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Trump abranda tarifaço e pune Moraes

Fotos: Faith Atkas/Anadolu via AFP e Ton Molina/NurPhoto via AFP

Os Estados Unidos cumpriram as ameaças que vinham fazendo desde o início do mês em sancionar o Brasil, mas sem a mesma intensidade que os discursos do presidente Donald Trump e seus auxiliares indicavam. Numa só tacada, o Washington oficializou o tarifaço de 50% contra os produtos brasileiros e anunciou que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes foi enquadrado na dura Lei Magnitsky, em uma escalada sem precedentes nos 200 anos de história das relações bilaterais entre Brasil e EUA. Mas, ao contrário do que se esperava, Trump isentou centenas de produtos brasileiros, alguns dos mais estratégicos para a pauta de exportações brasileira — e adiou a entrada em vigor do tarifaço, antes esperado para 1º de agosto e agora programado para o dia 6. Nos dois anúncios oficiais que fez nesta quarta-feira, o governo americano justifica suas decisões citando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, segundo a Casa Branca, seria vítima de perseguição política pelo Supremo, com Moraes à frente. Ao fim e ao cabo, o tarifaço parece ter raízes mais políticas do que econômicas. (CNN Brasil e Valor Investe)

A ampla lista de isenções do tarifaço americano surpreendeu até os mais otimistas dos exportadores brasileiros. Ao todo, a ordem executiva assinada por Trump lista quase 700 produtos brasileiros que irão ficar de fora das novas tarifas implementadas nesta quarta-feira. Setores estratégicos para a pauta de exportações brasileiras ficarão isentos das sobretaxas, como o suco de laranja, combustíveis, veículos, aviões civis e peças de avião, além de alguns tipos de metais e madeiras. No entanto, o café e a carne não escaparam do tarifaço. A decisão ainda isenta produtos que já estavam em trânsito para os Estados Unidos — desde que cheguem ao país até o dia 5 de outubro —, além de itens que já haviam sido exportados dos EUA para o Brasil e que, por alguma razão, precisem voltar ao destinatário para reparos ou modificação. As estimativas iniciais são de que cerca de 40% de tudo que o Brasil vende para os Estados Unidos não será sobretaxado. (g1)

Poucas horas antes do anúncio oficial do tarifaço, o New York Times publicou uma entrevista exclusiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele adotou um tom cauteloso e disse ter procurado os Estados Unidos insistentemente para negociar as tarifas. No entanto, o presidente brasileiro fez questão de reafirmar a defesa da soberania nacional e que não pretende se dobrar diante das ameaças e ações de Trump. “Tenha certeza de que estamos tratando isso com a maior seriedade. Mas seriedade não requer subserviência”, disse Lula em sua primeira entrevista ao jornal americano em 13 anos. (New York Times)

Para frustração do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) — que prometia blindar as autoridades americanas de qualquer diálogo com o Brasil —, o chanceler Mauro Vieira se reuniu nesta quarta-feira com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. De acordo com interlocutores do filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro, Eduardo só ficou sabendo do encontro pela imprensa. (Metrópoles)

Alexandre de Moraes é o primeiro brasileiro atingido pela Lei Magnitsky, uma legislação criada durante o governo de Barack Obama e que prevê duras sanções contra autoridades envolvidas em corrupção ou ataques aos direitos humanos. Os americanos afirmam que Moraes é responsável por uma campanha “opressiva de censura” e realiza uma verdadeira “caça às bruxas” a Bolsonaro, réu no processo que investiga a trama golpista após as eleições de 2022. “Alexandre de Moraes se colocou no papel de juiz e júri em uma caça às bruxas ilegal contra cidadãos e empresas dos EUA e do Brasil”, disse o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. Steve Bannon, o principal responsável pela ponte entre os Bolsonaros e Donald Trump, afirmou que “a punição finalmente chegou para Lúcifer”. (Folha)

