Em Brasília, Bolsonaro faz discurso messiânico depois de desfile oficial

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De Brasília

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Logo depois do tradicional desfile de 7 de Setembro em Brasília, nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se dirigiu a um carro de som em frente ao Congresso Nacional para falar a apoiadores. Não há um número oficial dos presentes, mas imagens do carro de som indicavam um público grande. Bolsonaro pediu votos e repetiu todo arcabouço de sua campanha. Ao lado do pastor Silas Malafaia, evocou o voto religioso e a chamada “pauta de costumes”, que tem apelo entre os evangélicos. “Somos uma pátria majoritariamente cristã. Que não quer a liberação das drogas. E não quer legalização do aborto e não admite a ideologia de gênero. Um país que defende a vida desde a sua concepção, que respeita as crianças na sala de aula, que respeita a propriedade privada. E que combate a corrupção para valer. Isso não é virtude, é obrigação de qualquer chefe do Executivo”. O tom messiânico veio na fala reiterada da luta do bem contra o mal. “Sabemos que temos pela frente uma luta do bem contra o mal. O mal que perdurou por 14 anos de nosso país. Que quase quebrou a nossa pátria. E que agora deseja voltar a cena do crime. Não voltarão. O povo está do nosso lado. O povo está do lado do bem”, discursou o presidente.

Bolsonaro beijou a mulher, Michelle, e, em seguida, chamou um coro de “imbrochável”. Assumindo um tom de campanha, Bolsonaro não poupou ataques ao ex-presidente Lula, líder nas pesquisas, e usou a imagem de Michelle para propor uma “comparação entre as primeiras-damas”. Sem citar a mulher de Lula, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja, ele comparou Michelle a uma “princesa”.“Podemos fazer várias comparações até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir uma mulher de Deus, família e ativa na minha vida”, disse o presidente. “Não é ao meu lado, não. Muitas vezes ela está é na minha frente. E eu tenho falado para os homens solteiros, para os que estão cansados de serem infelizes: Procurem uma mulher, uma princesa, se case com ela, para, serem mais felizes ainda”, disse o presidente antes de beijar Michelle no alto do carro de som. Quando Bolsonaro se referiu a Lula, dizendo que ele “quer voltar à cena do crime” apoiadores do presidente começaram a gritar frases contra o ex-presidente: “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Na cerimônia oficial, Bolsonaro também discursou. Fez questão de reiterar sua mensagem de luta do bem contra o mal e, ao se referir a golpes militares ao longo da história brasileira, disse que “a história pode se repetir”. “Queria dizer que o Brasil já passou por momentos difíceis, mas por momentos bons, 22 [revolta tenentista], 35 [intentona comunista], 64 [golpe militar], 16 [impeachment de Dilma Rousseff (PT)], 18 [eleição presidencial] e agora, 22. A história pode repetir, o bem sempre venceu o mal. Estamos aqui porque acreditamos em nosso povo e nosso povo acredita em Deus.”

O palanque do desfile foi marcado por ausências institucionais que deu destaque para políticos e empresários apoiadores do presidente. Além dos chefes do Legislativo, da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não esteve na festa o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

Bolsonaro teve ao seu lado o empresário, Luciano Hang, que chegou a discursar após a festa em um carro de som estacionado ao lado da área do desfile. A primeira-dama Michelle Bolsonaro também discursou, apontando que as forças que estão com Bolsonaro “são de Deus” e citou o setor do agronegócio.

Na cerimônia oficial, o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, ficou posicionado ao lado de Hang, ou seja, com uma importância menor que o empresário bolsonarista.

Marcelo Rebelo cedeu o coração de D.Pedro ao Brasil e esteve no Brasil em julho deste ano, quanto encontrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em São Paulo. Na época, havia a previsão de que ele se reunisse com Bolsonaro, que desmarcou o encontro, irritado com a reunião de Rebelo com o petista.

*Errata: Uma versão anterior deste texto dizia que a Polícia Militar do Distrito Federal estimou o público em 1 milhão de pessoas. A informação era da organização do evento, não uma estimativa oficial e, por isso, foi excluída.

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