Meio

De Brasília

A aprovação na Câmara de mudanças na Lei das Estatais surpreendeu operadores do mercado na noite de terça-feira (13/12), mas a votação começou a ser combinada de manhã, em uma reunião entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Chamado por Lula, Lira amanheceu no hotel. Para isso, precisou transformar um café da manhã que tinha com a bancada do agronegócio em chá da tarde na Residência Oficial.

Lira saiu do encontro com Lula sem dar declarações. No tradicional almoço com a base de Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, já tratou de passar à sua aliada, Margarete Coelho (PP-PI), os pontos combinados que foram inseridos de última hora na proposta que, há muito tempo, é defendida pelos membros do Centrão.

Pasta para o Centrão

A mudança viabiliza a decisão de Lula, anunciada na tarde de terça, de colocar o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) na Presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES). Isso porque diminui de 36 meses para 30 dias o período de quarentena pelo qual uma pessoa que tenha atuado em estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a campanha eleitoral deve passar antes de tomar posse em cargo de direção de empresa pública e sociedade de economia mista.

Lira, por sua vez, quer um ministério robusto para seu aliado Elmar Nascimento (UB-BA), que foi indicado por ele para relatar a PEC da Transição. Aprovado no Senado, o texto está na Câmara e prevê, entre outros pontos, a retirada do teto de gastos, os recursos para pagar o Bolsa Família de R$ 600 a partir do próximo ano.

Um aliado disse ao Meio que Lira não aceita nada para o Centrão que seja menor que o que receberá o clã de Renan Calheiros (MDB-AL), seu adversário político em Alagoas. O ex-governador Renan Filho (MDB-AL) tem o nome cotado para assumir o Ministério de Minas e Energia na Esplanada de Lula. Nesse contexto, uma Secretaria de Portos para Elmar não atenderia os anseios do Centrão de Lira.