Trump fecha acordo com a UE e confirma tarifaço para o Brasil
Os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram neste domingo um acordo comercial preliminar que impõe tarifa-base de 15% sobre a maioria dos produtos do bloco, em linha com o modelo já adotado por Donald Trump em negociações com Japão, Indonésia e Vietnã. O pacto foi fechado após reunião entre o presidente americano e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, na Escócia, e inclui compromissos da UE de comprar US$ 750 bilhões em energia dos EUA, investir mais US$ 600 bilhões no país e adquirir grandes volumes de equipamentos militares americanos. Trump comemorou o acerto como “o maior de todos os tempos”, enquanto a Europa vê o acordo como um mal menor diante da ameaça anterior de tarifas de até 30%. (Globo)
O Brasil, no entanto, segue fora dessa rodada de acordos. Também no domingo Trump garantiu que não vai adiar o início do tarifaço aos parceiros comerciais a partir de 1º de agosto, nesta sexta-feira. A informação já tinha sido dada pelo secretário de Comércio americano. Em entrevista à Fox News, Howard Lutnick disse que o presidente está disposto a negociar, mesmo depois do prazo. (UOL)
Faltando tão pouco para a entrada em vigor de tarifas americanas de até 50% sobre produtos brasileiros, o governo Lula ainda não conseguiu avançar nas negociações com Washington. Chanceler Mauro Vieira está em Nova York para um evento da ONU, mas não há sinais de que vá ser recebido pelo governo americano. Sem diálogo formal aberto, a equipe econômica prepara um plano emergencial para mitigar os impactos sobre setores mais vulneráveis, como frutas, pescados e pequenas empresas exportadoras. (Folha)
Segundo José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior (AEB), o Brasil tem pouco tempo e margem de manobra para evitar o impacto das medidas anunciadas por Trump. Para o especialista, os EUA não demonstram interesse em negociar no curto prazo, e o Brasil corre risco de prejuízos significativos. Castro também considera que o governo brasileiro acabou dando algumas declarações “que não ajudaram muito”. “O fato de essas operações terem se tornado pessoais fez com que o Brasil, neste momento, não tenha condições de propor um acordo que seja aceito por Trump”, avalia. (Globo)
Enquanto isso... Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou os governadores Tarcísio de Freitas (SP) e Ratinho Júnior (PR) por tratarem das negociações contra o tarifaço imposto pelos EUA sem mencionarem a anistia aos, segundo ele, “presos políticos” ou a carta de Trump que cita Jair Bolsonaro. Em um post no X, o deputado federal acusou Tarcísio de enganar a população e “jogar para a plateia”, ao falar da tarifa de 50% sem abordar a crise institucional. Também rebateu declaração de Ratinho Júnior, que afirmou que Bolsonaro “não é mais importante que a relação comercial” entre Brasil e EUA, e afirmou que ignorar o apoio de Trump ao ex-presidente só prolonga o problema. (UOL)
Para ler com calma. O sistema político dos Estados Unidos é realmente um modelo a ser seguido? Em artigo publicado na Folha, o professor Marcus André Melo explora as críticas de especialistas como Steven Levitsky, Arend Lijphart e Seymour Lipset ao chamado “excepcionalismo americano” e explica por que os EUA podem ser, na verdade, uma democracia atípica — e até menos eficiente que outras. (Folha)
A Praça dos Três Poderes ficou fechada durante grande parte do domingo após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o bloqueio da área para evitar acampamentos. À tarde, o local ainda permanecia cercado com as grades, mas os visitantes que foram à praça entraram após passarem por uma vistoria em suas mochilas, logo na entrada. A exposição do espaço Lúcio Costa permanece fechada, mas a Casa de Chá recebeu liberação especial para atendimento ao público. Moraes ordenou o fechamento da Praça dos Três Poderes na madrugada de sábado depois que partidários do presidente Jair Bolsonaro passaram a se reunir em frente ao Supremo para protestar contra as medidas judiciais que o obrigaram a usar uma tornozeleira eletrônica. (Metrópoles)
