Investigado por corrupção, Witzel acusa Bolsonaro de manipular PF

A Polícia Federal acordou ontem em frente ao Palácio Laranjeiras, residência do governador fluminense Wilson Witzel, com mandados de busca e apreensão. Após passar parte da manhã, deixou o local tendo apreendido computadores e os celulares de Witzel e de sua mulher. A ação foi parte da Operação Placebo, autorizada pelo STJ, que investiga irregularidades num contrato de R$ 835 milhões para a construção de sete hospitais de campanha. A primeira-dama, Helena Witzel, tem ‘vínculo bastante estreito e suspeito’ com o empresário Mário Peixoto, preso no último dia 14 na Operação Favorito. Como advogada, ela presta serviços a empresas. Caminho semelhante para trânsito de propinas foi adotado pelo ex-governador Sérgio Cabral e sua então mulher. Peixoto já tinha contratos desde aquela época com o governo do Estado. (G1)

Ainda antes das 10h, Witzel falou à imprensa. “Esse é um ato de perseguição política e isso vai acontecer com governadores inimigos. O senador Flávio Bolsonaro, com todas a provas que já temos contra ele, dinheiro em espécie depositado em conta corrente, lavagem de dinheiro, bens injustificáveis, já deveria estar preso. Continuarei lutando contra esse fascismo que se instala no país e contra essa ditadura de perseguição. Não permitirei que esse presidente, que eu ajudei a eleger, se torne mais um ditador da América Latina.” Witzel afirma que a operação foi motivada politicamente por influência direta do presidente Jair Bolsonaro. (Extra)

Flávio Bolsonaro respondeu em uma live via Instagram — que depois apagou. Negou interferência e se referiu a seu ex-assessor, Fabrício Queiroz a quem classificou como “honesto e trabalhador”. Queiroz é investigado num esquema de desvio de dinheiro público no gabinete de Flávio, quando deputado estadual. (Poder 360)

Pois é... Na segunda-feira, a deputada federal Carla Zambelli contou à Rádio Gaúcha que a PF estava investigando governadores sobre irregularidades durante a pandemia. Ela sugeriu que poderia sair dali um escândalo chamado ‘Covidão’. Acusada de saber antecipadamente da operação, Zambelli negou, ontem. Disse se tratar de uma coincidência. (Correio Braziliense)

O inquérito que investiga Witzel foi instaurado pela Procuradoria-Geral da República em 12 de maio. Investigações do tipo costumam começar a partir de denúncias, não foi o caso. Segundo os repórteres Fabio Leite e Rodrigo Rangel, dias antes passou pelo Planalto um dossiê que tratava do mesmo assunto com detalhes. (Crusoé)

Bruno Boghossian: “Há pouco mais de um mês, o presidente batia na mesa ao esbravejar contra a Polícia Federal. Enviava mensagens ao ministro da Justiça para reclamar de apurações contra seus aliados e reclamava da lentidão do órgão em atender a seus interesses. Agora, sorri por trás da máscara e parabeniza a corporação por investigar um de seus rivais. A alegria seletiva reforça a visão torta que o presidente tem das instituições. Quando a PF se aproxima de seu grupo político, Bolsonaro se diz perseguido e sabota o órgão. Quando a corporação bate à porta de seus adversários, a reação é mais generosa. Em sua campanha obsessiva pelo controle da PF, Bolsonaro conseguiu desmoralizar a corporação em tempo recorde e alimentar desconfianças sobre a atuação do órgão contra críticos do presidente. As investigações acumulam indícios e se aproximam do governador, mas Witzel ganhou de presente a chance de apontar o dedo para Brasília.” (Folha)

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Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados: “O povo brasileiro espera que cada um de nós, detentores de mandatos públicos, tenha consciência do papel a desempenhar na busca de soluções para enfrentar o vírus que mata. Espera de nós maturidade para manter um diálogo construtivo entre as instituições e para com a sociedade. Faço desse momento um convite à pacificação dos espíritos. Vigilantes, e desarmados de preconceitos de qualquer ordem, temos que trabalhar pelo Brasil. Quem derruba a economia é o vírus. O distanciamento momentâneo entre as pessoas salva vidas.” (G1)

