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Rio de mortes, caos e briga política

Foto: Mauro Pimentel/AFP

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Até para o Rio de Janeiro, tão acostumado com a violência cotidiana que volta e meia faz lembrar uma guerra, a operação policial desta terça-feira contra o Comando Vermelho foi um choque. Nunca na história a entrada da polícia nas favelas deixou tantos mortos e nunca a reação do crime organizado atingiu tantos pontos da cidade ao mesmo tempo. Ao todo, 64 pessoas foram mortas, outras 80 estão presas. Pelo menos quatro policiais perderam a vida nos confrontos. Diversas pessoas foram baleadas em meio aos confrontos, sendo 15 policiais e ao menos três moradores. A ação, resultado de um ano de investigações de acordo com as forças de segurança do Rio, mobilizou 2.500 agentes, além do Ministério Público, que, oficialmente, cumpriam mandados de busca e apreensão, visando desarticular lideranças do Comando Vermelho (CV) nos complexos da Penha e do Alemão. Em resposta, os criminosos utilizaram drones para atacar a megaoperação. Mais de cem linhas de ônibus tiveram itinerários alterados, vias expressas foram interditadas e aulas foram canceladas por conta da violência. (UOL)

A Operação Contenção apreendeu 96 fuzis, segundo balanço parcial das autoridades, chegando à marca de 686 em 2025, um novo recorde anual no estado. Na semana passada, o Instituto de Segurança Pública (ISP) já havia registrado a marca de 593 fuzis apreendidos entre janeiro e setembro deste ano, o maior número da série histórica do ISP, iniciada em 2007. (g1)

Cálculos do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), apontam que a megaoperação na Zona Norte do Rio foi a mais letal do estado até hoje, superando uma operação no Jacarezinho, em maio de 2021, que causou 28 óbitos. Aliás, os morros da Penha e do Alemão são os mais afetados por ações mortais da polícia. Em 2022, duas operações mataram 23 pessoas na Penha, em maio, e outras 17 no Alemão em julho, além de outras 19 em junho de 2007. (CNN Brasil)

A ação policial se assemelha a uma guerra civil até na tática. Além de drones e ambulâncias do grupamento de Salvamento e Resgate, os agentes contavam com 32 blindados terrestres e 12 veículos de demolição. Já os traficantes usaram drones para lançar granadas contra equipes das forças especiais da Core e do Bope, além de armamento pesado, como fuzis. Veja em gráficos como foi a megaoperação desta terça-feira. (Globo)

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Enquanto os corpos ainda estavam sendo recolhidos das ruas e vielas das favelas da Zona Norte, uma outra guerra se desenrolava entre o Palácio das Laranjeiras, sede do governo do Rio, e o Palácio do Planalto. Diante do caos causado pela operação policial, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), tentou repassar a responsabilidade para o governo federal. De acordo com Castro, Brasília não quis apoiar a operação ao se negar a enviar blindados para apoiar a invasão das áreas comandadas pelo CV. Desmentido tanto pelo Ministério da Defesa quanto pelo Ministério da Justiça, o governador alegou ter sido mal interpretado. Em telefonema para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, Castro disse que não disse o que disse na coletiva de imprensa. “Gleisi, quem está falando isso não ouviu minha fala”, disse ele à ministra. (Globo)

O disse-me-disse do governador carioca, amplamente divulgado nas redes sociais da extrema direita, não parece ter convencido Brasília. Coube ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, as críticas mais intensas a Cláudio Castro. De acordo com o ministro, Castro deve tomar uma posição concreta sobre suas responsabilidades. “Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e pedir GLO ou intervenção federal”, afirmou o ministro. Em ambos os casos, o Rio passaria por uma intervenção federal, como ocorreu sob o governo Michel Temer, quando o general Braga Netto assumiu a segurança do Rio em 2018. (Folha)

