Prezadas leitoras, caros leitores —

Nesta segunda-feira, feriado nacional da Proclamação da República, Meio não circulará. Estaremos de volta na terça-feira, dia 16.

Já no próximo dia 21, os chilenos vão às urnas para escolher seu novo presidente. E, nos últimos trinta dias, um político de extrema-direita até então pouco conhecido chamado José Antonio Kast saltou da quarta para a primeira posição nas pesquisas.

Na última segunda-feira, a Câmara dos Deputados aprovou a abertura de processo de impeachment contra o atual presidente, Sebástian Piñera, que está a quatro meses de terminar seu segundo mandato.

Há apenas alguns meses, em maio, os mesmos chilenos elegeram uma Assembleia Constituinte de esquerda, em grande parte composta por pessoas que nunca militaram na política partidária. Tendo começado há três meses, a Constituinte conta com parcos 30% de apoio popular.

Não bastasse, ainda há tensão nas ruas e o temor de novas explosões sociais existe.

É como se, num só ano, o Chile vivesse o que o Brasil passou em 2013, 16 e 18 — tudo ao mesmo tempo e com, ainda por cima, uma Constituição nova sendo escrita.

É uma panela de pressão. E, ainda assim, o que acontece lá bem serve como espelho para cá. Compreender o jogo político no Chile pode nos falar muito sobre o Brasil de hoje e, talvez, sobre o que esperar para as eleições presidenciais aqui no ano que vem.

É uma montanha-russa.

Pois a montanha-russa chilena é o tema da edição de Sábado.

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— Os editores

Lira manobra para manter controle sobre verbas

Nem mesmo o placar de 8 a 2 no Supremo Tribunal Federal (STF) faz com que o Congresso desista de continuar usando o orçamento secreto e de manter em sigilo os beneficiários dos gastos já feitos. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), articula um projeto que trata exclusivamente de mais transparência de agora em diante e, na prática, mantém nas mãos do governo, de Lira e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o controle sobre a liberação de verbas, escolhendo que deputados são beneficiados com a execução de emendas em detrimento de outros. Esse foi um dos pontos criticados pela ministra Rosa Weber na liminar que suspendeu a execução do orçamento secreto. O decreto poria em prática a tese defendida pelos ministros do STF Gilmar Mendes e Nunes Marques, os únicos que votaram contra a proibição do orçamento secreto. (Folha)

O Supremo, por sua vez, espera os próximos movimentos do Legislativo para julgar o mérito da ação contra o orçamento secreto. Os ministros querem se livrar desse abacaxi político e esperam medidas que deem de fato transparência ao empenho de verbas para liberar a execução das emendas. (Globo)

Aliás... Falando em emendas, o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, pediu exoneração (temporária) ontem para voltar ao Congresso, onde é deputado licenciado pelo DEM gaúcho. Onyx, que vai tentar se reeleger ano que vem, quer cuidar de perto de suas próprias emendas ao Orçamento. (Metrópoles)

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Em cada dez servidores da União, seis já testemunharam atos antiéticos ou corrupção explícita no ambiente de trabalho, segundo pesquisa encomendada pelo Banco Mundial. Com garantia de anonimato, foram ouvidos 22.130 servidores, entre abril e maio deste ano, com apoio da Controladoria-Geral da União e do Ministério da Economia. O desvio mais comum é o uso do cargo para ajudar amigos e familiares. Metade dos ouvidos disse não ter segurança para denunciar as irregularidades. Somente 33 comunicaram os malfeitos; deles, 41% disseram que as denúncias não deram em nada, e 27,4% afirmaram terem sofrido retaliação. (Metrópoles)

Com ares de convenção partidária, a filiação do ex-ministro Sérgio Moro ao Podemos na quarta-feira teve um detalhe que chamou a atenção: a presença de antigos aliados do presidente Jair Bolsonaro, adversário de Moro nas eleições do ano que vem. Pelo menos dois outros ex-ministros foram prestigiar o antigo colega, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que comandou a Secretaria de Governo, e Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde. Mandetta, aliás, é filiado ao DEM, futuro União Brasil, e visto também como potencial candidato ao Planalto. Pelo menos quatro deputados federais eleitos na onda bolsonarista em 2018 também compareceram. (Estadão)

