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Phiber Optik, talvez o primeiro hacker celebridade

Na virada dos anos 1980 para 90, adolescentes curiosos por computadores começaram a se encontrar e trocar informações sobre como invadir sistemas para ter acesso a computadores nos quais jamais poderiam sonhar mexer. Um desses garotos, um novaiorquino chamado Mark Abene, se tornou o primeiro hacker celebridade. Na rede, atendia pelo nome Phiber Optik. Já hackeava aos 13 anos e, ainda menor de idade, se exibia em conferência invadindo sistemas na frente dos outros. Quando um dia se sentiu insultado por um comentário do liricista do Grateful Dead John Perry Barlow, outro pioneiro da internet, respondeu em 13 minutos publicando online a história de crédito do poeta.

Phiber Optik, num debate: “Conheço seu ponto de vista pois já li seus artigos e assisti sua palestra. Sei que você acredita que qualquer acesso não autorizado é crime. Não posso concordar. Aos 17 eu não tinha como comprar um Unix ou um VAX, ou mesmo a minha própria central telefônica. Mas estas eram as coisas pelas quais eu me interessava, tinha curiosidade sobre como funcionavam, em aprender a programar. Nunca teria acesso a esse tipo de sistema se não aprendesse a invadir computadores.”

Em seu livro The Hacker Crackdown, o escritor Bruce Sterling descreve o grande feito de Phiber Optik

“O crash começou numa tarde de segunda-feira, numa única central telefônica em Manhattan. Aí se espalhou. Estações por todos os Estados Unidos colapsaram em uma reação em cadeia até que metade de toda a rede de telefonia da AT&T estava fora do ar. A outra metade sobrecarregou. Só nove horas depois os engenheiros da companhia tinham uma ideia vaga da causa. Nas duas duas semanas seguintes, replicaram o problema, passo a passo, linha a linha de código, e confirmaram que a causa era uma falha obscura cuja explicação técnica era demasiado complicada. A explicação não convenceu os responsáveis pela segurança da empresa, tampouco aos agentes federais que acompanhavam a investigação. Não eram pessoas com o conhecimento técnico para entender o ocorrido e tinham suas próprias suspeitas sobre a causa do desastre. Fazia já alguns anos estavam investigando o underground da computação, e com o crash do sistema de telefonia aquilo que eles mais temiam parecia ter finalmente acontecido. O mundo chegava ao ponto em que todo o sistema de comunicação podia ser derrubado. Aquele obscuro bug em uma central telefônica deu início ao crackdown nos hackers. Nove dias depois, Phiber Optik, Acid Phreak e um terceiro parceiro conhecido com Scorpion tiveram suas casas invadidas pelo serviço secreto americano. Seus computadores foram apreendidos junto com uma imensa quantidade de anotações, cadernos, disquetes e outros aparelhos eletrônicos. Acid Phreak e Phiber Optik estavam sendo acusados de terem causado o Crash.”

(The Hacker Crackdown está disponível para download no Projeto Gutenberg.

Diversas outras prisões e apreensões aconteceram, entre elas a apreensão nos escritórios da Steve Jackson Games, uma editora de jogos de RPG, levando junto dos computadores, a única cópia do novo jogo que a empresa estava se preparando para lançar, cujo autor era acusado de pertencer à quadrilha. A empresa processou o serviço secreto e depois de um longo périplo por tribunais acabou vencendo a causa.

A ofensiva contra os hackers — que eram inocentes — plantou no imaginário americano o jovem com espinhas, frente ao computador, invadindo sistemas. Pois foi aí que John Perry Barlow, com o apoio do fundador da Lotus Mitch Kapor, fundou a EFF — Electronic Frontier Foundation. Uma ong que ajudou na defesa de Mark Abene, no processo da Steve Jackon Games, e até hoje é uma incansável defensora da liberdade digital.

Para escapar de uma possível condenação que poderia chegar a até 50 anos de cadeia, Phiber Optik assumiu a culpa por uma série de invasões a sistemas do governo e foi condenado a um ano de prisão. Em 1993, pouco antes de iniciar o cumprimento da pena, deu uma entrevista à TV.

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