News do Meio

Por que Michelle recebeu R$ 89 mil de Fabrício Queiroz?

“Vontade de encher sua boca de porrada, seu safado.” Foi a resposta que o presidente Jair Bolsonaro deu a um repórter do diário O Globo que lhe perguntou ontem a respeito dos depósitos feitos pelo ex-chefe de gabinete do filho Zero Um, Fabrício Queiroz, na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. “Presidente, por que a sua esposa recebeu R$ 89 mil do Fabricio Queiroz?”, lhe perguntou o jornalista. Bolsonaro fez que não iria responder à imprensa, o repórter insistiu. “Por que foi acima dos R$ 40.000 que o senhor tinha dito?” Outro, da TV Globo, emendou — “E os depósitos seguidos na conta da empresa do Flávio, presidente? O senhor tinha conhecimento?” Queiroz depositou R$ 72 mil na conta de Michelle e sua mulher, Márcia, repassou outros R$ 17 mil. Os números foram levantados pelo Ministério Público do Rio, que investiga o esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa. Ao ameaçar o jornalista, Bolsonaro estava a caminho da Catedral de Brasília. (Poder 360)

Câmara mantém veto a aumento de servidores

A Câmara dos Deputados reverteu a decisão do Senado e manteve o veto presidencial aos reajustes de salários de servidores públicos durante o período da pandemia. Não haverá aumentos até o final do ano que vem. Foram 316 votos pela manutenção do veto, 165 contra, e duas abstenções. Ao deixar o Congresso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, criticou o ministro da Economia, Paulo Guedes. “Ficar atacando uma Casa em que o resultado não foi aquilo que ele esperava é muito ruim”, ele disse. Ontem, quando o Senado escolheu derrubar o veto, Guedes afirmou que os senadores trabalhavam contra o país. “Da mesma forma que fizeram com a Câmara antes, como eu disse no meu discurso, ontem fizeram com o Senado. O resultado de votação é um resultado daquilo que é construído, daquilo que a nossa democracia nos dá. Câmara e Senado têm trabalhado. Quando uma vai numa linha que a sociedade mesmo está contra, a outra Casa conserta, e vai assim. A Casa revisora serve pra isso.” (G1)

Senado derruba veto de Bolsonaro por aumento de servidores

O voto foi apertado, 42 a 30, mas o Senado Federal derrubou o veto feito pelo presidente Jair Bolsonaro ao aumento de despesas com carreira, reajustes, concessão de vantagens ou criação de cargos e funções de servidores públicos. A medida faz parte do Programa de Enfrentamento ao Coronavírus, que foi sancionado pelo presidente em 27 de maio, mas que bloqueou reajuste salarial aos servidores diretamente envolvidos no combate à pandemia. A preocupação é simples: num momento em que o governo está procurando dinheiro por toda parte, em meio à crise, um aumento agora se tornaria um gasto adicional de entre R$ 121 e R$ 132 bilhões. “É possível que estejamos, na derrubada desse veto, impossibilitando a população do Brasil inteiro de receber a sexta parcela do auxílio emergencial”, chegou a dizer o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes. Ainda falta a Câmara dos Deputados votar — as duas Casas legislativas precisam derrubar um veto para que ele seja suspenso. “O Senado deu um sinal muito ruim”, afirmou o ministro Paulo Guedes, “permitindo que justamente os recursos que foram para a crise da saúde possam se transformar em aumento de salário.” (Valor)

Guedes fica; custo: R$ 5 bi

O governo enviará, ao Congresso Nacional, projeto de lei para abertura de crédito extraordinário de R$ 5 bilhões que financiarão obras em andamento. A verba servirá ao Ministério do Desenvolvimento Regional, tocado por Rogério Marinho, e o da Infraestrutura, de Tarcísio de Freitas. Embora o Legislativo não tenha recebido ainda a papelada, já há acordo para a votação — será na quarta-feira que vem e deve ser aprovado. (Poder 360)

Nos bancos, medo de que Bolsonaro vire Dilma

Os ouvidos foram três banqueiros, dois economistas dos principais bancos de investimento e dirigentes de dois grandes fundos de private equity. Falam em off — comprar briga com governo não interessa a ninguém. Mas em entrevista ao repórter Julio Wiziack, os sete manifestaram o mesmo temor: de que o presidente Jair Bolsonaro passe a gastar mal e em excesso, seguindo o caminho já trilhado pela ex-presidente Dilma. Para os presidentes de dois dos bancos, há espaço para, mesmo com mais gastos durante a pandemia, o país refinanciar sua dívida sem colapsar a economia. Mas eles acreditam que Bolsonaro já fez sua escolha e que o objetivo será implementar gastos para alavancar popularidade e garantir sua reeleição. Durante o governo Dilma, as brigas da presidente com seu ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e uma política de gastos públicos para aquecer a economia que não gerou efeito, agravaram a crise econômica, levaram à impopularidade, e ao impeachment. (Folha)

