Moraes critica ‘coação’ ao STF e anistia; defesa de Bolsonaro fala hoje

Receba as notícias mais importantes no seu e-mail
Assine agora. É grátis.
O primeiro dia do julgamento de Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022 seguiu o script mais ou menos esperado tanto pelos apoiadores quanto pelos opositores do ex-presidente da República. O ministro-relator, Alexandre de Moraes, usou a abertura da sessão para mandar recados a Bolsonaro e defender a imparcialidade da corte, que, segundo ele, vem sofrendo pressões internas e externas. Moraes afirmou em sua fala que “a omissão e a covardia não são opções para a pacificação”. O ministro também endereçou recados ao filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro. “Essa coação, essa tentativa de obstrução, não afetarão a imparcialidade e a independência dos juízes deste Supremo Tribunal Federal”, declarou, reiterando que a soberania nacional é “inegociável”. Ao fim do discurso Moraes iniciou a leitura do relatório que resume a tramitação do processo. (g1)
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, fez sua sustentação oral elencando as provas coletadas na investigação que comprovariam a tentativa de golpe de Estado pelos oito réus em julgamento, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com Gonet, os acusados tinham como objetivo desacreditar o sistema eleitoral brasileiro para impedir a proclamação do resultado das eleições. O PGR também mencionou o plano de assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. (Jota)
O ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, Eduardo Tagliaferro, afirmou nesta terça-feira que Paulo Gonet atuou em conjunto com Alexandre de Moraes fora do rito legal em investigações contra bolsonaristas. A acusação foi feita em sessão do Senado presidida por Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Em sua fala, Tagliaferro exibiu prints de conversas que, segundo ele, registram trocas com Gonet — então vice-procurador-geral eleitoral — e com um assessor. Para o ex-servidor, os diálogos revelam atuação irregular e alinhamento entre acusação e magistrado. (Poder360)
O principal delator no processo que julga a trama golpista, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, vai deixar o Exército por não suportar as pressões que vem recebendo dentro da Força, segundo seu advogado, Jair Alves Pereira. Em sua sustentação oral, o defensor afirmou que Cid “perdeu tudo na vida” e não tem mais condições psicológicas de permanecer na carreira militar. O advogado também negou que seu cliente tenha sido coagido pela Polícia Federal ou pelo ministro Alexandre de Moraes, como sustentam as defesas dos demais réus. (Metrópoles)
Assim como no primeiro dia, Jair Bolsonaro não irá ao STF por problemas médicos. De acordo com sua defesa, o ex-presidente ainda sofre de esofagite, condição que provoca vômitos e crises de soluço. A sustentação da defesa de Bolsonaro está marcada para hoje. (UOL)
Com o julgamento em curso, ganha tração no Congresso o projeto para anistiar os envolvidos na trama golpista, turbinado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e por bolsonaristas como o pastor Silas Malafaia. Como conta Andréia Sadi, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já avisou que “não vai ter como segurar” a votação. (g1)
Vera Magalhães: “No primeiro dia do julgamento da trama golpista, sustentações frágeis e apáticas mostram que advogados contam mais com anistia que com sucesso no STF. Parecem ter jogado a toalha e deixado para a política resolver a situação de seus clientes”. (Globo)
Oscar Vilhena Vieira: “O que mais surpreendeu não foram as palavras e os gestos, mas sim a própria existência desse julgamento. Não é nada trivial que, num país marcado por grandes conciliações, recorrentes anistias e um legado de impunidade, um ex-presidente da República esteja sendo julgado pela tentativa de golpe de Estado”. (Folha)
Meio em vídeo. O STF começou a julgar os réus por tentativa de golpe com recados altos e claros de Moraes e Gonet. A tensão entre democracia e autoritarismo esteve no centro de suas falas, cada um à sua maneira. O PGR destacou o 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro desafiou abertamente o Supremo. O que se sabe desse dia revela como o ataque à democracia começou cedo — e por que este pode ser o julgamento do século. A análise de Flávia Tavares no Cá entre Nós. (YouTube)
A democracia tem um custo financeiro pago direta ou indiretamente pela sociedade — mas, muitas vezes, a relação entre os recursos envolvidos e o exercício da representação política ocorre de forma sórdida ou dúbia. Financiar a política é, simultaneamente, uma prática necessária e um problema a ser enfrentado. No Meio Político desta semana, Lara Mesquita, da FGV, e Bruno Bolognesi, da UFPR, discutem a crise de representatividade pelo ângulo da forma como o Brasil escolhe financiar os partidos e os políticos que tentam chegar ao Congresso. A íntegra do artigo será publicada na edição de outubro do Journal of Democracy em Português, da Plataforma Democrática (Fundação FHC e Centro Edelstein de Pesquisas Sociais). O Meio Político chega aos assinantes premium a partir das 11h. Assine!