Bolsonaro procurou ontem não dar sinais de ter sentido a potencial entrada do próprio ex-ministro da campanha. Pelo contrário. Conversando com apoiadores, o presidente ironizou o discurso de Moro, dizendo que o antigo juiz da Lava-Jato “não aprendeu nada” no período em que ocupou o Ministério da Justiça, sem dar mais detalhes. (CNN Brasil)

Meio em vídeo. O Moro que se lançou pré-candidato é outro, tomou um banho de marketing profissional. Já entrou mudando a estrutura da campanha e a corrida eleitoral. A notícia é ruim para dois candidatos — o próprio Bolsonaro, e também para Ciro Gomes. Agora: é bom para o Brasil? Confira no Ponto de Partida. (YouTube)

O STF começa a julgar hoje uma ação movida pelo procurador-geral da República para impedir que as Defensorias Públicas requisitem documentos como certidões e perícias a autoridades. Aras alega que o mesmo direito não é garantido aos advogados comuns. Já os críticos da ação dizem que ela amarra a atuação das defensorias, única forma de acesso dos mais pobres à Justiça. (Estadão)

Para ler com calma. Com pesquisas indicando uma alta rejeição a seu governo e a perspectiva de uma derrota nas urnas, Bolsonaro trabalha para deslegitimar as eleições Brasileiras. E para isso conta com apoio dentro dos Estados Unidos. Não do governo Biden, claro, mas de antigos assessores do ex-presidente Donald Trump, ainda muito influente na política americana. (New York Times)

O Partido Novo anunciou ontem que suspendeu temporariamente a filiação das vereadoras paulistanas Cris Monteiro, de 60 anos, e Janaína Lima, de 37, que trocaram sopapos no banheiro da Câmara municipal. Monteiro acusa Lima de tentar estrangulá-la, e esta responde dizendo ter agido em legítima defesa. A duas, que registraram diferentes boletins de ocorrência, começaram a se estranhar ainda no Plenário por conta do tempo de fala ao microfone durante a votação da reforma da previdência do município e, já no banheiro, partiram das vias de fato para a lesão corporal. A Procuradoria da Câmara também está investigando o caso. (g1)

Frederik Willem de Klerk tinha 53 anos quando, em 1989, assumiu a presidência da África do Sul. Era um típico integrante do Partido Nacional, que controlava o país desde 1948 e impusera um dos mais brutais regimes de segregação racial do mundo, o Apartheid. Mas ele sabia que o sistema não era sustentável, atraindo condenação internacional, sanções econômicas e cada vez maior oposição interna. Coube a de Klerk desmontar o Apartheid, tornar legais partidos negros como o Congresso Nacional Africano, libertar os presos políticos e, em 1994, entregar a presidência ao mais famoso deles, Nelson Mandela. Laureado junto a Mandela com o Nobel da Paz em 1993, de Klerk morreu ontem, aos 85 anos, vítima de um câncer. (g1)

Entreouvido no Congresso

Orlando Pedroso

PEC

Cultura

Autor de pelo menos 500 canções, explorando os mais diversos gêneros poéticos, o cantor e compositor Gilberto Gil, de 80 anos, foi eleito ontem para a cadeira 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Gil não será o primeiro letrista brilhante da MPB da ABL, fará companhia a Antonio Cicero e Geraldo Carneiro, mas é o primeiro músico e cantor, além de, como negro, aumentar a ainda ínfima diversidade étnica da Casa de Machado de Assis, outro negro, aliás. Tão importante quanto sua obra artística é sua ação política pela Cultura, da qual foi ministro entre 2003 e 2008. (Globo)

Ele nasceu há 200 anos, viveu em um dos países mais frios do mundo e, ao morrer aos 60 anos, já era um gigante da literatura universal. E eis que os brasileiros estão redescobrindo a obra do russo Fiódor Dostoiévski, um dos autores mais buscados no Google por aqui. Para a também russa Elena Vassina, professora das Letras Russas na USP, não chega a ser surpresa, já que, segundo ela, a diferença entre os dois povos não vai além do termômetro. “Nós somos, apesar da distância, muito parecidos. Rússia e Brasil estão conectados por sua imensidão de território e miscigenação de povos”, diz Elena. (CNN Brasil)

Confira os destaques da agenda cultural

Retomando as atividades do Teatro Oficina, o filme-espetáculo Esperando Godot, adaptado do clássico de Samuel Beckett, está em temporada virtual pela plataforma Simpla Play. A produção tem direção de José Celso Martinez Corrêa e Monique Gardenberg.

