O Meio utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência. Ao navegar você concorda com tais termos. Saiba mais.

As notícias mais importantes do dia, de graça

Ponto de Partida

Esteja você na direita ou na esquerda, comece por aqui. Pedro Doria explica didaticamente o início, o fim e o meio da política nacional.

Segundas, quartas e sextas, sempre ao final do dia.

Assine para ter acesso básico ao site e receber a News do Meio.

Que Judiciário é esse?

Na semana passada, a jornalista Rosane de Oliveira foi condenada, junto com o jornal Zero Hora, a pagar uma indenização de 600 mil reais à desembargadora Íris Helena Medeiros Nogueira, ex-presidente do Tribunal de Justiça, em Porto Alegre. O que Rosane fez? Abriu o Portal Transparência, pegou todos os juízes gaúchos, viu quanto cada um ganhou num determinado mês e listou o ranking dos mais bem pagos. Descobriu que a doutora Íris havia recebido 662 mil reais. Não é só salário, tá? Não é todo mês que ela ganha isso. Ali, em abril deste ano, mês passado, juntou o salário e umas verbas indenizatórias e deu isso.

Quem deve governar o Brasil em 2026?

No Ponto de Partida desta sexta-feira (23), Yasmim Restum e Pedro Doria conversam sobre o posicionamento político de Janja Lula da Silva, socióloga e primeira-dama do Brasil, após o último imbróglio diplomático na viagem à China.

Janja é um problema

O Brasil, como qualquer país, tem uma série de honrarias que são dadas àquelas pessoas que se destacam, sabe? Àquelas pessoas que fazem do país melhor. Temos a Ordem do Rio Branco, para aqueles que se destacam em tornar melhores as relações do Brasil com outros países. A medalha de mérito Oswaldo Cruz, para quem trabalha para que a saúde dos brasileiros melhore. Temos a Ordem do Mérito Cultural. Cada honraria dessas tem vários graus. Essa do Mérito Cultural, que foi distribuída pelo presidente Lula na segunda-feira, tem o nível de Cavaleiro do Mérito Cultural, de Comendador do Mérito Cultural e, a medalha de ouro nesse pódio, a Grã-Cruz do Mérito Cultural. Gregorio Duvivier se tornou cavaleiro do Mérito Cultural, na segunda. O ator Lázaro Ramos também. A cantora Maria Rita. A professora Marilena Chauí ganhou o prêmio no nível comendador. O cineasta Silvio Tendler. A escritora Conceição Evaristo. A Grã Cruz foi oferecida ao escritor Marcelo Rubens Paiva, ao diretor Walter Salles, à atriz Fernanda Torres. Caramba, os três trouxeram um Oscar, né? Ganharam também Chitãozinho e Xororó. Os caras lançaram Evidências. Alceu Valença. O sociólogo Danilo Miranda, que fez do Sesc o centro da cultura em São Paulo, recebeu in memoriam. Como Aldir Blanc e Beth Carvalho. E ganhou a Grã-Cruz do Mérito Cultural a primeira-dama Janja Lula da Silva.