Depois dos bate-bocas virtuais o governo federal decidiu agir de forma institucional enviando uma comitiva até o Rio para discutir a questão da segurança. A decisão foi tomada após uma reunião de aproximadamente duas horas no Palácio do Planalto, convocada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin. A delegação deve incluir Lewandowski; o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa; e o diretor-executivo da Polícia Federal, William Marcel Murad. O Palácio do Planalto pretende estabelecer linhas de atuação conjunta e formular uma resposta política e operacional para a atual crise na segurança fluminense. Integrantes do governo avaliam ainda que o cenário pode fortalecer o debate da PEC da Segurança no Congresso. (CNN Brasil)

Bernardo Mello Franco: “Com a popularidade na lona e o futuro político incerto, Cláudio Castro renovou a aposta no bangue-bangue. Na legenda do vídeo que festejou a matança, ele emulou Donald Trump ao falar em ‘narcoterrorismo’ e prometeu continuar ‘enfrentando de frente (sic) os vagabundos’”. (Globo)

Mariliz Pereira Jorge: “A violência no Rio parece uma chuva de verão. Quando engrossa, as pessoas evitam sair de casa para não ficarem presas num alagamento, mas depois a vida volta ao normal. Pouca gente faz de conta que se importa com a parte esquecida pela sociedade, aquela que mais sofre com o abandono e a insegurança. Todos à espera de que a chuva passe, os corpos sejam recolhidos e o sangue seque”. (Folha)

Meio em vídeo. Lula vive um dos melhores momentos de imagem do seu governo — e justamente com quem menos se esperava: Donald Trump. Mas uma frase desastrosa sobre traficantes serem vítimas de usuários de drogas revela a urgência de Lula se atualizar no assunto segurança pública. E a megaoperação do Rio reforça como esse tema vai ser, de longe, o mais importante da disputa eleitoral. A análise de Flávia Tavares no Cá entre Nós. (YouTube)

Castro 40 graus

Orlando

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Política

Por 52 votos a 48, o Senado dos EUA derrubou a emergência econômica nacional determinada pelo presidente Donald Trump para impor uma tarifa de 40% sobre centenas de produtos brasileiros. Somando os 10% das chamadas “tarifas recíprocas” anunciadas em abril, a sobretaxa total do Brasil chega a 50% atualmente. A decisão dos parlamentares não significa, porém, uma mudança nessas tarifas: para ter esse efeito, a resolução precisaria ser votada pela Câmara, o que não deverá acontecer. No entendimento da maioria dos senadores, o presidente Trump extrapolou seus poderes constitucionais ao sobretaxar o Brasil. (UOL)

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Com o ano eleitoral à porta e precisando aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o governo cedeu à pressão do Congresso e destravou a liberação das emendas de comissão. De acordo com o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), o valor pago passou de R$ 391 milhões na sexta-feira para R$ 1,013 bilhão nesta segunda-feira — um salto de 159%. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), havia cobrado pessoalmente do presidente Lula o estabelecimento de um calendário de liberação dessas emendas, diante das reclamações de parlamentares. (Globo)

Às vésperas da COP30, quais são as percepções da população cristã e de seus representantes no Congresso sobre questões ambientais e climáticas? No Meio Político desta semana, exclusivo para assinantes premium, Ana Carolina Evangelista mergulha nessa questão e avalia as relações entre ambientalismo, religiosidade e política. Faça agora uma assinatura premium e receba o Meio Político hoje, às 11h.

Os Estados Unidos intensificaram sua campanha militar contra embarcações acusadas de tráfico de drogas no litoral da América Central e do Sul, com novos ataques nesta que deixaram 14 mortos, informou o secretário de Defesa, Pete Hegseth. As ações, realizadas na segunda-feira em águas internacionais, elevaram para 57 o número de mortos desde setembro, quando a operação foi iniciada. Segundo autoridades militares americanas, três ataques atingiram quatro barcos no Pacífico Oriental, em rotas conhecidas do narcotráfico. O governo Trump tem deslocado progressivamente o foco das operações do Caribe — próximo à Venezuela — para o Pacífico, perto da Colômbia. O Pentágono também confirmou que bombardeiros estratégicos B-1 e B-52 voaram recentemente em espaço aéreo internacional próximo ao território venezuelano, em demonstrações de força contra o governo de Nicolás Maduro. (New York Times)

