de saúde complexos e carregados de exceções, hospitais com políticas distintas e a separação de pagamentos entre médicos e as instituições onde trabalham. Softwares capazes de organizar de forma simples todas as informações, entender o que cobrar de quem e a quem pagar, já são um negócio que rende dezenas de bilhões de dólares ao ano. Em muitos casos, os próprios hospitais são acionistas das empresas que criam estes programas. E começou uma corrida entre os maiores grupos hospitalares americanos, todos investindo pesado no negócio do software para revenda a concorrentes de menor porte.

Viver

A Terra Indígena Wajãpi, palco de tensões desde a semana passada, quando um líder indígena morreu em meio a relatos de uma invasão de garimpeiros, desperta interesses por seus recursos minerais desde os anos 1960 e ocupa parte da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados) - área na divisa do Pará e do Amapá que ganhou os holofotes em 2017, quando o então presidente Michel Temer tentou extingui-la. Reportagem da BBC Brasil resgata o histórico envolvendo a disputa pelo potencial minerário da área wajãpi, objeto de grande especulação. Sabe-se que há ouro, por exemplo, porque garimpeiros já extraíram o metal do território. Embora seja cobiçado, o subsolo da região jamais foi estudado em profundidade, e o relevo acidentado do território tende a dificultar operações mais vultosas.

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O Planeta Terra atingiu ontem o ponto máximo de uso de recursos naturais que poderiam ser renovados sem ônus ao meio ambiente. A partir de agora, todos os recursos usados para a sobrevivência (água, mineração, extração de petróleo, consumo de animais, plantio de alimentos com esgotamento do solo, entre outros pontos) entrarão em uma espécie de "crédito negativo" para a humanidade. Em 2019, a humanidade atingiu a data limite três dias antes que em 2018 – e mais cedo do que em toda a série histórica, medida desde 1970. Em artigo publicado na revista Nature, cinco pesquisadores afirmam que nem mesmo episódios históricos como a "Pequena Era do Gelo" – resfriamento acentuado registrado entre os anos 1300-1850 – se comparam com o que está acontecendo no momento no mundo.

A polícia de SP decidiu, ontem, não indiciar Neymar pelos crimes de estupro e agressão. O jogador de futebol foi acusado pela modelo Najila de Souza e o MP tem 15 dias para oferecer denúncia, pedir arquivamento ou novas diligências.

Pan-Americano 2019. Isaquias Queiroz é medalha de ouro na canoagem de velocidade e Milena Titoneli é 1ª brasileira a conquistar o ouro pelo taekwondo do Pan. Confira o quadro de medalhas.

E um vídeo pra quem ama queijo: peças de mozzarella com as cores do arco-íris. O corante alimentar é feito de frutas e legumes desidratados.

Cultura

Não é sobre anti-heróis ou heróis relutantes em assumir seu título. The Boys, série de oito episódios da Amazon, é sobre heróis efetivamente crueis que matam impunemente e se preocupam mais com os lucros do que com as pessoas que deveriam salvar. É a adaptação da HQ homônima criada por Garth Ennis e Darick Robertson. A segunda temporada já foi confirmada.

E o desenho animado Smurfs, clássico dos anos 1980, terá 52 episódios clássicos disponibilizados em streaming. O conteúdo já pode ser encontrado nas seguintes plataformas digitais: Now, Looke e Vivo Play.

Para ler com calma. Nos dias subsequentes à estreia de O Exorcista, foram relatados casos de espectadores passando mal durante as sessões, protestos de padres em salas de cinema e filas intermináveis por conta de todo o burburinho gerado pelo longa. O filme completou 45 anos em 2018 e ainda é considerado um dos mais assustadores de todos os tempos. Mas afinal, o que está por trás do seu sucesso? Marlan Moore, doutor em estudos cinematográficos pela Universidade de Illinois, diz que os acontecimentos do filme podem ser lidos como alegorias para “a rebeldia dos jovens, o fim da família, a falta de respeito por tradições religiosas e a destruição do lar”, todas elas questões que perturbavam os conservadores da época. O Nexo reuniu diversas análises que tentam explicar seu assustador sucesso ao longo do tempo.

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