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Com 121 mortos, Rio e União criam força-tarefa contra facções

Foto: Fabio Teixeira/Anadolu via AFP

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O que parecia ser apenas mais um capítulo brutal da crescente violência do Rio de Janeiro se transformou em um momento histórico da brutalidade policial no Brasil. Quando o dia nasceu, mais corpos começaram a ser retirados das regiões de mata no entorno dos complexos do Alemão e da Penha, áreas da Zona Norte carioca controladas pelo Comando Vermelho. Ao final da manhã, dezenas de cadáveres aguardavam, enfileirados, para serem recolhidos ao Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro. Quando a noite finalmente caiu sobre a Baía da Guanabara já se contavam 121 mortes, incluindo quatro agentes que participaram da mais violenta operação policial da história do Brasil. Até essa semana, policiais só haviam matado mais no Massacre do Carandiru, quando 111 homens foram mortos em uma operação policial no antigo presídio da região Norte de São Paulo, em 1992. Os números, no entanto, não são definitivos e não há ainda dados concretos que comprovem que as vítimas eram, de fato, criminosos, de acordo com a defensoria pública do Rio. A estimativa é de que o número de vítimas pode passar de 130 pessoas. (UOL)

Independentemente do choque causado pela matança na Zona Norte carioca e das denúncias de abusos policiais desta terça-feira, o governador do Rio, Cláudio Castro, comemorou o resultado obtido pela operação que deixou 119 pessoas mortas. “De vítimas lá só tivemos os policiais”, disse o governador, eleito na esteira da onda bolsonarista de 2018 que pregava uma ação mais violenta contra os criminosos das favelas cariocas. Castro deu a declaração em um encontro com governadores de direita por videoconferência. Entre eles estavam os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); e Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil). (Globo)

Ainda sem saber exatamente como reagir, o governo federal enviou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para se encontrar com Castro. Depois de uma reunião no Palácio Guanabara, Lewandowski e Castro anunciaram a criação de um Escritório Emergencial de Combate ao Crime Organizado no estado. O núcleo será coordenado pelo secretário de Segurança, Victor Santos, e terá atuação conjunta entre forças estaduais e federais. O encontro discutiu ações contra o Comando Vermelho, além do uso do termo “narcoterrorismo” pelo governo fluminense e da possibilidade de solicitar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — algo que Castro disse não considerar necessário no momento. “O objetivo é tomar decisões rápidas, sem criar uma estrutura burocrática, até que a crise seja superada”, disse o ministro. Ele afirmou também que o escritório servirá como um embrião da PEC da Segurança Pública, que ainda será votada no Congresso. (g1)

O secretário de Polícia Militar, Marcelo Menezes, explicou que a megaoperação foi planejada com análise de informações de inteligência e de cenários por 60 dias. Os agentes utilizaram como estratégia a tática chamada de “muro do Bope”, no qual policiais entraram por outras áreas das favelas para cercar os traficantes e empurrá-los em direção à mata, uma conhecida rota de fuga. O objetivo, segundo ele, era levar o confronto para áreas desabitadas, evitando mortes de inocentes, ciente de que “a alta letalidade era previsível, mas não desejada”. (g1)

Mesmo assim, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, apresente informações detalhadas sobre a operação policial desta terça-feira nos complexos do Alemão e da Penha. Moraes assumiu a relatoria do caso de forma interina, já que o processo, anteriormente conduzido por Luís Roberto Barroso, está temporariamente sem relator. A ordem foi expedida no contexto da ADPF 635, conhecida como ADPF das Favelas, que trata da letalidade policial no Rio de Janeiro. Embora o STF já tenha reconhecido parte do plano estadual de redução de mortes em ações policiais, a Corte impôs uma série de medidas estruturais e permanentes ao governo fluminense para controle da violência policial. (Estadão)

Já o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, admitiu nesta quarta-feira que a PM do Rio consultou a corporação sobre a possibilidade dos federais participarem da operação, mas a avaliação foi que não caberia a entrada da PF. “A partir da análise do planejamento operacional, nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse”, afirmou. O presidente Lula ficou irritado com a declaração de Rodrigues, mas decidiu não se pronunciar sobre a operação policial no Rio para evitar acirrar a disputa política e porque, como informa Vera Magalhães, pesquisas internas apontam apoio popular à ação da polícia. (Globo)

A Polícia Civil vai investigar os moradores que removeram os corpos da mata pelo crime de fraude processual. Além das mortes, dez menores foram apreendidos e 113 suspeitos foram presos, incluindo Thiago do Nascimento Mendes, o Belão, apontado como o operador financeiro do Comando Vermelho no Complexo da Penha e braço direito de um dos chefes da facção. (CNN Brasil)

Em resposta às barricadas e interdições provocadas em diversas vias da cidade após a matança no Alemão e na Penha, dez integrantes da cúpula do Comando Vermelho, que estavam presos em Bangu 3, foram transferidos para um presídio de segurança máxima do estado, em Bangu 1. Eles são apontados como responsáveis por comandar, de dentro das cadeias, a retaliação sobre a operação policial. A transferência é provisória, até que os criminosos sejam levados para presídios federais. (g1)

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Um dia depois de atingir a Jamaica e deixar oito mortos por conta das tempestades, além de um óbito na República Dominicana, o furacão Melissa vitimou fatalmente ao menos 25 pessoas no Haiti, antes de atravessar Cuba e seguir em direção às Bahamas nesta quarta-feira. Melissa perdeu força na Jamaica, com uma tempestade de categoria 5 passando para a categoria 2, mas os alertas seguem nas províncias cubanas de Granma, Santiago de Cuba, Guantánamo, Holguín e Las Tunas, bem como as Bahamas e Bermudas. Com ventos de 295 km/h, o furacão foi o mais forte a atingir a Jamaica desde que os registros começaram, há 174 anos. (AP)

