5G – Mito e Realidade

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Antes de ler sobre os mitos do 5G, acompanhe mais um capítulo da mitológica saga de uma adolescente que só queria ir a uma balada. Clique aqui para ver os capítulos anteriores.

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Lis se afastou um pouco e olhou Valentina da cabeça aos pés.

“Valenada! Você continua a mesma” — disse o gordinho careca.

“Não começa, Lis. Acabei de ter uma experiência horrível.” — Valentina tentou ajeitar o óculos no rosto e lembrou que ele tinha sido quebrado, o que a deixou mais deprimida.

“O mesmo nariz, o mesmo cabelo, nem um filtrinho pra melhorar essa pele…”

“Para, Lis. Você não está ajudando!”

“Desculpe, mas eu não entendo quem tem a mesma aparência virtual e real. É muito Século XX isso. Você pode achar vintage mas pra mim é só falta de imaginação” — disse Lis enquanto ajeitava sua peruca loira.

“Não me fale em Século XX! Acabei de vir de lá. É um lugar horrível!”

“Vale, você não tá falando coisa com coisa.”

“Não importa. Perdi meu óculos. Vou perder o show dos Koalas. Minha vida acabou.”

“Para com isso, Vale! Toma!” — Lis entrega para Valentina seu próprio óculos. “Põe seu login nele e bem-vinda ao Século XXI.”

“Jura? E você?” — perguntou Valentina enquanto reinicializava o óculos.

“Não se preocupe” — disse Lis enquanto andava de volta ao Supra, de nariz empinado esbanjando superioridade. — “Eu consigo me virar muito bem sem esses apareeeeee…”

Valentina se virou para ver o que havia acontecido com a amiga e não a encontrou. Em seu lugar, vários alertas holográficos piscavam escandalosamente apontando o perigo de um buraco no chão. Lá no fundo do bueiro, Lis gemia de dor, mas antes que Valentina tivesse qualquer reação, uma ambulância aterrissou ao lado do buraco. 

“Usuário <Lis Palmirinha>. Seu chip giroscópico subcutâneo nos informou que você teve uma queda perigosa. Precisa de auxílio? Aceitar ou Cancelar?” — Das profundezas do buraco no meio da rua deu para ouvir um ‘aceitar’ bem fraquinho. Imediatamente, quatro pequenos braços voadores saíram da ambulância, desceram pelo buraco e, após alguns minutos, surgiram com o gordinho enfaixado em uma maca. Colocaram Lis na ambulância e zarparam rumo ao hospital mais próximo. Valentina nem teve tempo de dizer adeus.

“Nossa. Ela deve ter um ótimo plano de saúde” — pensou a garota.

 

Bem-vindo ao extraordinário mundo transformado pelo 5G. Uma era que nos enche de esperança, espanto e especulações.

Vacinas contra o coronavírus podem implantar chips 5G dentro de nossos corpos? A radiação das antenas da nova rede de telecomunicações pode causar câncer, covid e matar passarinhos? O 5G com seus milhões de aparelhos conectados será um campo fértil para os hackers invadirem nossas contas e roubarem nossos dados?

Como toda nova tecnologia, o 5G vem cercado de mitos, alarmes e fake news. Antes de começar a falar sobre o impacto do 5G Na segurança dos nossos dados, vamos responder às perguntas acima:

Vacinas 5G

Não, um chip 5G é milhares de vezes maior que o buraco de uma seringa. Não é possível injetá-lo na corrente sanguínea. Até existem, hoje, pessoas que implantam chips debaixo da pele, mas isso não as transforma em ciborgues. Normalmente, são tags RFID que permitem que aparelhos leitores identifiquem quem é aquela pessoa. Ou seja, elas estão mais próximas de uma lata de leite condensado em um supermercado que de uma fusão homem-máquina. Isso não quer dizer que, no futuro, chips subcutâneos não permitam que você interaja com a miríade de aparelhos conectados pelo 5G. Mas você terá a mesma funcionalidade utilizando um relógio, óculos ou broche, sem precisar furar sua pele.

Antenas radioativas

Existem dois tipos de radiação, a ionizante — aquela da bomba atômica — que pode matar células e alterar o DNA de seres vivos; e a não-ionizante, produzida por ondas de baixa frequência como o rádio e a rede celular, que não causa mal algum aos seres vivos. Uma banana, alimento rico em potássio, emite mais radiação perigosa que um celular. Raios de sol emitem mais energia danosa às nossas células que uma torre 5G. Café é mais cancerígeno que qualquer aparelho eletrônico conectado a uma rede.

O 5G é mais vulnerável?

“Se levarmos em conta que o 5G vai trazer mais velocidade, menor latência e a possibilidade de conectar milhões de aparelhos por quilômetro quadrado, é natural pensar que os ataques à rede serão mais rápidos, poderosos e frequentes”, diz Wilson Cardoso, CTO da Nokia Brasil. “Só que do lado da rede, nós teremos mecanismos de controle muito mais sofisticados.”

Cardoso compara a camada de segurança do 5G aos sistemas utilizados pelos bancos para evitar fraudes. “O principal mecanismo é baseado em análise de padrões. Se um tipo de acesso foge do padrão, seja em volume ou por um desvio do local para onde os dados deveriam ir, a rede vai se proteger automaticamente. Nós vamos ter uma capacidade enorme de monitorar todos esses eventos e dispositivos e controlar o fluxo de dados de maneira muito mais sistemática do que controlamos no 4G ou no 3G. E tudo isso será feito de maneira muito mais eficiente e sem quebrar a individualidade das pessoas, totalmente anonanimizada. Não estaremos olhando o conteúdo, mas o volume de informação que está sendo enviado.”

Isso não quer dizer que a rede 5G será 100% segura. “O ponto mais vulnerável do 5G não é a rede, mas os aparelhos que estarão conectados a ela”, diz Wilson. “Hoje temos basicamente smartphones conectados na rede celular, mas no 5G teremos aparelhos médicos, carros autônomos, sensores espalhados em fazendas para monitorar a produção e muito mais. Nesses casos, o risco maior não é de uma invasão, mas de manipulação de dados. Um vendedor de fertilizante pode manipular algoritmos de um software que analisa os sensores de uma fazenda para fazer o fazendeiro comprar mais fertilizante, por exemplo. O maior risco está na manipulação de dados, no conteúdo. Esse é um risco que existe no 5G, no 4G e em qualquer outro tipo de rede e a única forma de combatê-lo é com monitoramento e tendo um ecossistema com parceiros confiáveis.”

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