Ou Lula. Ou Tarcísio. Ou Ratinho

os últimos meses tenho tido uma série de conversas sobre as eleições de 2026. Semana passada tive uma um pouco mais especial, que me ajudou a colocar inúmeras peças no lugar. Os papos são com cientistas políticos, muitos, e políticos alguns poucos. Nada contra políticos, na verdade bem o contrário. Costumo gostar bastante de conversar com políticos. Mas não é muita gente que tem cartas nas mãos, cartas altas o suficiente para ter influência real no jogo. Essa pessoa tem. Mas vamos botar as peças no tabuleiro. As eleições de 2026 vão definir muita coisa. O futuro do PT, o futuro do bolsonarismo, o futuro das relações entre Executivo, Legislativo e, talvez, Judiciário. É possível, dependendo de como essas eleições caminharem, que também o desenho partidário brasileiro se reorganize. Nós tivemos, nos anos 1990 e na primeira década do século, o domínio de PT e PSDB com, dando equilíbrio ao jogo, PFL e PMDB. Nos últimos dez anos isso bagunçou. Então vamos começar aqui botando as peças do tabuleiro nesse jogo. Só saberemos quem são os candidatos com alguma clareza da metade pro fim do primeiro semestre do ano que vem. Quem temos na corrida? À esquerda, Lula, Haddad, Ciro Gomes. Haddad é candidato se Lula não for. Lula quer ser candidato, se não sair é por uma de duas hipóteses. Ou porque a saúde não permite e, por enquanto, ele está muito bem e isso não parece problema. Ou porque se convence de que as pesquisas não dão espaço para ele vencer. Lula entra pra ganhar. Se estiver claro que vai perder, Haddad será candidato. Ciro sempre pode sair, quem é que vai saber? Mas não importa porque, seja Lula, seja Haddad, quem vai ao segundo turno pela esquerda é o candidato do PT. Esse é o lado fácil do tabuleiro. Agora tem o outro lado. Quem são os postulantes a uma candidatura? Do norte, vindo pro sul. Ronaldo Caiado, governador de Goiás. Romeu Zema, de Minas Gerais. Tarcisio de Freitas, de São Paulo. Ratinho Júnior, do Paraná. E, por fim, Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul. Cinco nomes que podem vir pelo flanco direito e todos à sombra de um fantasma. Jair Bolsonaro. O ex-presidente estará muito provavelmente preso mas não adianta, tem muito voto. Esta eleição, assim como aconteceu nas últimas duas eleições, terá muito a ver com Bolsonaro. Se ele ainda terá influência em 2030 dependerá bastante de como 2026 acontecer. E este jogo não é um em que apenas os nomes importam porque os partidos também vão ter relevância. Caiado é do União Progressista, Ratinho e Leite do PSD, Zema do Novo e, Tarcisio, do Republicanos. Qual é a sigla que está ausente aí? O partido de Valdemar Costa Neto, o PL, o Partido Liberal. Para a gente entender o tabuleiro da direita precisamos, antes de tudo, entender o que o PL, que também é o partido de Bolsonaro, vai fazer. Afinal, nenhum dos pré-candidatos está na legenda do ex-presidente. Guarda uma informação aí: Valdemar não pode se dar ao luxo de não ter um candidato à presidência. Seu partido não é o maior partido da direita, mas é o principal. Ele precisa disputar a presidência. Não pode o partido de Bolsonaro não ter seu próprio candidato. Não é sigla pra vice. Se oferece o vice ao invés do titular da chapa, abre mão de poder. Não há hipótese de isto acontecer. O plano A de Valdemar é Tarcisio. Ele quer o governador de São Paulo. A conta aqui é a seguinte: Tarcisio é um dos governadores mais populares do Brasil, se for candidato a reeleição muito provavelmente ganha no primeiro turno. Ele é, na história da São Paulo pós-ditadura, o governador mais popular que jamais houve. É, a esquerda não gosta disso. Mas é isso que os números dizem. Só pelo fato de o PL ser o partido de Bolsonaro já lhe dá uma base de 10 a 15% da qual partir. Se o candidato for Tarcisio, traz junto ainda essa popularidade paulista e o impulsiona mais, talvez encostando em 20 pontos percentuais já em agosto. Só tem um detalhe: não se bicam. Tarcisio não gosta de Valdemar por causa de pressão que ele fazia desde lá atrás, quando o governador trabalhava para a