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Moro sai atirando, Bolsonaro rebate e país mergulha em crise

Pontualmente às 11h, o ex-juiz Sergio Moro se apresentou no auditório do Ministério da Justiça para uma coletiva na qual todos já sabiam o que iria anunciar. “Vou começar a empacotar minhas coisas e providenciar o encaminhamento de minha carta de demissão”, afirmou. “Infelizmente, não tenho como persistir com o compromisso que assumi sem que tenha condições de preservar a autonomia da Polícia Federal ou sendo forçado a sinalizar concordância com uma interferência política na PF cujos resultados são imprevisíveis.” O agora ex-ministro afirmou ter sido pego de surpresa pela publicação, no Diário Oficial, da exoneração de Maurício Valeixo, superintendente da PF. O ex-juiz saiu atirando. “O presidente me disse que queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar.” Segundo Moro, este tipo de intervenção nas investigações não ocorreu sequer durante o governo da ex-presidente Dilma. Para ele, Bolsonaro se manifestava preocupado com inquéritos relacionados a pessoas próximas suas. “Não é uma razão que justifique a substituição, tenho o dever de proteger a Polícia Federal.” Sergio Moro foi além em suas acusações. A exoneração de Valeixo, publicada no DO, levava sua assinatura e informava ter ocorrido sob pedidos. O ex-ministro disse que não assinou nada. “Vi que depois a Secretaria de Comunicação afirmou que houve essa exoneração a pedido, mas isso não é verdadeiro.” Assista aos principais trechos. (G1)

Os procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato, no Paraná, divulgaram nota em repúdio à interferência que Moro afirma ter ocorrido. “A tentativa de nomeação de autoridades para interferir em determinadas investigações é ato da mais elevada gravidade e abre espaço para a obstrução do trabalho contra a corrupção e outros crimes praticados por poderosos, colocando em risco todo o sistema anticorrupção brasileiro.” (Poder 360)

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu autorização ao Supremo para investigar as denúncias feitas por Moro contra o presidente. Ele lista entre os possíveis crimes cometidos por Bolsonaro falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada. Caso, porém, os crimes não sejam comprovados, voltam-se contra Moro os de denunciação caluniosa e crime contra a honra. O primeiro passo será ouvir o ex-ministro em depoimento. O ministro Celso de Mello será o responsável por analisar o pedido. (BBC Brasil)

No Twitter, o grupo bolsonarista rachou. Numa avaliação feita pelo Dapp da FGV, entre 11h e 13h30, 69% das manifestações vieram da oposição ao presidente e, 16%, da base de direita. Mas perfis importantes deste grupo manifestaram pesar pela saída do ministro e consideraram que o governo cometeu um erro. (Observatório da Democracia Digital)

O presidente Jair Bolsonaro respondeu a Moro também pontualmente — às 17h. Fez questão de subir ao tablado, no Palácio do Planalto, acompanhado de todos seus ministros para que demonstrassem apoio. “Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: ‘Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal”, acusou. “A exoneração ocorreu após uma conversa minha com o ministro da Justiça, pela manhã de ontem. À noite, eu e o doutor Valeixo conversamos por telefone, e ele concordou com a exoneração a pedido. Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso. Não existe uma acusação mais grave para um homem como eu, militar, cristão, ser acusado disso.” Para o presidente, Moro é movido por seu ego. “Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa. A outra é conviver com ela, trabalhar com ela. Hoje pela manhã, por coincidência, tomando café com alguns parlamentares eu lhes disse: ‘Hoje, vocês conhecerão aquela pessoa que tem compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil.’” Ele foi mais evasivo a respeito das acusações de interferência. “A PF de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle do que com o seu chefe supremo. Cobrei muito dele isso aí, não interferi. Acho que todas as pessoas de bem no Brasil querem saber — entendo, me desculpe senhor ex-ministro, entre o meu caso e o da Marielle, o meu está muito menos difícil de se solucionar. Acredito que a vida do presidente da República tem um significado. Que afinal de contas é o chefe de Estado. Isso é interferir na Polícia Federal?” (G1)

Moro respondeu via Twitter. “A permanência do Diretor Geral da PF nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado com a substituição.”

Respondeu, também, pela imprensa. Ao Jornal Nacional, passou a tela de WhatsApp de um diálogo seu com Bolsonaro, na quinta-feira. O presidente enviou ao ainda ministro o link de uma reportagem do site O Antagonista sobre a PF investigando dez a 12 deputados bolsonaristas. “Mais um motivo para a troca”, afirmou. Moro respondeu. “Esse inquérito é conduzido pelo ministro Alexandre, no STF. Diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas. Conversamos em seguida, às 9h.” O encontro entre os dois, na manhã desta sexta, não ocorreu. O DO com a exoneração saiu. (G1)

Estas não são as únicas provas que o ex-ministro tem. Há informações de que também tem áudios de tentativas de interferência do presidente. (Valor)

Após as acusações, o ministro Alexandre de Moraes tratou de blindar os delegados da PF responsáveis pelos inquéritos que envolvem fake news e os a respeito das manifestações pedindo golpe de Estado. A Polícia Federal não poderá substituir os responsáveis pela apuração. (Estadão)

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