Campos Neto defende forma de comunicação do BC e mudança de guidance
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu em entrevista ao Estadão a forma como a autarquia se comunica e o direito de mudar a orientação sobre a política monetária, o chamado guidance. Questionado sobre se poderia ter informado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que mudaria a orientação, ele defendeu a autonomia do BC, afirmou que nunca fez isso e que não fará. “Já teve muitas mudanças de guidance — estou aqui há seis anos — e em nenhum momento passou pela minha cabeça ligar para o ministro Paulo Guedes para falar que eu achava que o guidance ia mudar para A, B ou C. É uma prerrogativa do BC, que tem autonomia. Nunca fiz isso no governo anterior e com certeza não planejo fazer neste”, disse. Sobre o ruído pós-decisão do Copom que reduziu o ritmo de corte da Selic, disse que o colegiado está “trabalhando dentro do padrão”. “A informação tem de chegar para todos ao mesmo tempo. Além disso, não existe entre nós nenhum tipo de regra ou arranjo que alguém precise consultar o outro. Cada um tem liberdade de expressão. Vários diretores falaram coisas durante os últimos cinco anos que mexeram com o mercado, e em nenhum momento eu falei: ‘Poxa, falou algo que tinha de ser combinado’. Não temos essa regra no Banco Central do Brasil, nem pretendemos ter.” (Estadão)