Trocar Tite por Ancelotti é como trocar o discípulo pelo mestre, diz Márvio dos Anjos

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O técnico Tite encerrou sua passagem pela seleção brasileira após eliminação contra a Croácia na Copa do Mundo, e alguns treinadores têm sido cogitados por profissionais do futebol e da imprensa para substituí-lo. O nome de Carlo Ancelotti é um dos favoritos para a vaga e é visto com entusiasmo. Para o jornalista Márvio dos Anjos, tê-lo como o treinador em busca do hexa “seria como trocar o discípulo pelo mestre”, ao lembrar que Ancelotti é a maior referência de Tite no treinamento de equipes. Mas o atual contrato com o Real Madrid, da Espanha, poderá ser um empecilho para sua chegada. Durante um bate papo no programa #MesaDoMeio na Copa, Márvio avalia que Mano Menezes poderia ser o mais capacitado entre os brasileiros para assumir a seleção, considerando seu trabalho neste ano com o Internacional, de Porto Alegre.

Para o jornalista e escritor David Butter, “a gente talvez tenha uma chance de se reencontrar mais com Ancelotti do que com alguns nomes que parecem modernos, mas que estão apenas preenchendo uma necessidade nossa de parecer que é”. Ele avalia que Ancelotti “tem uma capacidade de explicar o futebol com termos simples, que poderia ser uma aposta genial da seleção, se fosse possível”. O editor-chefe do Meio, Pedro Doria, ressalta que, diferentemente de clubes brasileiros, a CBF tem condições financeiras e oferece para grandes estrelas da área técnica a chance de tentar um hexa pelo Brasil. “Estou convencido de que talvez seja o momento de chamar um técnico europeu para treinar nossa seleção.”

A discussão de nomes para comandar a seleção brasileira ocorre enquanto ainda se busca compreender como o Brasil foi eliminado pela Croácia na Copa, nos pênaltis. Pedro destaca que Tite poderia ter trocado a ordem dos batedores a qualquer momento, mas não o fez. Márvio lembra que Rodrygo é o segundo batedor oficial de pênaltis no Real Madrid, sendo decisivo na Champions League, e tinha confiança para fazer a cobrança, mas ele errou, assim como Harry Kane, que desperdiçou a oportunidade que teve de levar a Inglaterra para uma prorrogação contra a França, nas quartas de final. Para o jornalista, mexer na ordem das cobranças poderia dar margem para argumentar que a mudança repentina atrapalhou a concentração dos jogadores. Ele ressalta que Neymar também foi o último a bater pênaltis na decisão que trouxe o ouro olímpico para o Brasil, em 2016. Para David, a seleção perdeu a partida na prorrogação, não nos pênaltis. O jornalista avalia que o empate abateu a equipe do Brasil, no fim de jogo. A Croácia se manteve tranquila e equilibrada, mesmo sob pressão nas partidas da Copa, fazendo a diferença nas decisões. “Eles começam a crescer e a tomar conta”, explica. “Quando sai um gol, acaba o jogo.”

Uma outra discussão que segue no país são as declarações do ex-jogador e colunista do UOL Walter Casagrande, que criticou os jogadores da seleção, em uma entrevista na sexta-feira, ao dizer que os atletas se preocupam em se tatuar, colocar brinco e pintar os cabelos, mas não participam de questões políticas importantes. Márvio dos Anjos diz querer “que Casagrande encontrasse o Casagrande de 30 anos atrás e falasse pra ele que não é no corte de cabelo que a gente identifica se o jogador tem foco ou não”, lembrando que o ex-atleta usava chuteiras brancas enquanto todos usavam pretas. Para ele, a imprensa brasileira pediu para que os jogadores fossem mais politizados, mas “agora estamos vendo que há mais lágrimas pelas preces atendidas, do que pelas que não foram respondidas”. Márvio ressalta que a maioria dos jogadores são mais ligados a causas políticas que Casão não gosta, por serem bolsonaristas, mas que também há outros, como Vini Jr. e Richarlison, que têm outra postura, apoiando causas sociais. Para ele, Casagrande deveria olhar para seu legado como jogador e repensar o que tem declarado na imprensa.

David Butter lembra que Ronaldo Fenômeno fez o corte de cabelo “Cascão” na fase final da campanha do pentacampeonato, em 2002, e que todas as pessoas são capazes de esquecer o que fizeram quando eram jovens, inclusive Casagrande. Ele afirma que ver figuras como o colunista do UOL, que era alvo de críticas na época em que era jogador, se convertendo no que ele mesmo combatia “é a ironia máxima do tempo”.

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