Bob Lefsetz comenta sobre a Quibi

Quibi foi uma das startups que mais ocupou os holofotes durante a CES. Foi destaque de matéria no Verge e no Estadão. Apareceu no vetusto Financial Times, ganhou segmento em vídeo na BBC, e até mesmo uma nota cá neste Meio. Fundada por Jeffrey Katzenberg, que foi sócio de Steven Spielberg na Dreamworks SKG, e tendo à frente a executiva de tecnologia Meg Whitman, prometem revolucionar a forma como assistimos vídeos no celulares. Dizem que não vão competir com Netflix e Disney+, mas sim com o Instagram e o TikTok.

Sobre a Quibi, Bob Lefsetz — um dos velhos observadores do encontro entre música, mídia e tecnologia — disparou essa semana:

“Isso é o que acontece quando boomers se juntam com MBAs para tentar competir na esfera da tecnologia. ELES PERDEM! E especialmente é o que acontece com Hollywood quando tenta competir com o Vale. Ou cede, ou perde. Meg Whitman sabe como fazer os trens saírem na hora certa. Fez no Ebay e na HP. Mas vem cá, me diga uma inovação que surgiu na HP nos tempos dela. Não vai conseguir! Já sobre Jaffrey Katzenberg, não vamos nos esquecer que a Dreamworks SKG foi um fracasso. O objetivo era se tornar um dos grandes estúdios. A gravadora falhou por não ter catálogo, além de ter gastado muito, quando o mundo já estava mudando. Claro, Katzenberg criou um estúdio de animação e vendeu com lucro. Bom, ideia brilhante. Millenials são viciados em seus telefones, a atenção é cada vez mais curta, vamos criar séries que possam ser vistas em pequenos pedaços, já que eles têm POUCAS OPÇÕES. Bem, nunca ouviu falar de YouTube? Sem contar dos stories no Snapchat e Instagram, e todos são de graça. Isso é o curioso do Quibi. Custa o mesmo de um Disney+ ou da assinatura da Apple. A turma jovem da tecnologia sabe que tudo depende de um produto de sucesso. Algo a que as pessoas não resistam. Elas se tornam dependentes e, aí sim, se começa a cobrar. Mesmo neste caso, continua gratuito, com anúncios, para a maioria.”

Uma pausa para lembrar que Lefsetz publica há muitos anos uma influente newsletter, em texto puro, sem formatação, nem links. Como eram os emails de tempos passados. Polemista, famoso por exagerar no uso de maiúsculas, mas com um faro certeiro para tendências de longo prazo, continuou disparando:

“Como alguém aprova um investimento como esses? Como pode essa empresa ter captado agora US$ 400 milhões em cima do bilhão que já foi investido? Me lembra dos que investiram na Pono, do Neil Young. Porque era o Neil Young, iria ser um sucesso. COMO? É um pouco como quando escolheram John Sculley para presidir a Apple. Ele sabia fazer os trens saírem na hora na Pepsi, mas não entendia a essência da computação, como Whitman, que não conhece entretenimento. Sem contar que o entretenimento online não é passivo, é ativo. As estrelas vêm das ruas e a audiência interage com elas. Como podem apostar tão errado?”

Pono era um player de música que tocaria arquivos num formato com qualidade superior à do MP3. O público já estava feliz com seus iPods, e ninguém percebia a diferença no som. Afundou.

Para ler com calma: Um longo perfil de Lefsetz, publicado pela Wired uns anos atrás.

Para assinar: The Lefsetz Letter.

Não foi uma boa semana para startups. Primeiro a Lime, de patinetes elétricas, anunciou que está saindo do Brasil e de mais 12 outros mercados, incluindo uma série de cidades americanas. O objetivo é atingir a independência financeira ainda este ano. Ontem foi a Rappi, que está demitindo cerca de 150 funcionários no Brasil. A empresa passa por mudanças de gestão, também buscando se equilibrar. Ficaram para trás os tempos de dinheiro fácil. Precisam deixar de ser startups e se transformar em empresas. A corrida que já foi de 100 metros rasos, agora é uma maratona. E o mundo já está mudando de novo.

Enquanto isso… Apple e Microsoft juntas estão valendo mais do que todas as empresas da bolsa alemã.

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A rede social perfeita para democracias

24/04/24 • 11:00

Em seu café da manhã com jornalistas, na terça-feira desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a extrema direita nasceu, no Brasil, em 2013. Ele vê nas Jornadas de Junho daquele ano a explosão do caos em que o país foi mergulhado a partir dali. Mais de dez anos passados, Lula ainda não compreendeu que não era o bolsonarismo que estava nas ruas brasileiras naquele momento. E, no entanto, seu diagnóstico não está de todo errado. Porque algo aconteceu, sim, em 2013. O que aconteceu está diretamente ligado ao caos em que o Brasil mergulhou e explica muito do desacerto político que vivemos não só em Brasília mas em toda a sociedade. Em 2013, Twitter e Facebook instalaram algoritmos para determinar o que vemos ao entrar nas duas redes sociais.

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