A Osesp recebe hoje a regente norte-americana Marin Alsop e a pianista venezuelana Gabriela Montero, que interpretam o Concerto nº 1 de Tchaikovsky. Amanhã, o cantor Alceu Valença apresenta o show Valencianas ao lado da Orquestra Ouro Preto.

Na segunda-feira, a atriz e cantora Zezé Motta fala sobre os seus mais de 50 anos de carreira e alguns de seus projetos recentes, como a participação no documentário Prateados – A Vida em Tempos de Madureza, no Roda Viva.

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Viver

Na reta final da COP26, a delegação brasileira mudou de postura e aceitou abrir mão de um dispositivo que permitiria a um país exportar créditos de carbono sem fazer os ajustes correspondentes em suas metas de corte na emissão de gases. A concessão, segundo o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, busca destravar as negociações para regulamentar o mercado de créditos de carbono, um dos principais objetivos da conferência da ONU. (Globo)

Enquanto isso... Leite foi “agraciado” com o prêmio “fóssil do dia” por ter mentido em seu discurso, ao dizer que o Brasil anunciou “metas ainda mais ambiciosas” na COP26. Na verdade, as propostas do governo brasileiro eram um retrocesso em relação aos compromissos assumidos em 2020. (Poder360)

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A despeito do avanço na vacinação, 86% das pessoas ouvidas numa pesquisa da Pfizer têm medo de uma nova onda da covid-19 no Brasil. Por outro, lado 75% se sentem seguros ou muito seguros com a imunização. E ontem a prefeitura de São Paulo reduziu para 21 dias o intervalo entre as doses da Pfizer para adolescentes de 12 a 17 anos.  (UOL)

Veja os números atualizados de vacinação, mortes e casos de covid-19 no Brasil

Morreu ontem em São Paulo, aos 64 anos, a jornalista Cristiana Lôbo, uma das mais respeitadas e queridas repórteres e comentaristas de política do país. Ela conviva há anos com um mieloma, um câncer na medula óssea, e teve a saúde deteriorada por uma pneumonia. Cristiana começou a carreira cobrindo política em Goiás, seu estado natal, antes de se mudar para Brasília. Foi colunista do Globo e do Estadão e migrou para a TV, a GloboNews, em 1997. Como lembram os amigos, ela gostava do dia a dia do Congresso e respirava jornalismo, como deixa claro em seu depoimento ao site Memória Globo: “No dia em que foi editado o Plano Cruzado, eu tinha voltado da minha licença-maternidade. Saí de casa às 7h, voltei às 23h. Cheguei a ter febre. E nesse dia o bebê não mamou.” Amigos, colegas e políticos lamentaram, aliás, lamentamos, a perda de Cristiana. (g1)

Ao contrário do que se especula nas redes sociais, a Fiocruz informou ontem que dois pacientes da Baixada Fluminense estão com suspeita da forma esporádica da Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ), que não é a mesma responsável pelo chamado “mal da vaca louca” e não tem relação com o consumo de carne. (g1)

Cotidiano Digital

Começou ontem a 13ª edição da Campus Party, feira de tecnologia com conteúdo de inovação, empreendedorismo e criatividade, em São Paulo. Depois de uma edição extra 100% digital em 2020 por conta da pandemia, o evento deste ano terá uma programação em formato híbrido, com atrações online e presenciais. A CP deve seguir todos os protocolos sanitários estabelecidos pela prefeitura e governo do Estado de São Paulo, segundo os organizadores. O limite de pessoas é de 3 mil, sendo que mais de 700 pessoas poderão ficar acampadas. (g1)

Entre as atrações da Campus Party 2021, o evento terá o Maker Space, para produção e fabricação de produtos, a Arena de Drones com corridas e batalhas, e o Startup 360º, para capacitação de startups. Além disso, a edição terá campeonato de Free Fire para estudantes, debates e iniciativas para desenvolvimento profissional e mais. (TecMundo)

Pois é… A crise no abastecimento de componentes de tecnologia virou motivo de preocupação para as gigantes do setor. Depois da Apple ter problemas para produzir o iPhone 13, o que impactou até mesmo em seu resultado financeiro este ano, a Sony já avisou que vai reduzir sua previsão de entrega de consoles PlayStation 5. A Nintendo também cortou sua previsão de vendas do Switch. (The Verge)

Por aqui, a falta de semicondutores fez até a Volkswagen suspender a produção de automóveis em uma fábrica do Paraná. (InfoMoney)

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