O Meio utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência. Ao navegar você concorda com tais termos. Saiba mais.
Assine para ter acesso básico ao site e receber a News do Meio.

Prezadas leitoras, caros leitores —

Em 1934, no clássico “Assassinato no Expresso do Oriente”, Agatha Christie nos apresentou a um crime do qual todos eram culpados. Nove décadas depois, os advogados dos acusados pela tentativa de golpe de Estado de 2022 tentam emplacar uma narrativa inversa: a culpa nunca é própria — sempre do outro. Diante do vasto conjunto de provas reunidas pela Polícia Federal e detalhadas na denúncia da Procuradoria-Geral da República, a estratégia dominante foi passar adiante as responsabilidades.

Na Edição de Sábado, exclusiva para assinantes premium, Giullia Chechia, que acompanhou in loco as sessões na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, esmiúça esse jogo de empurra jurídico em que cada um descarrega sobre o vizinho o peso de ter esgarçado o tecido democrático brasileiro.

Mas não é tudo. Caio Mello nos mostra que, mesmo após terem se tornado raras por conta do streaming, algumas locadoras de filmes continuam funcionando, movidas pela paixão de seus donos. E Guilherme Werneck entrevista Marcelo D’Salete, quadrinista paulista vencedor do Prêmio Will Eisner, um dos mais importantes do gênero em todo o mundo. Ele nos fala sobre literatura periférica e seu olhar sobre o Brasil colônia.

Meio Premium, a informação para além das manchetes.

Assine!

— Os editores.

PL da anistia prevê Bolsonaro elegível em 2026

Foto: Scarlett Rocha / AGIF via AFP

Receba as notícias mais importantes no seu e-mail

Assine agora. É grátis.

A poucos dias do fim do julgamento da trama golpista que pode condenar Jair Bolsonaro a mais de 40 anos de prisão, aliados do ex-presidente correm para apresentar um projeto de lei no Congresso que conceda anistia a todos os envolvidos na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Uma minuta do texto, preparada pelo PL, já está pronta e prevê o perdão a crimes cometidos via redes sociais, ofensas a instituições, apoio logístico e financeiro a protestos e ataques à soberania nacional. Na prática, isso significaria que Bolsonaro ficaria livre da prisão e voltaria a se tornar elegível para as eleições de 2026. O projeto, segundo deputados bolsonaristas, também isentaria o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, de responsabilidade por tentar convencer Donald Trump a sancionar o Brasil como forma de pressionar o Judiciário a não julgar Bolsonaro. (Globo)

Em meio ao tiroteio, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), agiu como de costume. Primeiro disse que não colocaria na pauta um projeto para anistiar Bolsonaro. Depois, com o tema ganhando força, deu sinais de que poderia rever a posição e chegou a se reunir com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para tratar da estratégia política sobre como pautar a proposta. Na quinta-feira, diante das reações negativas na imprensa e na opinião pública, Motta desconversou, afirmando que ouviria os favoráveis e contrários à proposta. Ao final, disse que não “há nada definido” sobre a questão. (UOL)

Enquanto o presidente da Câmara se protege sob o manto da ambiguidade, o governador paulista partiu para o tudo ou nada na busca pela anistia de Bolsonaro. Tarcísio de Freitas, que já havia feito um périplo por Brasília com apoio do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, uniu forças com o pastor Silas Malafaia nas articulações. Nesta quarta, Tarcísio recebeu Malafaia para um jantar no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e confirmou presença em protesto organizado pelo pastor em São Paulo a favor da anistia de Bolsonaro. Segundo o Painel, a minuta do projeto que beneficia o ex-presidente foi feita pelos advogados e influenciadores bolsonaristas Tiago Pavinatto e Flavia Ferronato em conjunto com “professores da USP” que preferem não ter seus nomes divulgados. (Folha)

Diante da pressão
crescente no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu entrar pessoalmente na campanha do governo para impedir que o texto seja levado à votação. Lula aposta no apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para frear a ofensiva da oposição. Para isso, ofereceu a Alcolumbre manter no governo nomes indicados por ele para os ministérios das Comunicações e do Desenvolvimento Regional, além de superintendentes da Codevasf. O União Brasil, porém, decidiu deixar o governo e determinou que todos os integrantes do partido desocupem seus cargos na Esplanada até o fim do mês. (Estadão)

Em outra frente, o Planalto abriu o cofre para desmobilizar integrantes do centrão que possam se unir ao PL. Só nesta semana foram liberados quase R$ 2,5 bilhões em emendas parlamentares. O esforço do governo em empenhar essa fatia do orçamento acontece em meio ao desembarque de aliados e ao aumento das tensões em torno da anistia de Bolsonaro. (CNN Brasil)

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), reagiu às investidas do governo para buscar uma aliança com Alcolumbre a fim de barrar a anistia. Segundo ele, o projeto que será apresentado pelo PL é “o mínimo do mínimo” a que a oposição está disposta a negociar. Sóstenes atacou o presidente do Senado, que defende um texto alternativo sem o perdão a Bolsonaro. “A atribuição do presidente do Senado é pautar, não discutir o texto”, disse. (Poder360)