Em tempo: Há cinco dias, o ministro Augusto Heleno ameaçou o STF no caso de pedir a apreensão do celular do presidente da República. “Caso se efetivasse, seria uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma interferência inadmissível de outro Poder. Poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional.” O discurso de Maia foi uma resposta a Heleno. Ontem, a PF levou consigo o celular do governador do Rio.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, será interrogado pela PF em no máximo cinco dias por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. Weintraub precisará explicar seu desejo de ver ‘vagabundos na cadeia’, começando pelo STF, manifestado na reunião liderada por Bolsonaro em 22 de abril e divulgada em vídeo. O Ministério Público, por sua vez, pediu explicações sobre por que Weintraub odeia os termos ‘povos indígenas’ e ‘povo cigano’. Os artigos 215 e 216 da Constituição garantem a proteção da cultura indígena e outros grupos formadores da sociedade brasileira. (G1)

Sete em cada dez brasileiros não conseguirá pagar todas as contas de maio. O estudo foi realizado pela Paraná Pesquisas entre os últimos dia 22 e 25. (Poder 360)

Viver

O Brasil registrou 1.039 novas mortes causadas pela Covid-19 nas últimas 24 horas, o que aumentou o total de óbitos pela doença para 24.512 no país. Há ainda outros 3.882 óbitos em investigação. De ontem para hoje, 16.324 novos casos de infecção pelo novo coronavírus foram registrados e agora já são 391.222 pessoas contaminadas. Pelo terceiro dia consecutivo, somos o país com mais mortes registradas.

Algumas previsões traçam um panorama grave para o cenário brasileiro. Um modelo de análise estatística do instituto de métrica da Universidade de Washington, que ajuda a subsidiar decisões da Casa Branca, aponta que o Brasil pode chegar a 125.000 mortes até o mês de agosto. O intervalo de óbitos previsto por eles fica entre 68.311, caso o país adote medidas mais duras de controle, e 221.078. Para efeito de comparação, os Estados Unidos, onde a doença se mostrou mais letal, tem atualmente pouco mais de 100.000 mortes.

É dramática a situação dos profissionais de enfermagem que atuam na linha de frente dos hospitais na pandemia: o número de casos de infectados chegou a 16.660 na segunda (25) —com 150 óbitos, um recorde no mundo.

E segundo o Datafolha, 60% dos brasileiros são majoritariamente favoráveis ao "lockdown", o confinamento radical para combater a transmissão do coronavírus, mas têm saído mais de casa em cidades que estão em quarentena devido à pandemia. A pesquisa feita na segunda e na terça mostra que, apesar de apoiar o "lockdown" e manter o apoio à prioridade de permanecer em casa ante a necessidade de ir trabalhar em prol da economia, o brasileiro vem cada vez menos aderindo ao isolamento social. Os mais ricos, que ganham acima de 10 salários mínimos, são também os mais refratários à ideia: 50% são contra, empatados com 47% a favor. Cresceu também o apoio à ideia de que pessoas que supostamente não estejam em grupos de risco possam sair, apesar de a doença ter se mostrado bastante democrática no quesito. Agora, são 52% que defendem isso, ante 46% que acham que todos devam ficar isolados para conter o vírus. Em 27 de abril, os índices eram exatamente inversos.

Pesquisas revelam que a defesa do corpo humano contra o coronavírus é mais poderosa e complexa do que se imaginava. Tanto em relação à capacidade de adquirir imunidade quanto à chance de sucesso de vacinas. Elas ajudam a explicar por que a maioria das pessoas infectadas permanece sem sintomas ou adoece com pouca gravidade. A resposta, sugerem, está numa reação cruzada aos outros quatro coronavírus comuns na população mundial e que representam cerca de 20% dos casos de resfriados comuns. Os vírus não são iguais, mas as semelhanças acionariam as defesas. Não se sabe, porém, como se defendem, sem anticorpos, contra o Sars-CoV-2.