O governo decidiu que vai tratar das sanções contra de Moraes como um ataque à soberania do país. No Planalto, a estratégia traçada é de que Lula vai seguir publicamente denunciando como um ataque à democracia brasileira a tentativa de interferência em assuntos domésticos. A Advocacia-Geral da União deve contestar nos tribunais internacionais, incluindo na Justiça dos EUA, a sanção contra o ministro. No entendimento da maior parte do STF, essa é a melhor solução para tratar do assunto de forma institucional. No final do dia o Planalto divulgou uma nota assinada por Lula dizendo ser inaceitável a interferência em assuntos internos do país. (Globo)

Existem brasileiros que apoiam o tarifaço. Segundo pesquisa da Quaest, são 19%, predominantemente homens, brancos e se declaram de direita. (g1)

Adriana Fernandes: “A lista de exceções mostrou o peso e a capacidade de mobilização das empresas do setor privado do país. Não ocorreu cataclismo. Mas não dá para achar que o pior já acabou.” (Folha)

Carolina Brígido: “Quando o STF sofre ataques externos, o espírito de corpo fala mais alto. Na sexta-feira, o plenário deve ser transformado em palco de desagravo a Moraes e ao próprio tribunal.” (Estadão)

Merval Pereira: “Na visão distorcida de Trump, a ação dos Bolsonaros na tentativa de golpe é uma legítima defesa da democracia, como a dele, que incentivou o ataque ao Capitólio.” (Globo)

Meio em vídeo. Alexandre de Moraes foi enquadrado na Lei Magnitsky. Os bolsonaristas estão eufóricos. Mas, olha, saiu também a lista das tarifas americanas contra o Brasil. A montanha pariu um rato. E o resultado disso tudo vai ser picanha barata no prato dos brasileiros, Lula fortalecido e, acreditem, os Estados Unidos enfraquecidos. A opinião de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerrou o ciclo de altas na taxa básica de juros iniciado em setembro de 2024 e manteve a Selic em 15%. A decisão do Copom foi unânime e está baseada no cenário de incertezas por conta do tarifaço americano oficializado hoje. O Copom também manteve a projeção do IPCA para o fim de 2025 em 4,9% e de 3,6% no fim de 2026. (Valor)

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Viver

O escritório climático da ONU realizou uma reunião urgente sobre preocupações com as taxas altíssimas de acomodação para a COP30, em Belém (PA), que podem deixar os países mais pobres fora das negociações. Países em desenvolvimento alertaram que não podem arcar com os preços das acomodações, que dispararam devido à escassez de quartos. No encontro, o Brasil se comprometeu em abordar a questão e apresentar um relatório em outra reunião, em 11 de agosto. A organização corre para expandir os 18 mil leitos de hotel normalmente disponíveis em Belém para acomodar cerca de 45 mil pessoas que devem comparecer à conferência climática. (Guardian)

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Estima-se que apenas 2% dos veículos fora de uso no Brasil sejam efetivamente destinados ao processo de reciclagem, enquanto em outros países, como Japão e partes da Europa, o índice varia entre 80% e 95%. Grande parte desses automóveis é abandonada em vias públicas, pátios de órgãos de trânsito, terrenos baldios ou desmanches clandestinos. Mas o descarte inadequado pode contaminar o solo e lençóis freáticos, nascentes e cursos d'água por meio da liberação de combustíveis, óleos lubrificantes e componentes químicos. Um litro de óleo, por exemplo, pode poluir até 20 mil litros de água. Confira quais partes de um veículo podem ser recicladas ou reaproveitadas e seu impacto ambiental. (UOL)

Pela primeira vez, pesquisadores avaliaram a rejeição de um rim de porco em um corpo humano e identificou os principais mecanismos do sistema imune contra o órgão. O estudo apresentado em um congresso científico da Sociedade Europeia para Transplante de Órgãos (Esot) foi realizado em sete momentos diferentes por até dois meses após o xenotransplante. Os cientistas observaram que a rejeição foi maior nos glomérulos, unidades do rim responsáveis pela filtração sanguínea. A partir do décimo dia do transplante, os anticorpos da imunidade inata foram preponderantes na rejeição do órgão. (Folha)

Panelinha no Meio. Dependendo de onde se fale, essa iguaria pode se chamar broa caxambu, broa de padaria ou, para os anglófilos, cookie brasileiro. Mas é a nossa broa de fubá com erva-doce, perfeita para acompanhar um café.