Nikolas Ferreira (PL-MG), deputado federal, e Bruno Engler (PL-MG), deputado estadual, viraram réus pela Justiça Eleitoral de Minas Gerais, acusados de coordenar uma campanha de desinformação contra o então prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), durante o segundo turno das eleições municipais de 2024. A denúncia, aceita pelo juiz Marcos Antônio da Silva, da 29ª Zona Eleitoral, afirma que os dois parlamentares, ao lado da deputada Delegada Sheila (PL) e da então candidata a vice-prefeita Coronel Cláudia (PL), distorceram trechos do livro Cobiça, escrito por Fuad em 2020, para associá-lo a crimes sexuais contra crianças. A promotoria sustenta que o grupo utilizou redes sociais, rádio, televisão e outras mídias para disseminar informações falsas nos dias decisivos da eleição, com o objetivo de prejudicar a imagem do adversário. Se condenados, os réus podem ser declarados inelegíveis, ter os direitos políticos suspensos e ser obrigados a pagar indenização por danos morais coletivos. Fuad Noman acabou eleito prefeito, mas morreu em março de 2025. (Folha)
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) declarou no sábado que se considera uma exilada política na Itália, após deixar o Brasil para evitar o cumprimento de sua condenação por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Em vídeo publicado nas redes sociais, ela agradeceu ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por interceder junto às autoridades italianas, como a primeira-ministra Giorgia Meloni e o vice-premiê Matteo Salvini, pedindo que a acolhessem sob alegação de perseguição política. (Estadão)
Jordânia e Arábia Saudita lançaram de paraquedas neste domingo 25 toneladas de alimentos e medicamentos na Faixa de Gaza, após Israel anunciar uma “pausa tática” nos ataques ao território palestino. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a desnutrição está em “níveis alarmantes” no enclave, o que negado pelo governo israelense. (BBC)
Viver
Um monitoramento feito pelo Greenpeace Brasil entre 15 e 18 de julho mostrou um crescimento de 400% das balsas de garimpo operando ao longo do leito do Rio Madeira. Foram flagradas 542 balsas em 22 pontos entre Calama (RO) e Novo Apuranã (AM). No levantamento entre janeiro e fevereiro foram encontradas 130. Os equipamentos dragam o fundo do rio em busca de ouro nas proximidades de áreas protegidas como a reserva extrativista Lago do Cuniã e a terra indígena Lago Jauari. Utilizando imagens de radar do satélite Sentinel-1 da Agência Espacial Europeia, a organização monitora e denuncia a presença das embarcações envolvidas na extração ilegal de ouro desde 2021. (g1)
Para ler com calma. Grupos missionários estão usando dispositivos de áudio em territórios protegidos para atrair e evangelizar povos indígenas isolados ou de recente contato na Amazônia. É o que revela uma investigação dos jornais Globo e Guardian divulgada neste domingo. Aparelhos movidos a energia solar recitando mensagens bíblicas em português e espanhol apareceram entre membros do povo Korubo no Vale do Javari, na fronteira do Brasil com o Peru. Drones também foram avistados por agentes de segurança da área. O governo federal não permite proselitismo religioso em territórios onde existem povos isolados para proteger de doenças às quais eles têm pouca ou nenhuma imunidade. (Globo)
Pesquisadores canadenses descobriram que barrigas de aluguel têm mais chances de receber um novo diagnóstico de doença mental durante ou após a gravidez do que outras mulheres. O artigo publicado no periódico Jama Network Open sugere ainda que mulheres com histórico de doença mental tinham maior risco de serem diagnosticadas com tais condições, independentemente de como conceberam os bebês, quando comparadas com aquelas que não tinham histórico clínico. Apesar de as leis sobre barrigas de aluguel variarem em diferentes países, a prática tende a ganhar força, com a Global Market Insights projetando que o mercado cresça de US$ 27,9 bilhões em 2025 para US$ 201,8 bilhões em 2034. (Guardian)
Cultura
Os últimos meses de vida de Ozzy Osbourne foram registrados para um documentário da emissora britânica BBC que mostraria seu retorno e de sua mulher, Sharon, ao Reino Unido, depois de mais de 20 anos nos Estados Unidos, revelou seu filho, Jack Osbourne. Com a morte do ex-líder do Black Sabbath, a série Home to Roost será transformada em uma produção mais abrangente sobre a história do músico e da banda. Ainda em 2025, será publicada a autobiografia de Ozzy, Last Rites (Últimos Ritos, em tradução livre), terceiro livro do músico. (Globo)