O estudo americano sobre a imunidade celular, liderado pelo Instituto de Imunologia de La Jolla, nos EUA, revelou uma robusta resposta contra o Sars-CoV-2 num grupo de 20 adultos que se recuperam de Covid-19. A pesquisa alemã, da Universidade de Berlim e do Instituto Max Planck de Genética Molecular, mostrou reatividade cruzada a outros coronavírus em linfócitos de pacientes com Covid-19 e em pessoas não infectadas. Ambos reforçam a hipótese de que a defesa não está relacionada a anticorpos e sim à ação de células “de memória” do sistema imunológico, os linfócitos CD4 e CD8. Por já terem combatido coronavírus de resfriados comuns, os linfócitos identificam no Sars-Cov-2 uma ameaça em potencial e o atacam antes que se multiplique.

Hoje é o Dia Nacional da Mata Atlântica. E dados da ONG SOS Mata Atlântica mostram que o desmatamento entre 2018 e 2019 cresceu cerca de 27% em comparação com o período anterior. O aumento da destruição no bioma que já é o mais devastado no país —com apenas 12% de mata—, que vinha de duas quedas consecutivas, acompanhou a devastação ampla na Amazônia e no cerrado. O desmatamento de 14.502 hectares registrado mais uma vez está concentrado na Bahia, em Minas Gerais (nos limites com o cerrado) e no Paraná (em regiões com araucárias), com aumento, respectivamente, de 78%, 47% e 35% na destruição.

Sobre o Enem, o novo prazo de inscrição para as provas termina às 23h59 de hoje. Para se inscrever, o candidato deve acessar a página do participante.

Cultura

A escritora J.K. Rowling anunciou que vai publicar um conto de fadas que escreveu ao longo de 10 anos para que as crianças em quarentena, ou aquelas que já estão voltando às aulas, possam ler durante a pandemia. Pelo Twitter, Rowling explicou que teve a ideia durante o processo de escrita de Harry Potter, mas que The Ickabog não é um spin-off da série de livros.

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Poltronas espaçadas. É assim que ficará o teatro alemão Staatstheater Mainz na próxima temporada.

Nova York foi o primeiro estado dos EUA a tornar o uso de máscaras obrigatórias. Foi quando a fotógrafa Laylah Amatullah Barrayn viu a máscara cirúrgica padrão dar lugar à uma idéia mais criativa.“As pessoas estão representando sua formação cultural, étnica e nacional através de suas máscaras”. Suas fotos não deixam dúvidas.

Por falar nisso, crianças de menos de 2 anos de idade não devem usar máscaras porque estas podem dificultar a respiração e aumentar o risco de sufocamento, disse um grupo médico do Japão ao emitir um apelo urgente aos pais.

Aliás... O estúdio Production Club criou o Micrashell, um traje anti-coronavírus que se assemelha a um traje espacial com cores neon. Há um filtro N95, um sistema de emissão do ar, uma “bolsa para celular” e caixas de pressão para beber e vapear sem remover o capacete. Exótico.

Cotidiano Digital

Mais uma mudança no projeto de moeda digital do Facebook. Agora, a Calibra, a sua carteira digital, se chama Novi. A ideia inicial do Facebook para o projeto vem mudando desde o lançamento. Várias empresas, como Visa e PayPal, saíram do projeto após reguladores pressionarem a big tech. Em uma recente mudança, a carteira digital estendeu o suporte para não só a sua moeda, mas também para outras como o dólar, euro e a libra inglesa.

A Amazon é outra empresa que está expandindo suas áreas. Pelo Amazon Music e pelo Audible, sua plataforma focada em e-books, está buscando mais podcasts para competir com o Spotify. A empresa vê como diferencial a possibilidade de integrar a Alexa, sua assistente de voz, na descoberta de conteúdo personalizado para os usuários.

E por falar no Spotify, a plataforma eliminou o limite de músicas que podem ser salvas.

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