Cultura

Criado em 2013, o programa Mais Médicos trouxe milhares de profissionais cubanos para o Brasil; cinco anos depois, antes da posse de Jair Bolsonaro, Cuba os chamou de volta. Esse é o pano de fundo de O Deserto de Akin, destaque nas estreias desta quinta-feira nos cinemas. Um jovem médico precisa decidir entre voltar para seu país e seguir sua carreira ou ficar no vilarejo brasileiro onde criou raízes e amores. Há também um thriller nacional, um terror com o grande Al Pacino e — surpresa, surpresa — um filme estrelado pelo chileno Pedro Pascal. Confira todas as estreias e assista aos trailers no site do Meio.

O escritor Itamar Vieira Junior vai encerrar sua trilogia sobre a terra com o lançamento do próximo romance, Coração sem Medo, em outubro. Os outros dois livros, Torto Arado, de 2019, e Salvar o Fogo, de 2023, foram premiados com o Jabuti de melhor romance literário. A nova obra se passa em Salvador, primeiro ambiente urbano entre as histórias, abordando a violência policial, a força das mulheres e o poder da imaginação contra o esquecimento. O autor participará de uma mesa na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) neste sábado. (Folha)

Falando em Flip, estreia nesta quinta-feira e vai até sábado um espaço para falar de crianças e adolescentes o dia inteiro, com a Casa A Taba. A programação conta com rodas de leitura e discussões sobre temas que vão da formação de leitores de diversas faixas etárias à importância de pensar abordagens dos livros para a pluralidade das juventudes do Brasil. Para tratar desse pluralismo, o espaço recebe, na sexta-feira, o artista visual e ativista indígena Denilson Baniwa, a escritora e artista visual Paty Wolff e a documentarista Gabriela Romeu, com mediação da educadora e escritora Cristiane Tavares. (Globo)

Cotidiano Digital

O TikTok anunciou nesta quarta-feira o lançamento de uma série de novos recursos, incluindo maior controle parental e o Footnotes, seu sistema de verificação de fatos. Os pais agora podem bloquear perfis específicos para a conta de seus filhos adolescentes. Os bloqueados não vão poder interagir com o adolescente, que por sua vez não verá o conteúdo daquela conta em seu feed. Os responsáveis também serão notificados automaticamente quando os jovens publicarem um vídeo, história ou foto pública. Os pais também ganharam mais visibilidade sobre as configurações de privacidade selecionadas por seus filhos na plataforma. (TechCrunch)

A autoridade antitruste da Itália iniciou uma investigação para verificar se a Meta abusou de sua posição dominante ao instalar sua ferramenta de inteligência artificial no WhatsApp. O órgão de fiscalização disse que a big tech pode ter violado as regras de concorrência da União Europeia ao integrar seu assistente Meta AI no aplicativo sem o consentimento do usuário. O regulador disse que a inclusão poderia direcionar injustamente as pessoas para os serviços de IA da Meta, potencialmente prejudicando os concorrentes e prendendo os usuários à plataforma. A companhia afirma estar cooperando com a autoridade e que seu serviço de IA beneficia os clientes. (Reuters)

O Google disse que assinará as diretrizes da União Europeia sobre inteligência artificial, após a Meta rejeitar o acordo devido a preocupações com inovação. Em seu blog, o Google disse que planeja assinar o código na esperança de que ele promova o acesso dos cidadãos europeus a novas ferramentas avançadas de IA. Segundo a companhia, a adoção da IA poderia impulsionar a economia europeia em € 1,4 trilhão anualmente até 2034. O documento, que pode ser assinado voluntariamente, propõe diretrizes que definem como atender aos requisitos da Lei de IA da União Europeia no que diz respeito à transparência, segurança e proteção. (CNBC)

Temos um convite para você. No dia 5 de agosto, às 19h, acontece a aula inaugural gratuita do curso Teoria Econômica para Diálogos Construtivos, com a economista Deborah Bizarria. Uma introdução clara e acessível para quem quer entender melhor as bases da economia e participar dos debates com mais preparo. Inscreva-se aqui e participe com a gente.

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