Reunião da CPI da Braskem expõe racha entre senadores governistas

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A primeira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem, no Senado, expôs um racha entre senadores governistas. De um lado, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que tem agido, em nome do Planalto, para que a CPI não se torne um palco de desgaste para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e seus aliados em Alagoas.

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Do outro, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que tem interesse eleitoral de expor as relações e responsabilidades da turma de Lira com a empresa e com desastre ambiental provocado pela exploração de sal-gema em Maceió.

No meio dessa disputa, está o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), que tenta contemporizar os interesses.

A primeira reunião estava marcada para começar às 10h. Os senadores, no entanto, se reuniram em uma sala reservada por mais de uma hora e saíram sem uma solução para o impasse. Aziz anunciou o adiamento para às 16h e colocou em dúvida, inclusive, sua permanência na presidência da comissão. “Eu vejo que Aziz também se sente constrangido em não me dar a relatoria”, comentou Renan, em conversa informal com alguns jornalistas.

Wagner saiu da reunião dizendo que há uma tentativa de construir um consenso.  Renan, no entanto, foi irredutível. “É natural que quem apresenta o pedido de CPI seja presidente ou o relator”, disse o senador alagoano que rejeitou a oferta de ser vice-presidente do colegiado, posição hoje ocupada por Jorge Kajuru (PSB-GO).

Ao anunciar a suspensão da reunião, Aziz ainda apontou outro impasse além da disputa pela relatoria. Ele defendeu que o objeto de investigação da CPI não seja restrito às ações da petroquímica em Alagoas. Ele defendeu que sejam investigadas as atividades da empresa em todo país, tirando o foco da disputa alagoana entre Renan e Lira.

“Essa CPI não será específica sobre a cidade de Maceió, sobre Alagoas, ela tem de ser específica ao procedimento [extração de sal-gema]. Não se trata somente de indenização, tem questões muito mais profundas que serão discutidas aqui”, disse Aziz.

Renan, por sua vez, disse ser contrário a essa ideia e alega que o objeto específico que consta no pedido de criação da CPI é o desastre ocorrido em Maceió e que não é possível mudar agora.

O motivo de toda essa disputa está nas eleições municipais. Lira trabalha para a reeleição de seu aliado, o prefeito João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC. Renan, por sua vez, tenta fazer da CPI um palanque para recuperar para seu grupo político a prefeitura da capital alagoana. Entre os nome mais prováveis do clã Calheiros para a prefeitura de Maceió está o do deputado federal Rafael Brito (MDB).

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