então presidente Dilma Rousseff. Talvez seja surpresa para muita gente na esquerda, mas Tarcisio se dá bem com Dilma e não suporta Valdemar. Pois é. Vida tem disso. Se Valdemar não conseguir atrair Tarcisio, então ele precisará lançar outro nome. Michelle? Flávio? Eduardo? Talvez. Ou outro político do PL. Seja quem for, o candidato do PL terminará com a etiqueta de candidato de Bolsonaro presa na testa. E o objetivo é esse mesmo. De todos, quem parece estar mais certo como candidato é Caiado. O seu é, tecnicamente, o maior partido do país. Vai ter dinheiro e o governador goiano acha que esta é sua última chance. O problema: não consegue decolar nas pesquisas. Não consegue abrir espaço para ser conhecido fora do Centro Oeste. O tempo está acabando e Caiado ainda não se mostrou viável. Ainda assim, deve sair candidato. Então temos, aí, dois candidatos da direita. O candidato do PL, seja lá quem for, e Caiado. Aí virá um terceiro. Este terceiro terá apoio do PSD, de Gilberto Kassab. Quem será? Kassab vem sendo claro sobre a ordem de suas preferências. Em primeiro, Tarcisio. Em segundo, Ratinho. Em terceiro, Leite. Isto inclusive faz parte do acordo de entrada de Leite no PSD. Ele é o candidato apenas no caso de Ratinho não querer. E o partido só vai ter candidato se Tarcisio não quiser sair. E o que Tarcisio vai querer? Se fosse fazer a escolha hoje, disputaria a reeleição. É o que a maioria de seus assessores diz e ele não começou a se mexer para cuidar da sucessão. Tarcisio gostaria de ter o apoio expresso de Bolsonaro, só que Bolsonaro não o oferece. E tem outra coisa: muita obra, muito programa por inaugurar. Ele não gostaria de deixar suas glórias nas mãos do vice. Só que, bem, quem vai saber? O terceiro candidato vai ser Tarcisio, se ele quiser. E, se ele quiser, será contra Caiado, do União, e um nome qualquer do PL. Possivelmente um Bolsonaro. Pois é. Este é justamente o problema que Tarcisio não quer: ser candidato contra um candidato do bolsonarismo. Então esta é a incógnita mais importante. Tarcisio sai mesmo sem o apoio de Bolsonaro? Rumamos para uma direita com três candidatos postos. Caiado desesperado para encontrar um caminho de crescimento, o candidato do PL e o candidato do Kassab. O candidato do PL, se não for Tarcisio, sai com 10 a 15%. E o candidato do Kassab sai com a bênção de jogar pelo Centro. Por que bênção? O antipetismo é forte mas o antibolsonarismo também. O Brasil está mais à direita do que à esquerda. Este candidato do PSD ou apoiado pelo PSD, ou Tarcisio, hoje mais provável Ratinho, muito possivelmente cresce rápido. Ratinho traz consigo o Sul do país e o PSD está muito forte no Nordeste. A direita já vem crescendo no Nordeste, e a esquerda diminuindo, faz pelo menos dois ciclos eleitorais. A eleição e 2026 vai ter emoção: a emoção estará na disputa, pescoço a pescoço, pelo flanco direito. O candidato do bolsonarismo contra este candidato da centro-direita. E o resultado mais provável é o candidato do PL, num quadro assim, não chegar ao segundo turno por conta do voto útil. Vamos tirar Bolsonaro do segundo turno. Quem ganha a eleição? Nas contas dessa pessoa que ouvi, um de três nomes é o próximo presidente do Brasil. Lula. Tarcisio. Ratinho. O que mela esse jogo? Tem um aspecto que muda, sim, toda essa estratégia. É Valdemar conseguir atrair Tarcisio para o PL. Ou Valdemar desistir de ter o principal partido de direita do Brasil e não lançar candidato próprio. Aí a direita sai unificada e, unificada, vai para a briga contra Lula ou Haddad. Porque, olha, Ciro Gomes pode até ser candidato mas muita coisa precisa mudar no Brasil para ele chegar ao segundo turno no lugar de Lula ou Haddad. Não tem chance. Lula. Tarcisio. Ratinho. Anota aí. Um deles governará o Brasil. Agora, claro, é tudo jogo de dados. Nunca se sabe quando não pode aparecer um fenômeno de redes sociais e revirar todo o cenário. Para muita gente, é cedo para pensar nessas coisas. Mas, entre os políticos, ninguém pensa em outra coisa. O xadrez já está sendo jogado e todos aguardam o que Tarcisio decidirá.