Ladeado pelos líderes da Rússia e da Coreia do Norte, Vladimir Putin e Kim Jong-un, o presidente da China, Xi Jinping, comandou nesta terça-feira uma parada militar para exibir o poderio bélico de seu governo e mandar um recado ao Ocidente. Sem citar nominalmente Donald Trump, Xi disse que o mundo encara a escolha “entre a guerra e a paz” e que seu país “não será intimidado por bullies”. Nas redes, Trump respondeu: “Mande minha calorosa saudação a Putin e Kim enquanto vocês conspiram contra os EUA”. (Guardian)
O julgamento de Jair Bolsonaro começou. E com ele estreou O Julgamento do Século, episódio 2 de Democracia - Uma História Sem Fim. O filme que conecta todas as peças da trama golpista está no Meio Premium. Assine e assista hoje.
Beleza Essencial
Rotinas simples de autocuidado, como pentear o cabelo ou aplicar desodorante perfumado, ajudam a melhorar a autoestima e reduzir sintomas de ansiedade, segundo estudo publicado no Journal of Cosmetic Science e pelo Grupo L’Oréal. Para além do benefício individual, essas práticas criam espaços de convivência e pertencimento, especialmente em contextos de vulnerabilidade. Pesquisas no SUS mostram que oficinas de beleza funcionam como rituais coletivos, reforçando vínculos sociais. A L’Oréal, com o programa “Para Mulheres”, já profissionalizou mais de 13 mil brasileiras, aliando estética, saúde mental e inclusão produtiva. (Meio)
Segundo a Worldpanel by Numerator, o segmento de Higiene e Beleza respondeu por 38,2% de tudo que foi movimentado pelo setor de e-commerce em 2024, superando as demais categorias somadas. A presença de produtos desse setor nas casas brasileiras mais que triplicou nos últimos cinco anos, saltando de 4,9% para 17,5% e agora atinge um terço dos lares. Só no primeiro trimestre de 2025, as vendas cresceram 6,2% puxadas por aumento de preço médio e destaque para cremes e loções, enquanto maquiagem perdeu um pouco de força. Pequenos e médios empreendedores tiveram R$ 2 bilhões em faturamento no ano passado, 37% a mais que em 2023. (Money Report)
Pelo menos cinco tendências mostram como a beleza tem se transformado em um espaço de autenticidade. Entre elas, o skincare minimalista, com rotinas mais simples e conscientes; a maquiagem leve e o visual mais natural; a maquiagem como expressão, com cores vibrantes e delineados criativos. Já a quarta movimentação notável é o autocuidado capilar, com valorização de cabelos naturais, como crespos, cacheados ou grisalhos e, por fim, a ideia da beleza como ritual, com momentos de cuidado ganhando novos significados no dia a dia, apontando para um movimento mais pessoal e menos padronizado. (Terra)
Cotidiano Digital
Um juiz federal nos EUA decidiu que o Google poderá manter seu navegador Chrome, mas será proibido de fechar contratos exclusivos que garantem sua busca como padrão em celulares e navegadores. A empresa também terá de compartilhar dados de cliques usados nos resultados de busca, uma das exigências do Departamento de Justiça. A decisão rejeita o pedido mais extremo de vender o Chrome ou partes do Android. O Google poderá continuar fazendo pagamentos a empresas para ter seu sistema pré-instalado, mas sem exclusividade e nesse ponto a companhia anunciou que vai recorrer. (CNBC)
Meio em vídeo. No Pedro+Cora, os jornalistas Pedro Doria e Cora Rónai falam sobre o processo que Elon Musk moveu contra Apple e OpenAI. Eles comentam sobre os argumentos de Musk, a briga de monopólio entre o ChatGPT e outras plataformas de IA, como funciona a parceria da Apple com o ChatGPT e a falta de disponibilidade de espaço para outros modelos de linguagem dentro do setor da IA. Confira. (YouTube)
