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A boa e velha tecnologia

A população global está ficando cada vez mais envelhecida, com praticamente todos os países tendo de enfrentar uma realidade que preocupa governos e indústrias. Uma projeção de 2024 da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que o número de pessoas com 65 anos ou mais será maior que o de menores de 18 anos em 2080. Os países precisarão preparar os sistemas de saúde e cuidados adicionais para garantir o bem-estar de uma massa demográfica mais longeva e que requer cuidados especiais.

Um dos países com a população mais envelhecida do mundo, o Japão registrou recordes em números de cidadãos com mais idade e os mais baixos índices de juventude de sua história. Dados do Ministério do Interior japonês mostram que pessoas com pelo menos 65 anos já são 29,3% do total, sendo 16,8% com 75 anos ou mais. Enquanto isso, jovens com no máximo 15 anos representam apenas 11,2% dos habitantes.

Para fazer frente às futuras necessidades de uma sociedade mais velha, empresas e governos começam a investir em pesquisa, desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias para melhorar a qualidade de vida das pessoas na velhice. São as chamadas “gerontotecnologias”.

Robô que troca fraldas

Enfrentando o rápido envelhecimento da nação, uma taxa de natalidade em queda, população em idade ativa em declínio e prevendo uma possível escassez de cuidadores, o Japão está investindo em tecnologia para suprir as necessidades de seus moradores. A Universidade Waseda, em Tóquio, lidera a pesquisa com financiamento governamental de um androide controlado por inteligência artificial chamado AIREC. Pesando cerca de 150 kg, o robô pode realizar manobras para trocar fraldas geriátricas ou prevenir escaras, aquelas lesões na pele causadas por pressão prolongada ou fricção. Ele também é capaz de ajudar uma pessoa a se sentar ou colocar meias, fazer ovos mexidos, dobrar roupas e realizar outras tarefas úteis em casa.

Um dos maiores vilões dos idosos, as quedas são motivos de preocupação para familiares e cuidadores. Para solucionar esse problema, a startup chinesa Suzhou Yidaibao criou uma espécie de “airbag vestível”, acionado quando o usuário está prestes a cair. Impulsionados por um micro giroscópio e um processador, que detectam o movimento, além de um microchip que coleta dados de movimento humano 200 vezes por segundo, os coletes e cintos são inflados automaticamente para amortecer a queda e evitar ferimentos graves. Uma vez identificado um potencial acidente, a roupa expande em apenas 0,18 segundo, mais rápido do que o tempo médio que alguém leva para atingir o solo.

A inclusão tecnológica se faz cada vez mais necessária no cotidiano digital, com serviços como Uber e iFood sendo requisitados até por gerações que não estão acostumadas com esses aplicativos. Mas como deixar à disposição as comodidades oferecidas por esses apps às pessoas que sempre contaram com o bom e velho telefone? Foi pensando nisso que Justin Boogaard se juntou a David Lung para criar o GoGoGrandparent, que permite ligar e escolher diversas conveniências, usando um menu numérico. Com ele, é possível pedir um Uber ou Lyft para casa, medicamentos, refeições entregues por restaurantes locais, fazer compras de supermercados, ou ajuda com tarefas domésticas. Tudo disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana. O negócio, que começou na Califórnia em 2015, ganhou força e já é utilizado em outros estados americanos.

Bem-estar primeiro

A saúde mental é um tema importante, e para manter a mente dos idosos afiada e o espírito elevado, foi lançado um programa piloto em Nova York no mês de abril que transforma as telas de TV em centros personalizados para cuidados, comunicação e conexão. Os idosos qualificados para a iniciativa vão receber dispositivos da ONSCREEN, que podem transformar qualquer TV em uma plataforma de assistência inteligente, com recursos como lembretes para tomar os remédios e check-ins diários enviados aos telefones de entes queridos. Eles também contarão com um companheiro virtual com IA integrada, que interage com conversas personalizadas e jogos para estimular a memória com exercícios cognitivos e até sessões de pintura virtual. Tudo com facilidade para que eles não tenham de entender muito de tecnologia.

O programa foi criado em colaboração com o Escritório do Estado de Nova York para o Envelhecimento e a Associação do Envelhecimento de Nova York com o objetivo de ajudar os idosos e reduzir a pressão sobre seus familiares e cuidadores. Dados do governo dos Estados Unidos mostraram que 37,1 milhões de americanos, ou 14% dos adultos, prestaram cuidados não remunerados a idosos entre 2020 e 2021, o que pode gerar desgaste emocional e físico com o tempo.

Já a União Europeia financia a iniciativa Vida Ativa Assistida (AAL, na sigla em inglês), que reúne ferramentas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos idosos por meio de soluções inovadoras, contribuindo especialmente para a prevenção, apoio, manutenção da independência e a participação social. Por ajudar a reduzir ou amenizar problemas de saúde antes que se tornem graves, as tecnologias adotadas pelo programa monitoram constantemente os parâmetros de saúde e as condições ambientais para antecipar riscos potenciais e agir antes que incidentes ocorram, como videovigilância e inteligência artificial para reconhecer atividades ou detectar quedas.

Alguns dispositivos mais simples podem contribuir para a melhora cognitiva dos idosos. É o caso da Alexa, por exemplo, que desde 2020 já instalou mais de 10 mil aparelhos nas residências dos espanhóis mais experientes, por meio de uma campanha da Amazon em parceria com a Cruz Vermelha. “Descobrimos que essas ferramentas podem ajudar pessoas muito distantes da tecnologia a descobrir a internet e até mesmo criar uma conexão com o que está acontecendo na sociedade”, explicou Andrés Pazos, diretor nacional da Amazon Alexa na Espanha, ao jornal El País.

Cuidador de IA

A inteligência artificial também pode ser útil em robôs especializados em cuidados e bem-estar. A Intuition Robotics apresentou a ElliQ Caregiver Solution, um sistema com IA incorporado ao robô companheiro ElliQ com um aplicativo que ajuda os cuidadores a monitorar a saúde de idosos que moram sozinhos. Ele lembra a Alexa da Amazon, mas é proativo, pois incentiva os idosos a conversarem, oferece entretenimento e suporte, além de disponibilizar videochamadas com os cuidadores.

A companhia apresentou a solução no Consumer Electronics Show (CES 2025) com novidades úteis. Entre elas, estão o envio de alertas aos familiares, se o robô detectar que um idoso não dormiu bem ou está se sentindo mal, e atualizações sobre quaisquer mudanças significativas de comportamento ou saúde. Assim, eles podem monitorar a disposição de seus entes queridos de uma forma que não pareça tão intrusiva. Os cuidadores poderão receber outras atualizações proativas alimentadas por insights baseados em IA. A ElliQ Caregiver Solution já está disponível no mercado americano por uma taxa de inscrição única de US$ 249,99, que inclui o aluguel do dispositivo, e uma assinatura mensal de US$ 59,99, enquanto o aplicativo Cuidador terá uma taxa adicional de US$ 9,99 por mês para novos usuários.

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