Popeye, Tintim e outros clássicos de 1929 agora livres de direitos autorais

A economia global passava por um momento crítico com o “crash” da bolsa de Nova York. Em contrapartida, as inovações avançavam a passos largos, e o descontentamento coletivo, combinado com novas possibilidades tecnológicas, inspirou a criatividade de muitos. Enquanto a arte refletia as transformações profundas do mundo, 1929 marcou um ponto de virada na produção cultural global. Nesse ano, nasceram clássicos que, a partir deste 1º de janeiro de 2025, estão livres de direitos autorais nos Estados Unidos — exceto pelas gravações sonoras, que possuem uma legislação distinta. Com isso, novos artistas terão liberdade para reinterpretá-las.
Entre os destaques, estão Popeye e Tintin. O marinheiro, famoso pelas tirinhas Thimble Theatre, estreou em 17 de janeiro de 1929. Inicialmente, sua força extraordinária não vinha do espinafre — esse detalhe só foi acrescentado em 1932. Tintin apareceu em 10 de janeiro do mesmo ano, nas páginas da revista Le Petit Vingtième, e suas aventuras culminaram no livro Tintin no País dos Sovietes, iniciando a trajetória do repórter mais icônico dos quadrinhos, sempre ao lado de seu leal cão Milu.
Além dos quadrinhos, 1929 foi um ano decisivo para a literatura, com a publicação de obras como O Som e a Fúria, de William Faulkner, Adeus às Armas, de Ernest Hemingway, e Um Teto Todo Seu, de Virginia Woolf — agora disponíveis para todos. No cinema, o salto do mudo para o sonoro trouxe filmes como Chantagem, de Alfred Hitchcock, A Guarda Negra, de John Ford, e A Caixa de Pandora, de G.W. Pabst, que também já estão livres de direitos autorais. No universo dos desenhos animados, Mickey Mouse, que começava a sair da proteção com sua estreia em Steamboat Willie, tem agora mais animações disponíveis, como The Karnival Kid, onde Mickey surge com suas famosas luvas brancas e diz pela primeira vez: “Hot dog, Hot dog!”.
Na música, clássicos como Rhapsody in Blue, de George Gershwin, e Ain’t Misbehavin’, de Fats Waller, se juntam à coletânea de obras livres, embora as gravações ainda estejam protegidas, limitando o uso às partituras e letras. E a terceira arte não ficou de fora: algumas das pinturas mais emblemáticas de Salvador Dalí, criadas durante sua fase surrealista em Paris, também entram para o hall do domínio público, incluindo Prazeres Iluminados, As Acomodações do Desejo e O Grande Masturbador.