‘Tem lado político e trabalha muito mais para prejudicar o país’, diz Lula sobre Campos Neto
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O presidente Lula disse hoje de manhã, em longa entrevista à rádio CBN, que Roberto Campos Neto “não tem nenhuma capacidade de autonomia, tem lado político e trabalha muito mais para prejudicar o país”. Citou o jantar que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, fez em homenagem ao presidente do Banco Central e disse que o ex-ministro de Jair Bolsonaro tem mais influência nas decisões do chefe do BC do que ele, como presidente. A inflação, segundo Lula, está totalmente controlada e o Brasil tem tido aumento de empregos. Por isso, o BC precisa se comportar “na perspectiva de ajudar o país e não de atrapalhar o crescimento”. A entrevista acontece em meio ao início da reunião nesta terça-feira (18) para definir a nova taxa básica de juros. Economistas acreditam que a Selic será mantida em 10,5% ao ano.
Disse Lula à CBN: “Você não pode gastar o que não tem, só pode gastar o que ganha. É assim que prezo minha consciência política. Nós não temos que gastar o que não temos, e é por isso que estamos fazendo um estudo muito sério sobre o orçamento. Você tem um país que está com a economia crescendo acima do que o mercado imaginou, um país que está gerando mais emprego, em 17 meses foram 2,4 milhões de empregos formais. Você tem a massa salarial crescendo 11,5%. A situação é muito boa do ponto de vista econômico se comparamos com o país que pegamos. Tem mais investimentos, tem o PAC, R$ 1,7 trilhão em investimentos. (…) Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil neste instante: o comportamento do Banco Central”.
“O Brasil não precisa disso”, disse o presidente sobre a provável manutenção da Selic. “Não tem explicação a taxa de juros do jeito que está. (…) Acho muito triste. Há um grau de confiança no Brasil extraordinário. Todos os bancos que recebo demonstram que não há país com mais otimismo do que o Brasil. Fomos o segundo país a receber mais investimentos externos. Temos uma situação que não necessita dessa taxa de juros. O Brasil não pode continuar com uma taxa de juros proibitiva de investimentos no setor produtivo. Como você vai convencer o empresário a fazer investimento se ele tem que pagar uma taxa de juros absurda? É preciso baixar a taxa de juros de forma compatível com a inflação”, afirmou Lula.
“Vamos repetir Moro? O presidente do Banco Central está disposto a fazer o mesmo papel que Moro fez, paladino da justiça com rabo preso com compromissos políticos?”, questionou, fazendo alusão ao convite que Tarcísio teria feito a Campos Neto para que ele seja seu ministro da Fazenda, em caso de uma eventual vitória do governador na eleição presidencial de 2026. “Não é que ele encontrou o Tarcísio numa festa. A festa foi para ele, foi homenagem do governo de São Paulo para ele, certamente porque o governador está achando maravilhoso a taxa de juros de 10,5%”, disse Lula. A equipe econômica do governo Lula avalia a possibilidade de rever subsídios e fazer um pente fino nos gastos para garantir espaço para outras despesas no Orçamento. (CBN)
O mercado de câmbio reagiu imediatamente às críticas de Lula ao presidente do BC, com o dólar abrindo em alta e encostando em R$ 5,45, com uma alta de 0,38% em relação ao fechamento de segunda-feira. (g1)