Descomplicando ideologias

No Ponto de Partida desta sexta-feira (16), Yasmim Restum e Pedro Doria começam o papo questionando o simbolismo da presença de Lula ao lado de 29 líderes mundiais - na sua maioria ditadores - na parada cívico-militar em celebração pelo Dia da Vitória, em Moscou.

O que pensa um liberal?

Você tem um segundo para ouvir a palavra do liberalismo? Brincadeira. Isso aqui não vai ser sobre proselitismo político. Mas vai ser sobre ideologias, porque a gente precisa falar sobre ideologia. Neste arco da história, a maioria da população brasileira está fortemente assentada no conservadorismo. Existe um grupo menor, mas presente, de socialistas. Liberais, e eu sou liberal, somos a franca minoria. Veja, não tem nenhum problema ser uma coisa ou ser outra. Numa democracia, porque o regime é liberal, as três correntes têm espaço no debate público. Devem ter. Só que a gente precisa ter vocabulário para falar sobre política e, quando dividimos tudo em direita ou esquerda, a gente perde esse vocabulário. Existem três grandes ideologias. Uma muito diferente da outra. Quando falamos de esquerda e direita, não cabem três opções. Se falamos de esquerda, centro e direita, muitos ficam com a impressão de que o centro é algo no meio, algo que não se posiciona. Que está em cima do muro. E não é. É um terceiro jeito de ver. Na verdade, nem é um terceiro. A primeira ideologia moderna a nascer foi o liberalismo. O conservadorismo apareceu em oposição àquele conjunto de ideias novas. E o socialismo veio depois, como uma oposição ao liberalismo pelo outro lado.

Lula foi passear com ditadores

Todo ano, em 9 de maio, os russos celebram com uma parada militar a vitória na Segunda Guerra Mundial contra os nazistas. É assim desde 1946. Nos anos de jubileu, o hábito é fazer uma celebração maior, convidando os representantes dos Estados aliados. Foi assim nos 50 anos da vitória, em 1995, nos 60, em 2005. E, sim, na última sexta-feira, os oitenta anos. O presidente Lula estava lá. Das Américas, além de Lula, foram só outros dois. Miguel Díaz-Canel, ditador de Cuba, e Nicolás Maduro, ditador da Venezuela. Mas a lista de chefes de Estado é maior do que essa. O chinês Xi Jinping foi. Os líderes da Belarus, Armênia, Azerbaijão, Mongólia. Umas ex-repúblicas soviéticas ali da Ásia Central. Tinham ainda alguns africanos também. É mais fácil listar quem eram os líderes de países democráticos na parada deste ano. Chefe de Governo tinha um monte. Democratas, só dois. Robert Fico, premiê da Eslováquia, e Lula. 29 chefes de Estado ou de governo. Só dois democratas. Foi uma festa de ditaduras.

Brasil pode aprender com a Alemanha?

No Ponto de Partida desta sexta-feira (9), Yasmim Restum e Pedro Doria falam sobre a recente classificação oficial do AfD (Alternativa para a Alemanha) como uma organização de extrema direita, e debatem sobre o que o Brasil pode aprender com a maneira como os alemães se mantêm alertas aos extremismos.

Lula subiu no telhado

É hora de quem é de esquerda abrir o olho. Este escândalo do INSS pode ser muito maior do que o Petrolão. Pior porque o rombo na Petrobras, dinheiro desviado por corrupção, por roubo, foi de 42 bilhões de reais. Agora estamos falando dum total que pode chegar a 90 bilhões. Pode chegar. Não sabemos o valor e é importante não se precipitar. Mas está claro que o número é nas dezenas de bilhões. Só que não é só isso. O prejuízo, no caso da Petrobras, são os investidores que compraram ações da empresa e, em última análise, o povo brasileiro. O povo é uma abstração. Ninguém viu dinheiro sumir da sua carteira, foi o Estado que geriu mal o que é estatal. Agora é muito diferente. Estamos falando de aposentados e pensionistas. Pessoas pobres, pessoas frágeis, pessoas às vezes em desespero, pessoas para quem cada centavo conta, gente que muitas vezes tem dificuldades cognitivas por conta da idade. E esse dinheiro que foi desviado saiu diretamente do bolso delas.

A lição da Alemanha

A gente já está há tantos anos discutindo sobre como salvar democracias que às vezes a conversa cansa um pouco. Só que algo muito interessante está acontecendo na Alemanha. E, veja, na real existem três maneiras de olhar para a decisão que o Departamento de Proteção da Constituição tomou de considerar a AfD, o partido que levou 21% dos votos na eleição de fevereiro agora, de classificá-lo como extrema direita.

Já é assinante? Faça login.

Assine para ter acesso ao site e receba a News do Meio