BC liquida Banco Master; Daniel Vorcaro é preso ao tentar sair do país
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O mercado financeiro e o mundo político foram abalados nesta terça-feira pela notícia da prisão na noite anterior de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, e a decisão do Banco Central de liquidar extrajudicialmente a instituição e suas empresas, preservando apenas o Will Bank por haver interesse de compra. A liquidação aconteceu um dia após o anúncio de que a Fictor, uma holding financeira pouco conhecida, iria adquirir o Master e dois meses depois de o BC vetar a venda do banco ao BRB, que pertence ao governo do DF. Vorcaro, investigado por emissão de títulos de crédito falsos, foi preso pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos quando se preparava para deixar o país em um jatinho com destino à ilha de Malta, no Mediterrâneo. A defesa nega fuga e diz que ele viajaria a Dubai justamente para negociar a venda do banco. Com a liquidação do Master e de sua corretora, os depósitos até R$ 250 mil passam a ser cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), enquanto uma gestora nomeada pelo BC assume o comando e afasta a diretoria. (Folha)
Nas investigações, a PF e o MPF descobriram que o Banco Master vendeu ao BRB R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito que não existiam e tentou justificar a operação com documentos falsos entregues ao Banco Central. Contratos foram “fabricados” em um único dia, usando associações ligadas a um ex-diretor para simular créditos consignados bilionários, além de 100 contratos de pessoas físicas que jamais ocorreram. Mesmo após o BC identificar inconsistências e rejeitar a compra do Master pelo BRB, o banco estatal continuou transferindo recursos, o que levou os investigadores a apontar crime em andamento. (Estadão e Globo)
Além de Vorcaro, seis pessoas foram presas, incluindo Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, que consta como sócio do Master, e Augusto Ferreira Lima, ex-CEO da instituição. A Justiça bloqueou R$ 12,2 bilhões do grupo, e a PF apreendeu carros de luxo, obras de arte e dinheiro vivo. A decisão judicial também afastou Paulo Henrique Costa da presidência do BRB. (Metrópoles)
A prisão de Vorcaro deixou muita gente alarmada. Ao longo dos anos, o banqueiro construiu uma rede de conexões políticas que vai de bolsonaristas como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) a integrantes do governo Lula, como o ministro Ricardo Lewandowski. (Estadão)
A liquidação do Banco Master deve causar a maior indenização a depositantes já feita pelo FGC, que terá de cobrir entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões em depósitos, valor que supera o caso Bamerindus de 1997, atualizado hoje para cerca de R$ 20 bilhões. O Master vinha captando com CDBs de alta remuneração garantidos pelo fundo e já havia recebido uma linha emergencial de R$ 4 bilhões em maio para honrar vencimentos. Apesar do tamanho do rombo, o FGC afirma ter liquidez suficiente para fazer frente aos ressarcimentos. (Folha)
Flávia Tavares: “O Master enreda políticos, agentes do mercado e fundos públicos — e, por isso, só a Polícia Federal tem capacidade de investigar e desmontar essa teia. Então, quem ganha quando a PF perde força?” Confira no Cá Entre Nós. (Meio)



