Em decisão nesta terça-feira, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai obrigar todas as operadoras a aderir em até 60 dias ao Não Me Perturbe. O sistema, que permite aos consumidores escolherem não receber chamadas de empresas de telemarketing, era adotado apenas por participantes do Sistema de Autorregulação das Telecomunicações (SART), órgão da Conexis Brasil que inclui operadoras como Claro, Vivo, TIM, Oi, Algar, Ligga e Sky, além de outras 67 instituições financeiras. Após o prazo, até operadoras de pequeno porte não poderão oferecer serviços por telefone para consumidores da lista. (g1)
Viver
Um estudo publicado nesta terça-feira na revista Nature Communications aponta que cerca de 75% da redução das chuvas na estação seca da Amazônia desde 1985 podem ser atribuídos ao desmatamento. De acordo com a pesquisa, a derrubada da floresta afeta mais o ciclo de chuvas no bioma do que as mudanças globais no clima. Por conta da remoção completa da cobertura florestal, a Amazônia deixou de receber pelo menos 15,8 milímetros de precipitação por estação seca. A temperatura máxima na superfície do ar subiu em torno de 2°C, sendo que 16,5% estão ligados diretamente ao desmatamento. (g1)
Por outro lado, a atividade de garimpo em terras indígenas diminuiu no primeiro semestre deste ano com as ações de desintrusão coordenadas pelo Ministério dos Povos Indígenas, revela o monitoramento feito pelo Greenpeace Brasil. De janeiro a junho, foram registradas quedas de 95,18% do garimpo na terra Yanomami e de 41,53% no território Munduruku, frente ao mesmo período do ano passado. (Globo)
O telescópio James Webb encontrou o que os astrônomos acreditam ter sido um buraco negro criado na primeira fração de segundo após o Big Bang. Caso seja confirmado como um buraco negro primordial, uma classe teórica de objeto prevista por Stephen Hawking, mas nunca vista antes, a descoberta derrubaria as teorias predominantes do Universo. Atualmente, a principal tese é de que as estrelas e galáxias surgiram antes dos buracos negros. Conhecido como QSO1, que remonta a mais de 13 bilhões de anos, quando o Universo tinha apenas 700 milhões de anos, o astro teria 50 milhões de vezes a massa do Sol. (Guardian)
Cultura
O Festival do Rio anunciou os filmes selecionados para a edição 2025 da Première Brasil, mostra voltada inteiramente para o cinema nacional. Serão exibidas 124 produções brasileiras, entre longas e curtas-metragens, selecionadas entre 1.320 inscritos. A mostra competitiva principal terá 11 filmes na disputa pelo Troféu Redentor. Já a mostra Novos Rumos apresenta trabalhos na direção de atores como Caco Ciocler e Leandra Leal. Principal aposta para representar o Brasil no Oscar 2026, O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, estará na programação hors concours. (CinePOP)
Vencedor do Oscar de melhor filme internacional, Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, continua ganhando prêmios, desta vez, o Grand Prix FIPRESCI, concedido pela Federação Internacional de Críticos de Cinema. Esta é a primeira vez que um filme brasileiro recebe o troféu de melhor filme do ano. A votação contou com a participação de 739 críticos de cinema de 75 países. Salles receberá a estatueta em cerimônia de gala na abertura do Festival de San Sebastian, no dia 19 de setembro. (Globo)
Famoso projeto musical criado em 2008 pela National Public Radio (NPR), o Tiny Desk Concert vai ganhar uma versão oficial 100% brasileira ainda este ano. A produção será realizada pela Anonymous Content Brazil e YouTube Brasil. Com mais de mil shows gravados, o programa é um fenômeno global ao convidar músicos como Billie Eilish, Babyface, Sting, Taylor Swift, Bono Vox, e os brasileiros Milton Nascimento, Liniker e Seu Jorge. Tendo a segunda maior audiência, o Brasil é o terceiro país além dos EUA a ter a sua própria versão do Tiny Desk, além de Japão e Coreia do Sul. (Folha)
Descubra os detalhes da trama golpista de Jair Bolsonaro e seus aliados no episódio 2 de Democracia – Uma História Sem Fim. O Julgamento do Século é o documentário que desnuda toda história que levou até o momento presente. Assine e assista.