Vera Magalhães: “O projeto de lei da anistia não apenas livra os praticantes do 8 de Janeiro, os responsáveis pelas milícias digitais, os investigados pela Abin paralela e os que estão sendo julgados pela trama golpista: tal como está redigido, o projeto é um convite para ataques futuros às instituições”. (O Globo)

Silvio Cascione: “O sucesso da empreitada de Tarcísio não depende da aprovação imediata de uma anistia ampla, que inclua Bolsonaro. Este cenário, inclusive, continua improvável. O alvo da ofensiva é outro: convencer o ex-presidente de que o governador, se eleito presidente, estará comprometido com a ‘conclusão do serviço’”. (Estadão)

PUBLICIDADE

Batom na estátua

Marcelo Martinez

Em agosto, primeiro mês com tarifas de 50% impostas por Donald Trump, as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5% em relação ao mesmo período de 2024, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços (Mdic). Foram US$ 2,76 bilhões vendidos, comparados aos US$ 3,39 bilhões um ano antes. Itens como minério de ferro, açúcar, carne bovina e aeronaves puxaram a queda, afetando tanto produtos taxados quanto não taxados. Mas o governo atribui parte da retração a uma possível antecipação de embarques em julho. Apesar da perda no mercado americano, o saldo comercial brasileiro ficou positivo em US$ 6,1 bilhões no mês, sendo que as exportações totais subiram 3,9%, com destaque para China (31%), México (43,8%) e Argentina (40,3%). (Folha)

Um novo terremoto de magnitude 6,2 atingiu o Sudeste do Afeganistão na noite desta quinta-feira, dias após o tremor de 6,0 no domingo, que já havia deixado 2,2 mil mortos. O abalo, um dos mais letais em décadas no país, destruiu vilarejos inteiros na província de Kunar, onde casas de barro e madeira desmoronaram com facilidade. Equipes de resgate relatam dificuldade para chegar às áreas mais isoladas, bloqueadas por deslizamentos de terra. Cerca de 98% das construções de Kunar foram danificadas, de acordo com a ONG Islamic Relief. Ao menos 84 mil pessoas foram afetadas, muitas sem água, alimentos ou abrigo. (Guardian)

“Houve uma politização nefasta das Forças Armadas. Militares e política são como água e azeite: não se misturam.” A fala da presidente do Superior Tribunal Militar, Maria Elizabeth Rocha, ecoa em O Julgamento do Século, episódio 2 de Democracia — Uma História Sem Fim. O documentário expõe, com detalhes inéditos, como Jair Bolsonaro e altos oficiais chegaram ao banco dos réus por tentativa de golpe. Assine o Meio Premium e assista com exclusividade no streaming do Meio.

Viver

Uma análise do World Weather Attribution (WWA) divulgada nesta quinta-feira aponta que o calor, tempo seco e os ventos que alimentaram os incêndios mortais em Portugal e Espanha ficaram cerca de 40 vezes mais prováveis por causa das mudanças climáticas. Quando comparadas com o período pré-industrial, as condições meteorológicas são aproximadamente 30% mais intensas atualmente. Sem essas alterações no clima, as ondas de calor seriam esperadas até uma vez a cada 2.500 anos, mas elas têm ocorrido a cada 13 anos. Segundo os pesquisadores, essas condições devem se intensificar em toda a Europa a menos que haja uma substituição dos combustíveis fósseis por fontes renováveis. (UOL)

PUBLICIDADE

Pela primeira vez, uma equipe internacional de neurocientistas mapeou a atividade neural de um cérebro em tempo real. Os pesquisadores utilizaram camundongos para realizar imagens com resolução de célula única durante tarefas de escolha. O trabalho foi conduzido pela Universidade de Princeton em parceria com um consórcio de 22 laboratórios da Europa e dos EUA e publicado em dois artigos na revista Nature. Foram reunidas informações de 620 mil células nervosas em 279 áreas do cérebro de 139 camundongos. Enquanto os animais tomavam decisões, os eletrodos registraram a atividade de centenas de neurônios em diferentes regiões cerebrais simultaneamente. (g1)

Pessoas que concluem programas educacionais como Educação de Jovens e Adultos (EJA) têm uma melhora de 7% na empregabilidade e de 4,5% na renda. É o que mostra um estudo da Fundação Roberto Marinho em parceria com o Itaú Educação e Trabalho. O resultado é mais positivo para quem faz o EJA antes dos 25 anos, com aumento na taxa de emprego em 9,6% e renda mensal subindo 7,5%, em comparação a pessoas que não concluíram o ensino básico. O Brasil tem 66,6 milhões de pessoas com 15 anos ou mais fora da escola sem concluir esse ciclo educacional. (Valor)

