Um balanço preliminar do conflito Israel-Hamas

Balanços sobre processos históricos são sempre temporários. Mais ainda em relação a uma situação fluida, como o atual acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas. Dentro destes limites, finalizada uma fase do conflito iniciado no dia 7 de outubro de 2023, podemos fazer uma avaliação de suas consequências até o momento.
Por que o México não está à beira do abismo?

Em 2 de junho de 2024, os eleitores mexicanos fizeram história ao eleger Claudia Sheinbaum como a primeira mulher a ocupar a presidência do país. Representando uma coalizão de esquerda composta pelo Movimento de Regeneração Nacional (Morena), o Partido dos Trabalhadores e o Partido Verde, Sheinbaum assegurou uma vitória esmagadora com 59% dos votos, superando a coalizão de centro-direita liderada por Xóchitl Gálvez por 32 pontos percentuais. Este resultado não apenas trouxe Sheinbaum ao poder, mas também estabeleceu novos recordes em termos de votos para um candidato presidencial no México.
Crítica cultural ou vigilância moral?
Críticas identitárias ao filme Ainda Estou Aqui não apenas revelam a dificuldade de reconhecer o valor intrínseco de uma obra, mas também exemplificam o estágio avançado de um consenso ideológico progressista que tem transformado a crítica cultural em um exercício de vigilância moral com claras motivações políticas. Esse consenso frequentemente banaliza sofrimentos reais, impõe demandas de representatividade inalcançáveis e sufoca as singularidades artísticas e pessoais.
Jovens lideranças evangélicas
Quando falamos sobre a interface da religião e política, especialmente sobre evangélicos, é importante dar rosto a esses atores e atrizes. Temos destacado que mulheres são a maioria entre o segmento evangélico e que esse e outros fatores como renda, território e raça dizem muito sobre suas realidades, demandas, valores, preocupações e críticas sobre o atual cenário político. Ao fazer esse recorte de gênero, pode-se questionar: quem são as mulheres evangélicas atuantes na política? Como elas enxergam a ligação entre a fé e a vida pública? O que elas destacam como principais desafios para as eleições de 2026?
O papel central da comunicação no golpe

A comunicação não foi um elemento coadjuvante, mas a cola que uniu as diferentes operações golpistas, a arma para moldar a percepção pública e a ferramenta para pressionar as instituições. Essa é a principal conclusão do relatório de quase 900 páginas produzido pelo departamento de inteligência da Polícia Federal sobre o planejamento do golpe de Estado bolsonarista de 2022, parcialmente executado.
Idos de novembro
Vistas retrospectivamente, as muitas notícias do mês de novembro de 2024 reforçam a sensação de que a política brasileira vive um momento de lenta transição. A história não avança, mas também não retrocede, aprisionando o país em uma dinâmica paradoxalmente arrastada, de incertezas e disputas fragmentadas.
A normalização secular-católica
A recente notícia de que o Supremo Tribunal Federal formou maioria pela manutenção da presença de crucifixos na parede de tribunais e outras instalações do Estado reabriu o debate sobre laicidade e Estado laico no Brasil e sobre como se regula a religião no espaço público no país. O julgamento se deu em ação movida pelo Ministério Público Federal, a partir da petição de um cidadão contra a presença de crucifixo no plenário do Tribunal Regional Eleitoral do Estado de São Paulo.
Vista chinesa
Hoje Luiz Inácio Lula da Silva recebe no Planalto o presidente da China Xi Jiping, que veio ao Brasil para participar da Cúpula de Líderes do G20, encontro anual que reúne os líderes das 19 principais economias do mundo, além da União Europeia e, recentemente, a União Africana. Durante o encontro, o líder chinês anunciou uma maior cooperação com o Sul Global, sobretudo nas áreas de inovação tecnológica e científica. Para falar sobre as relações entre Brasil e China, e também dos desafios políticos que se impões com a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e com a ascensão da direita na Europa, conversamos com especialista em China, Maurício Santoro, cientista político e professor de Relações Internacionais Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Democratas liberais não queimam livros. Ou queimam?
Na última semana, acompanhamos a repercussão de um julgamento do ministro Flávio Dino sobre um Recurso Extraordinário com Agravo apresentado pelo Ministério Público Federal ao Supremo Tribunal Federal. A decisão ordenou a retirada de circulação de alguns livros jurídicos e multou os autores e o editor — um caso explosivo nesses tempos de polarização e interessante para quem estuda a liberdade de expressão e o discurso de ódio.
A obsolescência institucional nos EUA e o risco autocrático
A longeva imagem dos Estados Unidos como a terra por excelência da democracia liberal vem caindo por terra nas últimas décadas. Por detrás dessa imagem, havia, claro, uma série de idealizações. O modelo norte-americano organizado pela Constituição de 1787 não era democrático para os padrões de hoje. Tratava-se de uma confederação dotada de um governo geral de poderes bastante limitados, cujo sistema eleitoral consagrava um ideal oligárquico de governo. Excluía a maioria da população, comportando a participação política de até de 15% da população, e previa eleições indiretas para filtrar a vontade da maioria.