Cultura

O filme de Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto, recebeu duas indicações ao Gotham Film Awards, importante premiação do cinema independente nos Estados Unidos. Mendonça Filho foi nomeado na categoria de melhor roteiro original, enquanto Wagner Moura concorre a melhor ator. Uma Batalha Após a Outra, de Paul Thomas Anderson, lidera a corrida com seis indicações, apesar da polêmica em Hollywood, ao observar que a produção tem orçamento de US$ 130 milhões, muito acima do limite de US$ 35 milhões entre os concorrentes no ano passado. A cerimônia de premiação acontece no dia 1º de dezembro, em Nova York. (Globo)

Os produtores de O Eternauta começaram a preparar uma nova série pela Netflix, baseada no romance de ficção científica The World Jones Made, de Philip K. Dick. The Future is Ours será a primeira adaptação de uma obra de Dick para o espanhol. Os cineastas brasileiros Vicente Amorim (Senna) e Daniel Rezende (O Filho de Mil Homens) se juntam ao argentino Jesús Braceras (Barrabrava) na direção. Em oito partes, a minissérie se passa na América do Sul em 2047, quando um colapso ecológico leva à criação da FedSur, uma coalizão de países sul-americanos que aplica medidas extremas para proteger a natureza e neutralizar a agitação social. (Deadline)

A história do Secos e Molhados, que conquistou o país na década de 1970 com um visual de maquiagem e roupas ousadas para a época e canções que mesclam rock e MPB, será retratada em uma minissérie documental no Canal Brasil. A produção é dirigida pelo jornalista Miguel de Almeida, escritor do livro sobre o tema que baseia o enredo. Primavera nos Dentes: A História do Secos & Molhados tem pré-estreia nesta quarta-feira na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, sendo exibida em episódios semanais a partir de sexta na TV. A série conta com os membros Ney Matogrosso e Gérson Conrad, mas não do guitarrista João Ricardo, principal compositor do grupo, que também proibiu a inclusão das canções que ele escreveu. (Folha)

Cotidiano Digital

O PayPal anunciou uma parceria com a OpenAI que permitirá que usuários do ChatGPT comprem produtos diretamente pela plataforma de pagamentos, conectando comerciantes ao ambiente de IA generativa. O anúncio veio junto de uma revisão para cima na previsão de lucro anual da companhia, acima do projetado por analistas, e da decisão de distribuir dividendos trimestrais pela primeira vez em 27 anos. A aposta no chamado comércio por agentes, em que inteligências artificiais atuam como assistentes de compra, é vista por analistas como um possível novo motor de crescimento. (Reuters)

A Adobe abriu sua conferência anual Max com uma série de novidades em inteligência artificial generativa para os aplicativos do Creative Cloud. Os destaques incluem assistentes inteligentes no Photoshop e no Express, capazes de editar imagens e projetos inteiros a partir de comandos de texto, e ferramentas de áudio que criam automaticamente trilhas sonoras e narrações para vídeos. A empresa também anunciou que o recurso de Preenchimento Generativo do Photoshop agora poderá usar modelos de IA de parceiros como Google e Black Forest Labs, ampliando a diversidade nos resultados. Para produtores de conteúdo em vídeo, a Adobe lançou uma ferramenta em desenvolvimento para produção rápida de vídeos curtos, pensada para facilitar a criação de conteúdo para plataformas como o YouTube Shorts. (The Verge)

Meio em vídeo. No programa Pedro+Cora, os jornalistas Pedro Doria e Cora Rónai falam sobre a lista divulgada pela Time com as 25 invenções do século. No papo, discutem sobre as melhores invenções de cada ano, quais delas já usamos diariamente, as que não possuem tanta utilidade e as novidades de tecnologia ao longo dos anos. (YouTube)

O Central Meio completou 1 ano de existência. De segunda a sexta, mergulhamos nas principais notícias do dia do jeitinho deste Meio: nossos jornalistas e convidados trocam ideias e analisam os temas que movimentam o noticiário. Acompanhe ao vivo no YouTube, às 12h15.

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