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Política

E a crise carioca também virou o assunto principal em Brasília. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), não perdeu tempo e já anunciou que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado será instalada na semana que vem. A decisão ocorre um dia após a megaoperação contra o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história do estado, com mais de 120 mortos. “Determinei a instalação da CPI do Crime Organizado para a próxima terça-feira, em entendimento com o senador Alessandro Vieira (MDB-SE)”, afirmou Alcolumbre em nota oficial. Segundo ele, a comissão terá como objetivo investigar a estrutura, a expansão e o funcionamento de facções criminosas e milícias no país. “É hora de enfrentar esses grupos criminosos com a união de todas as instituições do Estado brasileiro, assegurando a proteção da população diante da violência que ameaça o país”, completou. (g1)

E o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP), vai se licenciar do cargo em novembro para assumir a relatoria do projeto de lei que classifica facções criminosas como organizações terroristas. Eleito deputado federal pelo PL, Derrite se reuniu nesta terça-feira, em Brasília, com os parlamentares Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), Danilo Forte (PL-CE) e Nikolas Ferreira (PL-MG) para acertar seu retorno temporário à Câmara. Inicialmente, a relatoria do texto ficaria com Nikolas Ferreira. O projeto amplia o alcance da Lei Antiterrorismo para incluir grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e milícias privadas. O governo Lula (PT), porém, mantém posição contrária. Para o Planalto, organizações como PCC e CV não se enquadram como terroristas por não terem motivação ideológica. (Metrópoles)

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Meio em vídeo. De todos os grupos políticos, o que mais está disposto a pagar por jornalismo são os bolsonaristas. Em segundo, a esquerda lulista. Isso define o jornalismo que temos na internet brasileira. A desinformação começa assim. A análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

Cultura

O Halloween que nos perdoe, mas quem brilha nos cinemas nesta semana não é alguma assombração, e sim Bruce Springsteen, vivido por Jeremy Allen White em Springsteen: Salve-me do Desconhecido. O longa retrata as gravações de Nebraska, de 1982, álbum no qual The Boss deu às costas às fórmulas e à vontade da gravadora e produziu sozinho uma obra prima. Mas claro que o terror está presente em quatro filmes sendo dois nacionais, mostrando o quanto o cinema brasileiro vem consolidando sua produção no gênero. Confira todas as estreias e veja os trailers no site do Meio.

Lançado originalmente por Gilberto Gil em 1984, o álbum Raça Humana ganhou uma nova roupagem com um encontro de gerações da música brasileira. O disco (Spotify), que celebra os mais de 40 anos da obra, foi lançado nesta quarta-feira nas plataformas digitais. Nomes da velha guarda, como Chico César e o próprio Gilberto Gil, se reúnem com novos talentos, incluindo Jovem Dionísio, Ana Frango Elétrico e Flor Gil no projeto da produtora Xirê, também responsável por Refavela 40. O álbum original marca um momento de ruptura na carreira de Gil, que passou a dialogar com pop, rock e a new wave dos anos 1980. (Rolling Stone)

Panelinha no Meio. O que é que a baiana tem? Pouca gente lembra, mas tem a quiabada, um ensopado rico que ganha aqui uma versão vegana com abóbora e couve-flor.

Cotidiano Digital

Uma falha na infraestrutura de nuvem da Microsoft derrubou sites e serviços em todo o mundo nesta quarta-feira. O site do aeroporto de Heathrow, em Londres, o jogo Minecraft, o sistema da Starbucks e até o Parlamento Escocês registraram instabilidade, além de milhares de outros domínios monitorados pelo Downdetector. A pane afetou o Azure Front Door, que gerencia tráfego para boa parte dos serviços hospedados na nuvem da empresa, responsável por cerca de 20% do mercado global. Segundo a Microsoft, o problema foi causado por uma “alteração de configuração inadvertida” e há tentativa de reversão para um backup anterior, mas sem prazo para solução. O Outlook e serviços do pacote 365 também relataram instabilidade. (BBC)

Três novos recursos do TikTok foram anunciados com o objetivo de ajudar criadores que buscam mais praticidade e receita. O Smart Split usa inteligência artificial para dividir vídeos longos em clipes curtos com legendas e enquadramento prontos, ideal para podcasts e vídeos captados ao longo do dia. Já o AI Outline atua na etapa anterior, com auxílio na geração de roteiros, ganchos e hashtags com base em tendências, mas por enquanto só está disponível para maiores de 18 anos nos EUA e Canadá. E para quem oferece assinaturas com conteúdo exclusivo, agora há a possibilidade de elevar a fatia de receita para até 90%, se cumprir critérios como ter ao menos 10 mil seguidores, 100 mil visualizações no mês e três vídeos exclusivos publicados. (The Verge)

A Amazon anunciou o lançamento do Projeto Rainier, uma superestrutura de computadores espalhada por vários centros de dados nos EUA, equipada com quase meio milhão de chips Trainium2, criados pela companhia. A infraestrutura será usada principalmente pela startup Anthropic para treinar e rodar futuras versões do modelo Claude. Apoiada pela própria Amazon, a Anthropic já está usando o cluster e pretende dobrar a aposta até o fim do ano, quando deve ultrapassar a marca de um milhão de chips em operação via Amazon Web Services. (Reuters)

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