Documentos inéditos encontrados por pesquisadoras no Arquivo Público do Estado da Bahia trazem detalhes dos primeiros anos de vida de Luiz Gama, um dos ícones da luta abolicionista no Brasil. Uma escritura de imóvel mostrou a identificação exata de seu pai, que era de origem branca e se chamava Antônio Agostinho Carlos Pinto da Gama. Um testamento confirmou a existência de sua mãe Luiza Mahin, referência do feminismo negro brasileiro, de etnia iorubá. O documento também indica que Luiz recebeu sua alforria no batismo, enquanto sua mãe era escravizada. Os arquivos revelam ainda que Luiz Gama nasceu em 1831, não em 1830, como se acreditava. (Folha)
Um dos principais intelectuais dos EUA, W.E.B. Du Bois vai ter três de seus livros lançados pela primeira vez no Brasil este ano. A análise sobre o papel do povo negro no período após a abolição e a guerra civil em seu país, Reconstrução Negra, será lançada pela Boitempo. Em breve também deve sair pela Perspectiva a obra Penumbra da Aurora, que emprega conceitos de análise histórica e sociológica ao contar sua própria biografia; e Água Escura, coletânea de ensaios, ficções curtas e poesia que será publicada pela Fósforo mostrando a amplitude literária alcançada por Du Bois. (Folha)
Meio em vídeo. Ricardo Rangel, diretor do streaming do Meio, é o convidado do Diálogos com a Inteligência desta semana. O jornalista, escritor e produtor conversa com Christian Lynch sobre o cinema brasileiro, as recentes premiações e as dificuldades de se manter em alta frente à oferta dominante do streaming. O programa é uma parceria da Insight, editora da revista, com o Meio. Conheça a Revista Insight Inteligência. (YouTube)
Cotidiano Digital
A Tesla está bem atrás do ritmo necessário para atingir sua meta inicial de produzir pelo menos 5 mil androides Optimus ainda este ano, prometida por Elon Musk, segundo fontes ouvidas pelo Information. A companhia teria produzido apenas algumas centenas de robôs humanoides, mas deve aumentar a produção no segundo semestre. Pessoas envolvidas no desenvolvimento afirmam que um dos maiores desafios que empresas como a Tesla enfrentam é criar mãos que funcionem tão bem quanto suas equivalentes humanas. A empresa quer que o robô seja capaz de fazer tudo, desde completar tarefas em fábricas até tocar instrumentos musicais. (The Information)
A Lyft anunciou na sexta-feira que vai adicionar ônibus autônomos da fabricante austríaca Benteler Group à sua rede no final de 2026. Os veículos serão implantados em parceria com cidades e aeroportos dos EUA, mas poderão expandir para outros países futuramente. Os ônibus não terão volante nem pedais e contarão com assentos voltados para dentro, com capacidade para até nove passageiros sentados e seis em pé. A parceria ocorre enquanto a rival Uber adiciona robotaxis da Waymo e da WeRide em várias cidades ao redor do mundo. (TechCrunch)
Entrou em vigor, no Reino Unido, a lei que exige dos sites pornográficos a verificação da idade de seus usuários. A Lei de Segurança Online também determina que as plataformas impeçam a exposição de crianças a conteúdo prejudicial. Sites como Reddit, Bluesky e X começaram a pedir que usuários no Reino Unido verifiquem sua idade por meio de selfies ou documentos de identidade. Esse tipo de iniciativa tem gerado críticas quanto à privacidade e ao anonimato online. Uma violação de dados do aplicativo de namoro Tea permitiu acesso a 13 mil selfies e documentos de identidade enviados para verificação de conta. (TechCrunch)
As tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre todos os produtos vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos estão prestes a entrar em vigor. Trata-se, provavelmente, do pior momento nos 201 anos de relações entre os dois países, o que não significa que elas tenham sido sempre harmônicas. Na Edição de Sábado, exclusiva para assinantes premium, Leonardo Pimentel nos leva a três situações em que Brasil e EUA se estranharam, nas décadas de 1970, 1990 e 2010. Leia aqui.