Meio em vídeo. A crise masculina não é drama individual, é problema social. Meninos e homens estão ficando para trás na escola, no trabalho e nas relações. Ignorar isso é um erro: cuidar deles também é cuidar das mulheres e da sociedade. Confira a opinião de Mariliz Pereira Jorge no De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

Cultura


O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro recebe a quarta edição de um evento anual de arte, cultura e política neste fim de semana, enquanto o Circo Voador apresenta o Festival Medio y Medio, promovendo encontros inéditos entre artistas de Brasil, Uruguai e Argentina. Para quem está em São Paulo, começa no sábado a 36ª Bienal, que tem como tema “Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática”, inspirado em um poema de Conceição Evaristo. A cidade também vai ser agitada pelos festivais de música Coala, no Memorial da América Latina, e The Town, no Autódromo de Interlagos. Leia todas as sugestões no site do Meio.

O mundo da moda perdeu nesta quinta-feira um de seus maiores ícones com a morte do estilista italiano Giorgio Armani, aos 91 anos. Nascido em Piacenza, no Norte da Itália, começou sua história na moda ainda na década de 1970, quando mudou a maneira de pensar os ternos, menos rígidos e conservadores, ao remover o forro, reorganizar os botões e suavizar os ombros. Em 1980, começou a fazer sucesso em Hollywood, quando Richard Gere usou diversas de suas peças no filme Gigolô Americano. Conhecido por seu minimalismo e perfeccionismo, construiu um império avaliado em mais de 10 bilhões de dólares, fundando a marca Emporio Armani, que inclui desde hotéis, perfumes e óculos de sol a cafés e móveis. (DW)

Bruce Springsteen vai lançar uma edição de seu clássico álbum Nebraska, de 1982, com versões “elétricas” inéditas aguardadas pelos fãs por décadas. Nebraska '82: Expanded Edition chega em 17 de outubro como um box de 4 LPs ou 4 CDs. Entre as faixas, está a gravação inédita de Born In The USA com The Boss acompanhado por Max Weinberg e Garry Tallent. O lançamento coincide com a estreia nos cinemas do filme Springsteen: Salve-me do Desconhecido, que conta a história do disco acústico Nebraska, no dia 25 do mesmo mês. A coletânea virá com um Blu-ray contendo um vídeo dirigido por Thom Zimny de Springsteen e o E Street Band tocando o álbum na íntegra. (Deadline)

Cotidiano Digital

Um tribunal federal dos EUA condenou o Google a pagar US$ 425 milhões por violar a privacidade de milhões de usuários. A empresa foi responsabilizada por continuar coletando dados de dispositivos móveis mesmo após a desativação da função “Atividade na Web e de apps”, que supostamente impediria esse rastreamento. Embora o júri não tenha identificado má-fé, considerou que houve violação de privacidade em duas das três acusações. O Google afirmou que irá recorrer e disse que suas ferramentas respeitam as configurações dos usuários. (BBC)

Aliás, a big tech começou a liberar para usuários dos Estados Unidos uma nova ferramenta, integrada ao aplicativo Google Fotos, que transforma fotos em vídeos usando inteligência artificial. O recurso agora é alimentado pelo modelo mais recente Veo 3. Por enquanto, os vídeos gerados terão até quatro segundos e não terão áudio. A empresa afirma que o uso será gratuito, com limite de gerações, mas quem assina os planos AI Pro ou Ultra poderá fazer mais criações. (TechCrunch)

Mesmo sob pressão de Pequim, gigantes chinesas de tecnologia como Alibaba, ByteDance e Tencent continuam buscando os chips de inteligência artificial da Nvidia. As empresas querem garantias de entrega do modelo H20, que voltou a ter liberação para venda na China em julho, e já monitoram o desenvolvimento do B30A, um chip mais potente baseado na nova arquitetura Blackwell. Segundo fontes, o novo modelo pode custar até US$ 24 mil e ter desempenho até seis vezes superior ao antecessor. Apesar de não proibirem formalmente as compras, as autoridades chinesas vêm convocando empresas para pressionar por substituições. (Reuters)

Meio em vídeo. No Pedro+Cora, os jornalistas Pedro Doria e Cora Rónai recebem Bruno Rodrigues, especialista em inovação, para falar um pouco do lançamento de seu livro Prompt, Palavra, Ação: O futuro da escrita digital em ambientes generativos. No papo, abordam sobre como saber se comunicar com uma inteligência artificial, como construir um bom prompt, o processo criativo com ajuda da IA e as melhores formas de usar prompts para tarefas diárias. Assista. (YouTube)

O julgamento de Jair Bolsonaro e aliados domina a semana, e o Central Meio, nosso jornal diário, está mergulhando nos detalhes desse momento decisivo. Já passaram por nossa bancada nomes como o cientista político Otavio Amorim, a roteirista e produtora do documentário Apocalipse dos Trópicos Alessandra Orofino, o escritor e roteirista de O Julgamento do Século Sérgio Rodrigues, o diretor do documentário Ricardo Rangel. Acompanhe tudo no YouTube do Meio e fique por dentro.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.