Grávida por estupro, criança de dez é perseguida por religiosos

Estuprada pelo tio desde os seis, uma criança de 10 anos, grávida, teve de deixar o Espírito Santo e ir a Pernambuco para poder realizar um aborto. Ela corria sérios riscos de vida, já com mais de 22 semanas de gravidez. Inicialmente, o local da transferência havia sido mantido em sigilo. Mas a bolsonarista Sara Giromini, que nas redes responde pelo pseudônimo Sara Winter, divulgou seu nome e o local no Recife onde a cirurgia ocorrerá. Inúmeros religiosos foram à porta protestar. Sara foi assessora da ministra Damares Alves, que vem criticando a intervenção. Ainda não se sabe como ela teve acesso à informação. O aborto em caso de estupro é legal, no Brasil, desde 1940. (El País)

Bolsonaro sobe, Queiroz cai

A avaliação do presidente Jair Bolsonaro subiu, chegou a 37% dos brasileiros que o consideram ótimo ou bom e, de acordo com o Datafolha, está em seu melhor ponto desde o início do mandato. No levantamento anterior, realizado entre 23 e 24 de junho, 32% dos brasileiros o aprovavam. Caiu ainda mais sua curva de reprovação — de 44% para 34%. A margem de erro é de dois pontos percentuais. (Folha)

Bolsonaro entre dois mundos econômicos

Ontem à noite, logo após uma reunião no Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro se apresentou à imprensa acompanhado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. “Nós respeitamos o teto dos gastos. Queremos a responsabilidade fiscal. E o Brasil tem como realmente ser um daqueles países que melhor reagirá à questão da crise. Assuntos variados foram tratados, como privatizações, outras reformas como a administrativa”, afirmou. Tentava ali responder a seu ministro da Economia Paulo Guedes, cujo nome não foi citado mas que estava a uns metros de distância. Na terça, Guedes falara de debandada no ministério após dois secretários pedirem o chapéu. Falou ainda na possibilidade de impeachment, caso o teto de gastos seja cruzado. Mas reformas liberais não avançam e os questionamentos sobre como o presidente vê sua política econômica ressurgem. (Poder 360)

Equipe econômica em debandada

O secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, e o de Desburocratização, Paulo Uebel, pediram demissão ontem, no final do dia. São a sétima e oitava baixas da equipe econômica que assumiu o governo junto ao ministro Paulo Guedes. “Ele me diz que é muito difícil privatizar”, explicou Guedes, a respeito de Mattar. “Ele reclama que a reforma administrativa parou, disse sobre Uebel. “Se me perguntarem se houve uma debandada hoje, houve”, continuou. “Quem dá o timming é a política, quem tem voto é a política. Se o presidente da Câmara quiser pautar algo, é pautado. Se o presidente da República quiser mandar uma reforma, é mandado. Se não quiser, não é mandado. Quem manda não é o ministro e nem os secretários. E os secretários, enquanto o negócio não anda, podem desistir ou insistir. A nossa reação à debandada que aconteceu hoje é acelerar as reformas. É mostrar que, olha, nós vamos privatizar. Nós vamos insistir nesse caminho. Pelo menos, nós vamos lutar.” Ao assumir o cargo, Paulo Guedes falava em vender estatais à soma de R$ 1 trilhão. Em 2019. Desde então, nenhuma estatal foi vendida e uma foi criada. (Poder 360)

Protestos de rua forçam renúncia de governo. No Líbano.

Demorou seis dias, não mais. O governo libanês renunciou coletivamente após ficar claro que a explosão do último dia 4 ocorreu por inépcia crassa. Ao todo, morreram mais de 150 pessoas, seis mil se feriram e centenas de milhares ficaram sem moradia. No anúncio, feito pelo premiê Hassan Diab, ele afirmou que continuará no comando do Executivo enquanto o Parlamento se reúne com o presidente para escolher o novo gabinete. Diab não chegou a ficar um ano no cargo — seu antecessor, Saad Hariri, havia renunciado em outubro. (New York Times)